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quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Registros de lesão corporal contra mulheres aumentam em dias de jogos do Campeonato Brasileiro e a tendência deve se repetir durante a Copa do Mundo

Cinco capitais brasileiras, analisadas em estudo encomendado pelo Instituto Avon, apresentam crescimento no número de boletins de ocorrência de ameaça

 

Em dias que os principais times de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre jogam em suas próprias cidades, o aumento de registros de lesão corporal contra as brasileiras é superior a 25%, de acordo com o levantamento “Violência Contra Mulheres e o Futebol”, pesquisa do Instituto Avon com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Porém essa não é uma realidade exclusiva do Brasil. Segundo uma análise realizada por acadêmicos da Universidade de Lancaster na Inglaterra, entre 2012 e 2013, em dias de jogos da seleção masculina do país observou-se o aumento de 26% das situações de violência doméstica quando o time vence ou empata uma partida e 38% quando há uma derrota, de acordo com dados da polícia local. O início da Copa do Mundo deve acentuar no Brasil tendências observadas durante o Campeonato Brasileiro, série A, entre os anos de 2015 e 2018. 

“A violência contra meninas e mulheres é uma realidade mundial, que em dias de partidas de futebol no Brasil e no exterior é acentuada por comportamentos, emoções e valores masculinos que se traduzem em violência. Durante a Copa do Mundo, quando todas as atenções estiverem voltadas para os astros da bola, precisamos nos lembrar que brasileiras estarão expostas a situações de perigo dentro de suas próprias casas, enquanto jornalistas, torcedoras, arbitras e assistentes poderão ser alvos de agressões físicas e morais dentro dos estádios”, afirma Beatriz Accioly, coordenadora de pesquisa e impacto do Instituto Avon. 

A pesquisa do Instituto Avon constatou também que os registros de ameaça contra pessoas do sexo feminino aumentam mais de 23% quando times das cinco capitais analisadas jogam. Em São Paulo, por exemplo, o levantamento revelou que mulheres entre 30 a 49 são maioria neste tipo de boletim de ocorrência (49,7%) em dias de jogos, enquanto nos casos de agressões as ocorrências foram mais frequentes entre as de 18 a 29 anos (36,3%). Já em Salvador, mulheres negras são maioria entre as que sofreram ameaça (81,8%) ou agressão física (85%). No Rio de Janeiro, 49,6% das cariocas que buscaram as delegacias de polícia ao se sentirem ameaçadas se autodeclaram como brancas, enquanto 48,7% são negras. 

“A análise de dados estatísticos durante jogos do Campeonato Brasileiro revela uma forte tendência também para a Copa do Mundo, diante da paixão que o esporte desperta nos brasileiros. Por isso, é importante que a sociedade esteja atenta a qualquer sinal de violência contra meninas e mulheres principalmente entre as cidadãs em situação de vulnerabilidade social, para que órgãos de segurança, bem como redes de apoio, sejam acionadas em proteção a essas pessoas”, explica Beatriz Accioly.

 

Instituto Avon

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