A
gestora de projetos da BEĨ Educação, Natalia Alonso, mostra como a reflexão
sobre economia circular pode incentivar comportamentos financeiros mais
sustentáveis
De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos, publicado pela Associação
Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe),
foram gerados cerca de 81,8 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos no
Brasil em 2022. Esse número equivale a uma pilha de 85 milhões de carros
populares que, enfileirados, dariam a volta ao mundo 7,6 vezes.
Apesar de a
quantidade de resíduo produzida em 2022 ter sido menor que a de 2021 – 82,5
milhões de toneladas –, o índice de reciclagem ainda é preocupante. Do total de
resíduos gerados no último ano, somente 4% foram reciclados. Nesse contexto,
assuntos como economia circular precisam estar no radar de debates da
população e a escola tem um papel fundamental nessa conscientização.
O que
é economia circular?
A economia
circular é um modelo econômico que busca minimizar o desperdício de recursos e
reduzir o impacto ambiental. Nesse sistema, os produtos são projetados para
serem duráveis, reparáveis e atualizáveis, de modo que sua vida útil seja
maximizada. Quando um produto chega ao fim de sua vida útil, os materiais que o
compõem são recuperados e reintroduzidos na cadeia produtiva, seja por meio da
reciclagem, da remanufatura (recondicionamento) ou da compostagem. Dessa forma,
os recursos são mantidos em circulação por mais tempo, evitando a extração
excessiva de matérias-primas virgens e reduzindo a quantidade de resíduos
enviados para aterros sanitários ou descartados de forma inadequada.
“Os benefícios
da economia circular são diversos, incluindo a redução da emissão de gases de
efeito estufa, a preservação dos ecossistemas naturais, a criação de empregos
na área de reciclagem e reutilização, a diminuição da dependência de recursos
escassos e a promoção de uma economia mais resiliente e sustentável”, explica Natalia
Alonso, gestora de projetos da BEĨ Educação, especializada em projetos
educacionais para o ensino básico com foco em experiências transformadoras.
Como a
educação financeira pode ser aliada nessa jornada?
Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), temáticas como
“educação financeira” e “educação para o consumo” e devem ser contempladas em
habilidades dos diferentes componentes curriculares. Para isso, o estudo da
economia circular pode ser um importante aliado dos educadores, uma vez que repensar
o consumo é uma lição que compete ao âmbito da educação financeira. Nesse
sentido, as escolas precisam saber como tratar esse tipo de assunto de forma
contextualizada, transversal e interdisciplinar, relacionando-o a práticas
concretas e ao cotidiano dos estudantes.
“Quando aplicada
à economia circular, a educação financeira pode desempenhar um papel importante
ao conscientizar sobre o ciclo de vida dos produtos, a importância da
durabilidade e da qualidade dos produtos adquiridos, bem como a necessidade de
considerar os impactos financeiros e ambientais ao fazer escolhas de consumo”,
explica Alonso.
A reflexão sobre
a economia circular estimula o pensamento crítico dos estudantes, ajudando-os a
compreender os desafios ambientais e financeiros enfrentados pela sociedade
atual. “É necessário que os estudantes questionem o consumo excessivo e
aprendam desde cedo a importância de reduzir, reutilizar, reciclar e reparar
produtos, evitando o desperdício”, explica Natalia. “Ao refletir sobre o
assunto, os estudantes aprendem sobre planejamento financeiro, consumo e
consumismo, o que pode incentivá-los a adotar comportamentos financeiros mais
sustentáveis”, afirma a gestora.
Confira
as cinco dicas que a Natália trouxe para incentivar os jovens a promoverem a
economia circular no dia a dia!
1.
Reduzir o consumo! A primeira
forma, e talvez a mais importante, de promover a economia circular é reduzir o
consumo de produtos descartáveis. Além disso, é importante a conscientização
acerca do consumo versus consumismo, antes de adquirir um novo item,
pergunte-se se realmente precisa dele e se pode optar por uma alternativa mais
durável e sustentável.
2.
Reutilizar e consertar: Itens antigos
ou quebrados podem ser de grande valia! Explore maneiras de reutilizá-los ou
consertá-los. Roupas podem ser customizados, objetos podem ser transformados em
artesanatos, aparelhos eletrônicos podem ganhar upgrade ao invés de serem
substituídos, além de ganhar outras utilidades.
3.
Reciclar de forma correta os materiais:
Em primeiro lugar, é preciso entender quais materiais são recicláveis e quais
não são e isso também pode variar de região para região, de acordo com a coleta
seletiva. Faça a separação dos resíduos, estabelecendo um sistema de coleta
seletiva dentro de casa. Ah, não se esqueça de incentivar a família e os amigos
a fazerem a mesma coisa!
4.
Compartilhar e/ou trocar: Ao
invés de constantemente comprar coisas novas, pense em explorar opções de
compartilhamento e trocas. Organize eventos de troca de livros, brinquedos ou
roupas com amigos e colegas. Isso ajuda a prolongar a vida útil dos itens e
reduzir o desperdício.
5. Cultivar uma horta em casa: Ter uma
horta ou participar de projetos de jardinagem comunitária é uma forma prática
de economia circular. Além de cultivar alimentos frescos, você pode aproveitar
os restos de alimentos para compostagem, transformando-os em adubo natural para
a sua horta. E mais: sem nenhum tipo de agrotóxico!
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