Certamente, você já deve ter escutado essa expressão: “o amor é cego”. Saiba que é a mais pura verdade segundo explicações da Neurociência. E, nada melhor, do que entender o que passa pela cabeça dos apaixonados diante da proximidade do dia 12 de junho.
O córtex frontal, parte cerebral responsável pelo
julgamento e lógica, tem uma diminuição da ativação quando estamos apaixonados
ocorrendo uma “suspensão no julgamento ou relaxamento dos critérios de
julgamento pelos quais julgamos outras pessoas”. Ou seja, a sabedoria sempre
esteve certa.
Além dessa interessante descoberta, a neurociência
traz outras. Por exemplo, que o estar apaixonado é quase o mesmo que estar
viciado em drogas ou álcool. Em 2005, a antropóloga biológica Helen Fisher
realizou um experimento com 2.500 estudantes universitários por meio de
ressonância magnética funcional. O experimento provou que, quando os
participantes olhavam fotos de seus amores, as áreas cerebrais ricas em
dopamina - o neurotransmissor do bem-estar - eram ativadas.
Isso significa que estar apaixonado libera altos
níveis de dopamina, a qual é responsável por ativar o sistema de recompensa, o
que torna o amor uma experiência prazerosa semelhante à quando as pessoas usam
álcool. Por outro lado, os níveis do hormônio do estresse - cortisol - aumentam
durante a fase inicial do amor para ajudar nosso corpo a lidar com a “crise” em
questão. Resumidamente, segundo a neurociência, a paixão é viciante e
estressante.
Ainda, outras substâncias também fazem parte desse
processo inicial do amor, como a ocitocina que faz com que os casais se sintam
mais próximos e a vasopressina ligada ao comportamento que produz
relacionamentos monogâmicos de longo prazo.
Outra crendice popular, de que o amor está no
coração, também tem certo sentido. O coração produz o hormônio ANF, que tem
como um de seus efeitos inibir a produção do hormônio do estresse e produzir e
liberar a oxitocina, hormônio produzido no cérebro. Ou seja, a ciência moderna
nos dizia que todos os sentimentos residem no cérebro, mas, com essas
descobertas, voltaremos à velha e romântica ideia de que o amor também está no coração....
Outras pesquisas descobriram, com experimentos
realizados com ratazanas, que o volume dos receptores de oxitocina e
vasopressina são a principal diferença entre as ratazanas serem monogâmicas ou
não. Eles compararam duas espécies – uma que é monogâmica e outra não – e ao
bloquear na espécie monogâmica a vasopressina, ela apresentava um comportamento
promíscuo.
Interessante que a neurociência também mostrou que,
se o amor dura, depois de aproximadamente dois anos, essa montanha-russa de
emoções e até aquela angústia tradicional, se acalma. Enfim, a paixão ainda
está lá, mas o estresse se foi. Ou seja, o amor, que começou como algo
estressante (pelo menos para nossos cérebros e corpos), se torna então um
amortecedor contra o estresse!
Porém, isso não significa que a centelha do romance
é extinta para casais de longa data. Tanto é que um estudo realizado na Stony
Brook University, no estado de Nova York, descobriu que é possível estar
perdidamente apaixonado por alguém mesmo depois de décadas de casamento.
Pesquisadores da instituição fizeram exames de ressonância magnética em casais
que estavam casados há anos. Foram encontrados, em casais com mais de 20 anos
de relacionamento, a mesma intensidade de atividade em áreas do cérebro ricas
em dopamina encontradas nos cérebros de casais que se apaixonaram recentemente.
O estudo sugeriu que a emoção do romance pode permanecer enquanto aquele estado
de tensão inicial é perdido.
Portanto, não duvide quando alguém falar que após
10 a 30 anos de casamento, ainda estão perdidamente apaixonadas por seus
parceiros!
Mas se não é seu caso, não precisa se desesperar: Para aqueles cujo casamento de longo prazo passou de um amor apaixonado e romântico para um tipo de amor mais compassivo e rotineiro, saiba que é possível reacender a chama. Muitas vezes, por conta do trabalho, filhos, doença, a atividade sexual diminui, mas se ela for retomada, pode aumentar os níveis de oxitocina e ativar o circuito de recompensa do cérebro, fazendo com que os casais se desejem mais.
Shirlei Camargo - mestre e
doutora em Marketing pela UFPR, com formação em Design e especialização na FAE
Business School. Também é mestranda em Neuromarketing na Escuela Superior de
Comunicación y Marketing (ESCO), na Espanha.
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