Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA),
estimam-se 65.840 novos casos de câncer de próstata por ano, correspondendo a
29,2% dos tumores incidentes no sexo masculino. O número de mortes anuais
impressiona: 15.841. No Brasil, é o segundo mais comum entre os homens, atrás
apenas do câncer de pele não melanoma. A patologia é considerada uma doença da
melhor idade, já que cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65
anos e as chances de cura chegam a 90%, desde que o diagnóstico seja realizado
no estágio inicial.
Em novembro, o Ministério da Saúde celebra o “Novembro
Azul” e anunciou a campanha “Linha Azul”, que é uma ação de cuidados dedicada à
saúde do homem para sensibilizá-lo a respeito da importância sobre os cuidados
com a própria saúde e o diagnóstico precoce. Dados do estudo “Attitudes and
adherence to changes in nutrition and physical activity following surgery for
prostate cancer: a qualitative study”, de Luke Robles, revelam que
sobreviventes de câncer de próstata valorizam a importância de fatores
ambientais, como estresse e poluição, e minimizam fatores comportamentais, como
excesso de peso e sedentarismo. Esses resultados confirmam algumas crenças
populares de que estilo de vida não afeta a prevenção e o desenvolvimento de
patologias. “Isso é completamente equivocado, tendo em vista que uma alimentação
saudável e a prática de exercícios físicos influenciam diretamente na saúde do
homem”, alerta a nutricionista e consultora da Jasmine Alimentos, Adriana
Zanardo.
Cabe destacar que os fatores de risco não
modificáveis do câncer de próstata são: aumento da idade, etnia e histórico
familiar. Dentre os fatores modificáveis, encontram-se alimentação e prática de
atividade física. Ainda de acordo com os dados científicos, a atividade física,
seja moderada ou vigorosa, reduz o risco de mortalidade por câncer de próstata
e a recorrência da doença. “Indicamos 90 minutos de exercício físico moderado
por semana. A prática está relacionada à redução de 61% na mortalidade em
comparação com menos de 60 minutos”, explica a nutricionista. Para efeito
preventivo, recomenda-se a prática de, pelo menos, 30 minutos de atividade
física moderada a vigorosa.
Crucíferos, licopeno e
vegetais: nomes difíceis e necessários
Apesar de anatomicamente semelhantes, homens e
mulheres têm características e necessidades diferentes. Segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os homens vivem 7,1 anos a menos
do que as mulheres, com taxa de mortalidade maior em praticamente todas as
faixas etárias. Por isso, a prevenção é a palavra de ordem quando abordamos a
saúde masculina. “As necessidades de cada pessoa ao nível da nutrição dependem
do gênero, da idade, do estilo de vida e até de algumas complicações ou
particularidades. Mas podemos destacar alguns alimentos globais que podem
auxiliar no fortalecimento da saúde masculina”, explica Adriana.
A maior ingestão de alimentos do grupo crucífero,
como repolho, couve-flor e couve estão relacionados com redução de incidência e
progressão do câncer de próstata, segundo o mesmo estudo de Robles. Já o
licopeno é um carotenóide presente em frutas e hortaliças de cores vivas, que
também tem sido associado à diminuição do risco de evolução da doença após o
diagnóstico. “A literatura também recomenda que a alimentação diária tenha
vegetais; grãos integrais, como aveia, quinoa, amaranto, arroz integral;
sementes, como linhaça, chia, gergelim; feijões e frutas in natura
e desidratadas”, complementa.
Impactos negativos de
determinados alimentos não escolhem gênero
Segundo dados da literatura científica, o consumo
excessivo de laticínios pode estar relacionado ao aumento do risco de câncer de
próstata. As carnes processadas, como presunto, peito de peru, salsicha,
linguiça, bacon e derivados estão repletas de gorduras maléficas para a saúde,
sódio, nitratos e conservantes. A união desses ingredientes pode levar ao
desenvolvimento de doenças de diferentes graus. O excesso de gordura corporal
também pode aumentar o risco de câncer de próstata avançado.
Infelizmente, a crença de que homens são mais
negligentes nos cuidados relacionados à saúde é sustentada por pesquisas. A
Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) revelou que, durante a pandemia, 55% dos
entrevistados acima de 40 anos deixaram de fazer alguma consulta ou tratamento
médico. E, pelo menos, 81% dos entrevistados têm a impressão de que as pessoas
estão indo menos ao médico ou fazendo menos tratamentos.
Mesmo com as orientações acima, é importante
destacar que não existe alimento que seja totalmente bom ou ruim por si só.
“Caso você tenha ou desconfie ter um problema de próstata, é de suma
importância realizar o acompanhamento médico para iniciar os cuidados o mais
rápido possível. A evolução de métodos dos exames e melhoria na qualidade dos
sistemas de informação auxiliam nessa questão”, esclarece a
nutricionista.
Jasmine Alimentos
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