Biofilia e infraestrutura verde: corredores
verdes e azuis, descanalização de rios, telhados verdes e jardins de chuvas são
algumas delas. Profissionais de arquitetura devem estar preparados para
implantar essas tecnologias
Nos
meses de verão é comum a ocorrência de dias muito quentes seguidos de chuvas
intensas, com níveis pluviométricos altíssimos. Com isso, não é difícil
verificar alagamentos e inundações nas grandes cidades. Mas há algumas soluções
arquitetônicas e urbanas que podem auxiliar na melhoria da qualidade de vida
das pessoas, com intervenções na infraestrutura e no suporte nessas situações.
Com
essa nova realidade se consolidando pelo mundo, os novos profissionais devem
estar preparados para suprir essas demandas. Conhecer sobre as ferramentas e
tecnologias mais inovadoras e sustentáveis, como a infraestrutura verde e as
soluções baseadas na natureza, é primordial. “O arquiteto é o grande maestro
dentro de uma cidade, é ele que coordena o planejamento urbano. O Architecture
Experience Program (AEP), o curso de Arquitetura e Urbanismo integral da FAE
Centro Universitário, prepara para a inovação e a sustentabilidade. Nele, os
alunos pensam as cidades a partir desses conceitos, de forma prática e real.
“Os profissionais que tenham essa capacidade técnica, seja para a escala da
cidade, seja para a escala da edificação, vão conseguir se preparar para essa
grande revolução urbana que vivemos e serão agentes de transformação”, afirma a
coordenadora do AEP, Adriane Savi.
Uma
dessas ideias inovadoras é o conceito das cidades biofílicas, ou seja, “pensar”
a cidade a partir de soluções baseadas na natureza. Como explica Adriane, a
infraestrutura verde contribui para uma cidade mais sustentável e saudável, e
essas soluções podem trazer algo tão importante quanto a sustentabilidade: a
segurança dos seus moradores em várias esferas da vida.
Outra
alternativa é a criação de corredores verdes e azuis. Os verdes conectam as
áreas verdes da cidade, por meio de paisagismo, ampliando a região permeável.
“O que gera benefícios, tanto para a fauna, que consegue circular melhor nesses
caminhos, quanto pela absorção da água da chuva. Além disso, há a melhora do
microclima local, pois com o corredor verde você passa a ter mais áreas permeáveis
e o processo de evapotranspiração acaba mexendo no ciclo hídrico, auxiliando na
retenção de boa parte dessa água, além, claro, de criar parques lineares para a
população”, explica a professora.
Já
os corredores azuis estão relacionados à descanalização dos rios e
revitalização dessas áreas. “Quando os rios são criados, temos um nível de
permeabilidade do solo diferente; com o crescimento das cidades e dos centros
urbanos, há uma mudança nesses níveis, passamos a ter prejuízos nas absorções
de água e as galerias de água pluvial ficam saturadas”, explica.
Em
Curitiba, Adriane esclarece que a descanalização do rio Belém, por exemplo, com
a criação de uma área permeável, poderia representar um grande passo para a
solução desses alagamentos. Segundo a professora, não se trata de uma obra
simples e barata, mas representaria algo grandioso em termos de solução
biofílica. “Sem falar que entregaria para a cidade um parque linear em uma
região muito adensada”, completa ela. Em Curitiba também não se pode deixar de
mencionar as áreas de parques, especialmente o Parque Barigui, que tem a função
de contenção de cheias. No entanto, não é suficiente em uma cidade que cresce a
olhos vistos. “Precisamos pensar em mais áreas de amortecimento nesse sentido,
levando em conta a topografia e geografia desses terrenos para fazer algumas
inserções que de fato atendam às demandas atuais das cidades”.
Mais
um caminho possível é a aplicação de soluções de infraestrutura verde, que
utiliza elementos da natureza para resolver questões de infraestrutura. Um
exemplo é a criação de jardins de chuva, que têm a função de reter essa água e
tornar a infiltração mais lenta ‒ uma solução mais simples. A professora faz um
alerta: “Precisamos renaturalizar as nossas cidades para de fato pensar em
cidades mais resilientes com relação às questões climáticas. Se não fizermos
isso, traremos soluções paliativas, ou seja, faço engordamento do meu sistema
de água pluvial e daqui a pouco ele passa a não dar conta”.
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