De acordo com
especialistas, o preconceito pode ser a maior causa de abstenção de consultas Freepik
Um levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia
(SBU) com dados do Sistema de Informação Ambulatorial do Ministério da Saúde
revelou que em 2022 foram registrados 200 mil atendimentos masculinos pelos
urologistas, seis vezes menos do que os atendimentos a mulheres por
ginecologistas. A campanha do Novembro Azul
busca alertar a população sobre o câncer de próstata e conscientizar os homens
sobre a necessidade do cuidado periódico com a saúde.
O tipo da doença é o mais comum entre os homens, respondendo por
29% dos diagnósticos dos cânceres no país, segundo dados do Instituto Nacional
do Câncer (Inca). Um dos motivos para a alta nos números é justamente a falta
de acompanhamento médico e realização de exames de rotina. A doença é a causa
de morte de 28,6% dos homens.
O médico urologista do Hospital Anchieta de Brasília Rafael Buta,
explica que muitos homens não procuram o acompanhamento médico por acreditar
que, ao consultar um urologista, estará colocando em xeque sua masculinidade.
De acordo com o especialista, esse preconceito é reforçado por piadas e
brincadeiras quando chega a idade de iniciarem-se as consultas para
rastreamento do câncer de próstata e esse é um dos motivos da importância da
mobilização.
“Um dos objetivos da campanha é tentar desconstruir o
preconceito dos pacientes em relação à consulta com o urologista. Ela visa
alertar a população para a importância do câncer de próstata para a saúde do
homem. A neoplasia da próstata é uma doença de alta prevalência (é o câncer que
mais acomete o homem, excetuando-se o câncer de pele) e gera grande impacto
negativo na qualidade de vida dos pacientes por ela acometidos”, conta Buta.
Rafael explica que o diagnóstico precoce é essencial para aumentar
as chances de cura do paciente. O urologista detalha que quando o diagnóstico é
feito nas fases iniciais da doença, é possível curar até 90% dos pacientes. Já
diagnosticado nos estágios mais avançados, quando já se disseminou para outros
locais além da próstata, as chances de cura giram em torno de 10%.
Diagnóstico
De acordo com Buta, o exame físico da próstata é feito por meio do
exame digital retal. “A próstata é uma glândula que se localiza em uma área de
difícil acesso, no interior da pelve masculina. A única forma de o médico
examinar essa glândula é realizando a palpação com o dedo, através do canal
anal. É sabido que em até 10% dos casos de câncer de próstata há alteração no
exame físico, porém sem alteração no exame de sangue (PSA). Por isso a
importância do exame físico”.
O médico acrescenta ainda que “alterações no exame físico (toque
retal) e no exame de sangue (PSA) não são certeza do diagnóstico de câncer, mas
são um indício de que exista alguma doença acometendo a próstata, como a
hiperplasia prostática e a prostatite. O diagnóstico de certeza é realizado por
meio da biópsia prostática. Durante esse exame são retirados pequenos
fragmentos da próstata, que são enviados ao patologista, para assim confirmar
ou descartar o diagnóstico. A biópsia prostática é realizada com auxílio de
ultrassonografia, sob anestesia (sedação)”.
Saúde do homem como um todo
O especialista destaca ainda que, por conta da campanha Novembro
Azul, a consulta com o urologista muitas vezes é a porta de entrada do paciente
masculino no serviço de saúde. Segundo ele, o médico urologista exerce também o
papel de médico do homem, devendo estar atento não só ao câncer de próstata.
“Nós,
médicos, precisamos estar observando outras alterações que são muito
prevalentes na população de meia idade: hipertensão arterial, diabetes
mellitus, dislipidemia, entre outras. Assim, conseguimos dar atenção global à
saúde do homem e encaminhá-lo para outros especialistas a fim de identificar,
acompanhar e tratar doenças que porventura venham a ocorrer”, diz Rafael.
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