Práticas
humanizadas voltadas ao planejamento familiar, pré-natal e ampliação do acesso
à informação estão entre os principais fatores na redução de casos de óbito
Considerado um dos grandes desafios de saúde
pública pelas organizações mundiais, o combate à mortalidade materna está
entre os principais compromissos assumidos pelo Hospital da Mulher Mariska
Ribeiro, referência em saúde da mulher, localizado em Bangu, na zona oeste do
Rio de Janeiro.
A instituição, gerenciada pelo CEJAM - Centro de
Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria Municipal de
Saúde do Rio de Janeiro, realiza uma série de práticas no atendimento às
gestantes envolvendo as etapas de planejamento familiar, cuidado pré- natal e
acesso à informação, que estão entre os fatores mais importantes na redução de
óbitos destas pacientes.
De acordo com a pediatra e neonatologista Brunna
Grazziotti Milanesi, gerente médica da unidade, essas ações e protocolos
estabelecidos pela instituição estão alinhados aos objetivos definidos pelo
Ministério da Saúde, que instituiu a data de 28 de maio como o Dia Nacional de
Combate à Mortalidade Materna para reforçar a atenção e unir esforços dos
setores da saúde e população em geral sobre o tema.
Vale destacar que, segundo os mais recentes dados
preliminares do Ministério da Saúde, mapeados pelo Observatório Obstétrico
Brasileiro, os casos de óbitos em gestantes registrados em 2021 tiveram aumento
de 77% em relação a 2019, ano anterior à pandemia, com RMM (Razão de
Mortalidade Materna) de quase 110 mortes a cada 100 mil nascidos vivos.
Diante deste cenário, o Brasil assumiu a meta,
junto às Nações Unidas, de reduzir a RMM para 30 mortes a cada 100 mil nascidos
vivos até 2030.
Segundo a especialista, essa meta ainda não é a
ideal, mas pode ser o começo para uma mudança importante no cenário brasileiro.
“Mudar essa realidade requer um trabalho conjunto e contínuo de toda a
sociedade”, salienta.
O combate à mortalidade
materna no Hospital da Mulher Mariska Ribeiro
Brunna destaca que, no Mariska
Ribeiro, são realizadas, mensalmente, cerca de 640 consultas de pré-natal
de alto risco, de pacientes referenciadas pela Atenção Primária com maior risco
gestacional (para a gestante e para o bebê).
“Entre os principais motivos de encaminhamento para
o alto risco estratégico da unidade estão os casos de gemelaridade, pacientes
com comorbidades como diabetes, hipertensão, obesidade e pacientes com
diagnóstico de doença hemolítica e doenças infectocontagiosas”, explica a
médica.
A profissional frisa que também foram implementados
protocolos assistenciais como de hemorragia pós-parto e sepse visando melhor
qualidade assistencial e redução dos riscos.
Ela reforça a importância de contar com uma equipe
multidisciplinar especializada, incluindo obstetra, enfermeiro obstetra,
psicóloga, serviço social, endocrinologista e clínica médica para o atendimento
dessas pacientes.
“Aqui na unidade a equipe do serviço social e psicologia
possui um olhar atento para os casos de maior vulnerabilidade, realizando a
busca ativa para atendimento em casos de alta à revelia, violência sexual e
abortamentos, além de ficarem à disposição para possíveis demandas durante a
internação da paciente”, cita. Segundo ela, esse cuidado humanizado e
individualizado pode ser crucial na identificação e eliminação de riscos
durante a gestação.
A especialista do CEJAM ainda conta que, para
garantir o acesso à informação, todas as gestantes e sua rede de apoio podem
realizar uma visita pelo hospital, guiada por um Enfermeiro Obstetra – Programa
Cegonha Carioca / Visita Cegonha.
Também são oferecidas reuniões mensais pela equipe
multidisciplinar que englobam assuntos como Aleitamento Materno, segurança no
parto, direito da mulher e cuidados relacionados à mulher e ao bebê.
“Com o esforço contínuo de todas as equipes, nos
últimos 12 meses, não registramos nenhum caso de óbito materno na unidade”,
comemora Brunna.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
cejam.org.br/noticias
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