Hospital Paulista
alerta para os principais distúrbios na terceira idade
Os distúrbios do sono estão entre os problemas mais
comuns em idosos, estando a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) em
primeiro lugar. De acordo com o Episono - Estudo Epidemiológico do Sono de São
Paulo, cerca de 60,2% dos idosos entre 60 e 69 anos apresentam a doença, com
números que aumentam para 86,9% entre idosos na faixa de 70 e 80 anos.
Dr. Lucas Vaz Padial, otorrinolaringologista com
atuação em Medicina do Sono no Hospital Paulista, explica que o fato ocorre
porque a idade está entre os fatores de risco à apneia do sono, bem como para
distúrbios menos prevalentes, mas que também apresentam relevância
epidemiológica em idades mais avançadas.
“Entre eles podemos citar os distúrbios de
movimento do sono, como a Síndrome das Pernas Inquietas, e os comportamentais
REM, que podem coexistir ou preceder o diagnóstico de doenças
neurodegenerativas, entre elas o Parkinson”, afirma.
Conforme o especialista, tanto os parâmetros como a
arquitetura do sono sofrem alterações de acordo com a faixa etária. Dessa
forma, a própria fisiologia do sono é afetada pelo envelhecimento. “Idosos
costumam ter um tempo de sono menor, além de, em média, irem dormir mais cedo.
Somado a isso, comorbidades clínicas e psiquiátricas, uso de substâncias e os
próprios distúrbios do sono podem mediar negativamente esta fisiologia”,
ressalta.
Segundo o médico, prováveis processos
neurodegenerativos do próprio envelhecimento podem alterar os núcleos
cerebrais, gerando maior dificuldade em manter um sono prolongado, contínuo e
reparador. Somados às alterações circadianas da idade, entre elas a variação da
temperatura corporal e os níveis de melatonina no sangue, a sensação é
intensificada.
Para a apneia do sono, o principal mecanismo que
justifica a alta prevalência é o aumento da chance de colapsar a faringe –
fechá-la enquanto dorme –, seja por fraqueza muscular ou pelo aumento de
gordura na região do pescoço e da língua.
Identificando distúrbios do sono em
idosos
Para identificar possíveis distúrbios do sono em
idosos, é importante que as pessoas estejam atentas aos sintomas que começam a
surgir precocemente. Entre os mais relevantes estão a sonolência excessiva
durante o dia, necessitando de cochilos frequentes e/ou prolongados no decorrer
da tarde.
“Despertar, muitas vezes, durante a noite, seja
para beber água ou ir ao banheiro, também pode ser um sinal de alerta”, orienta
o médico.
Segundo Dr. Lucas, por conta desta fragmentação, é
comum a sensação de sono insuficiente e não reparador, compensado pelos
cochilos excessivos durante o dia. "Isso diminui a ‘pressão de sono’ e o
idoso novamente fica sem sono durante a noite, repetindo o processo
sucessivamente.”
Em alguns casos, a sonolência pode não chamar a
atenção, mas é importante ficar atento a sinais como alterações de memória e
atenção recentes; transtornos de humor; aumento da frequência de idas ao
banheiro, fazendo, muitas vezes, com que o idoso urine na cama; e sensações
desagradáveis nas pernas, com necessidade de movimentá-las, bem como movimentos
físicos bruscos e agressivos durante algum sonho.
Prevenção
O médico destaca que a prática de atividade física
regular, de preferência diária, é a principal intervenção não farmacológica que
leva a uma melhor percepção de sono em qualquer idoso e distúrbio.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a
prática de, ao menos, 150 minutos de atividade física moderada por semana, como
caminhadas.
“Idosos que aderiram à recomendação apresentaram
menores probabilidades de desenvolver os sintomas de insônia”, reitera o especialista.
No entanto, ele alerta à carência de atividade mental de estímulos da percepção
cognitiva, como leituras, que pode impactar negativamente a qualidade do sono.
“A própria superproteção de familiares e cuidadores
gera um estado persistente de restrição ambiental, prejudicando o
desenvolvimento de uma rotina de interação social, exposição à luz e marcadores
circadianos, fatores significantes para um sono restaurador.”
Tratamentos
Os tratamentos para os distúrbios do sono
dividem-se em intervenções gerais e específicas, de acordo com cada problema.
As intervenções gerais trabalham o contexto de
hábitos de vida e higiene do sono, apontados acima, enquanto as específicas
podem depender de uma avaliação médica criteriosa.
Entre as alternativas possíveis estão a terapia
cognitivo comportamental (TCC), que auxilia no tratamento da insônia; exposição
à luz artificial, em casos nos quais o contexto clínico não permite contato com
luz natural; terapia farmacológica; e uso do CPAP, pequeno aparelho compressor
de ar silencioso, utilizado no tratamento para apneia do sono.
“Se você conhece algum idoso que apresente sintomas
e sente que isso impacta sua qualidade de vida, é de grande importância o
agendamento de uma consulta médica. Assim, podemos, em conjunto, trabalhar as
formas de tratamento e trazer conforto e benefícios para uma etapa tão
importante da vida humana, que é o sono”, finaliza o especialista.
Centro de Diagnóstico dos Distúrbios do Sono
Para diagnóstico e tratamento dos distúrbios do
sono (apneia, ronco, insônia, bruxismo, entre outros), é indicado exame de
polissonografia, que avalia a qualidade do sono e mede a atividade
respiratória, muscular e cerebral.
A polissonografia consiste no registro das
variáveis fisiológicas durante o sono, como atividade elétrica cerebral,
movimento dos olhos, tônus muscular, fluxo de ar oral e nasal, esforço
respiratório, movimentos de pernas e oxigenação do sangue (oximetria).
No Hospital Paulista, o exame é realizado por
técnicos e fisioterapeutas com certificado em polissonografia e exames com CPAP
ou BIPAP, além de equipes médica e de enfermagem, para suporte total ao
paciente.
Hospital Paulista de Otorrinolaringologia
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