Especialistas explicam quais são os sintomas e a importância do diagnóstico correto para que crianças e adultos portadores do transtorno tenham mais qualidade de vida
Nas últimas semanas, o termo TDAH ganhou espaço nas redes sociais e muitas pessoas passaram a conhecer o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), uma condição neurológica que causa três sintomas principais: falta de atenção, hiperatividade e impulsividade. Mas, com base nesses indícios, os internautas começaram a se autodiagnosticar com o transtorno.
A neurologista do Instituto de Neurologia de Goiânia, Louise Lobo, explica que, para ser de fato TDAH, esses sintomas devem ser intensos o suficiente ao ponto de prejudicar o desempenho escolar ou profissional do paciente. Ela explica que o diagnóstico deve ser feito por profissionais, pois são múltiplos sintomas, frequência, intensidade e impactos importantes na vida de um indivíduo.
“O diagnóstico é feito através da consulta com
neurologista, psiquiatra ou pediatra. O médico irá excluir outras condições que
podem se confundir com TDAH. É prudente que haja uma avaliação neuropsicológica
também. Para fazer o diagnóstico de TDAH de maneira correta, é necessário
realizar uma avaliação criteriosa em diferentes aspectos da vida do paciente”,
diz Louise.
Ainda de acordo com Louise, os sintomas se iniciam na infância, por isso é mais
comum ser diagnosticado nessa faixa etária, a partir dos 6 anos, mas podem ser
diagnosticados na adolescência e até mesmo na vida adulta. Um TDAH leve pode
passar despercebido por toda a infância e ser notado apenas na vida adulta. A
neurologista conta como é feito o tratamento e quais podem ser os
desafios.
“Os prejuízos podem ir desde a vida no trabalho até a social: dificuldade de
cumprir tarefas monótonas, dificuldade de organização e baixa autoestima. O
tratamento necessita da combinação entre medicação e terapia cognitivo
comportamental. Algumas crianças precisam de suporte de professor de reforço
escolar. Não existe cura, mas existe uma tendência a melhorar ao longo dos anos
e na fase adulta”, completa a especialista.
Como lidar com a doença
O também neurologista do Instituto, Hélio van der Linden, reforça a importância de um diagnóstico sério, descartando a possibilidade de outras doenças. Segundo o neurologista, muitos adultos passaram a vida sendo rotulados de preguiçosos, lentos, quando na verdade viveram boa parte da vida com o transtorno.
“É Importante salientar que é fundamental descartar problemas como déficit visual, auditivo, doenças como anemia, hipotireoidismo, dentre outros. Além disso deve ser avaliada a saúde do sono, pois muitas pessoas que têm distúrbios do sono e não dormem bem a noite, podem demonstrar sinais que simulam o TDAH, mas que são decorrentes de uma privação de sono e consequentemente um comprometimento do rendimento diurno”, conta o especialista.
Dr. Hélio relata também que, crianças com problemas
escolares podem necessitar de acompanhamento psicopedagógico de apoio ou
intervenção com profissionais da psicologia e/ou fonoaudiologia, dependendo da
necessidade individual de cada caso. Segundo ele, a orientação familiar e da
escola são fundamentais. Além do apoio, alguns medicamentos podem ser
utilizados, como conta o especialista.
“As principais medicações usadas são os
psicoestimulantes, que estimulam a atenção e reduzem a hiperatividade e
impulsividade. Crianças que iniciam cedo o tratamento podem até parar a
medicação com o tempo, dependendo da resposta clínica e da evolução”, conclui o
neurologista.
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