Cinco capitais brasileiras, analisadas em estudo encomendado pelo Instituto Avon, apresentam crescimento no número de boletins de ocorrência de ameaça
Em dias que os
principais times de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte e Porto
Alegre jogam em suas próprias cidades, o aumento de registros de lesão corporal
contra as brasileiras é superior a 25%, de acordo com o levantamento “Violência
Contra Mulheres e o Futebol”, pesquisa do Instituto Avon com o Fórum Brasileiro
de Segurança Pública. Porém essa não é uma realidade exclusiva do Brasil.
Segundo uma análise realizada por acadêmicos da Universidade de Lancaster na
Inglaterra, entre 2012 e 2013, em dias de jogos da seleção masculina do país
observou-se o aumento de 26% das situações de violência doméstica quando o time
vence ou empata uma partida e 38% quando há uma derrota, de acordo com dados da
polícia local. O início da Copa do Mundo deve acentuar no Brasil tendências
observadas durante o Campeonato Brasileiro, série A, entre os anos de 2015 e
2018.
“A violência contra meninas e mulheres é uma realidade mundial,
que em dias de partidas de futebol no Brasil e no exterior é acentuada por
comportamentos, emoções e valores masculinos que se traduzem em violência.
Durante a Copa do Mundo, quando todas as atenções estiverem voltadas para os
astros da bola, precisamos nos lembrar que brasileiras estarão expostas a
situações de perigo dentro de suas próprias casas, enquanto jornalistas,
torcedoras, arbitras e assistentes poderão ser alvos de agressões físicas e
morais dentro dos estádios”, afirma Beatriz Accioly, coordenadora de pesquisa e
impacto do Instituto Avon.
A
pesquisa do Instituto Avon constatou também que os registros de ameaça contra
pessoas do sexo feminino aumentam mais de 23% quando times das cinco capitais
analisadas jogam. Em São Paulo, por exemplo, o levantamento revelou que
mulheres entre 30 a 49 são maioria neste tipo de boletim de ocorrência (49,7%)
em dias de jogos, enquanto nos casos de agressões as ocorrências foram mais
frequentes entre as de 18 a 29 anos (36,3%). Já em Salvador, mulheres negras
são maioria entre as que sofreram ameaça (81,8%) ou agressão física (85%). No
Rio de Janeiro, 49,6% das cariocas que buscaram as delegacias de polícia ao se
sentirem ameaçadas se autodeclaram como brancas, enquanto 48,7% são negras.
“A
análise de dados estatísticos durante jogos do Campeonato Brasileiro revela uma
forte tendência também para a Copa do Mundo, diante da paixão que o esporte
desperta nos brasileiros. Por isso, é importante que a sociedade esteja atenta
a qualquer sinal de violência contra meninas e mulheres principalmente entre as
cidadãs em situação de vulnerabilidade social, para que órgãos de segurança,
bem como redes de apoio, sejam acionadas em proteção a essas pessoas”, explica
Beatriz Accioly.
Instituto Avon
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