Seria uma utopia pensarmos em um mercado de trabalho verdadeiramente igualitário entre homens e mulheres? Não há como negar as grandes conquistas que as profissionais estão atingindo em segmentos variados, elevando sua representatividade e mostrando sua competência e talento para desempenhar suas funções. Mas, ainda assim estamos presenciando uma redução da contratação feminina em diversas áreas, em um cenário preocupante que precisa ser combatido imediatamente, por meio de ações que conscientizem esta importância e garantam, cada vez mais, a maior participação feminina nas empresas de todos os portes e segmentos.
Existem muitos fatores históricos e culturais que,
tristemente, impactam a presença destas profissionais nas organizações. Há
algumas décadas, como exemplo, era impensável cogitar uma mulher trabalhando em
qualquer empresa, uma vez que seus papéis eram predominantemente associados aos
serviços de casa e no cuidado com os filhos.
Conforme os papéis da sociedade foram se
redesenhando e ganhando maior consciência, essa se tornou uma realidade
completamente ultrapassada, tendo até mesmo impulsionado o surgimento de
diversos movimentos a favor deste empoderamento e a luta para retirada desse
pré-conceito relacionado ao papel feminino no mercado.
Hoje, há um maior reconhecimento evidente da
importância em garantir essa igualdade – mas, o fim completo desta diferença
pode ainda estar um pouco distante. Em um estudo divulgado pela consultoria
Bain Company, as mulheres ainda representam menos de 40% da força de trabalho
global, cuja quantidade está diminuindo em países de crescimento mais rápido e
de baixa renda. Em cargos de liderança, essa porcentagem é ainda mais
preocupante, onde para cada 100 homens promovidos de uma vaga mais júnior a de
gerente, apenas 87 mulheres conseguem o mesmo feito, de acordo com o relatório Women in
the Workplace 2022, feito pela McKinsey & Company.
Em momentos de crise como o que vivenciamos com a
pandemia, essa pode se tornar uma luta ainda maior. Segundo um estudo publicado
no Catalyst, as profissionais possuem 24% mais chances de serem demitidas do
que os homens durante esses períodos, justificadas pelos empregadores em um
pensamento antiquado sobre a responsabilidade feminina de cuidarem de seus
filhos. Reverter esse estigma pode parecer complexo e desanimador – mas, é
preciso reforçar a importantes iniciativas já tomadas com este objetivo e
utilizá-las como incentivo para trazer, cada vez mais, as mulheres para o
mercado em cargos que não se limitem aos mais inferiores.
Dependendo da região do país, podemos notar uma
agenda mais positiva referente a esse tema, assim como um avanço maior em
determinadas áreas de atuação. Enquanto em segmentos como os de recursos
humanos, comercial e direito, a inserção feminina se mostra maior, outros mais
técnicos como engenharia ou construção civil, muito ainda precisa ser adaptado
nesta inserção. Diante desta discrepância, um primeiro passo importante de ser
tomado nesta direção é, justamente, mobilizar o protagonismo feminino por meio
do reforço deste movimento – em conjunto, principalmente, com diversas medidas
internas que auxiliem este recrutamento.
Quanto mais políticas de inclusão foram criadas e
colocadas em prática, maior será a atração e retenção destes talentos. Afinal,
na mesma pesquisa realizada pela Bain Company, menos de 30% das mulheres e dos
homens se sentem totalmente incluídos nas empresas – insatisfação que impacta
diretamente no crescimento de demissões.
Em vista do grave cenário econômico enfrentando nos
últimos anos, um programa de apoio ao retorno destas profissionais é
completamente bem-vindo nesta causa. Além de auxiliar nesta inclusão feminina,
certamente trará uma imagem positiva para a marca no mercado – elevando seu
potencial de atração perante excelentes talentos e contribuindo para mitigarmos
esse desequilíbrio entre homens e mulheres nas empresas.
Ricardo
Haag - sócio da Wide, consultoria boutique de
recrutamento e seleção.
Wide
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