Fake news e desinformação estão entre as causas da
queda nas imunizações, afirmam especialistas da Rede de Hospitais São Camilo de
SP
Desde sua criação, em 1796, as vacinas passaram a
desempenhar um papel essencial à sociedade. Elaboradas a partir de
micro-organismos, o seu objetivo é estimular a produção de anticorpos nos
indivíduos, para, assim, prevenir doenças. Com a pandemia de Covid-19,
reforçou-se a sua importância, já que a vacinação vem tornando possível o
melhor controle de um cenário até então desconhecido.
No entanto, apesar de o momento ressaltar a dimensão que a vacina tem, muitas
pessoas deixaram de se vacinar e de vacinar seus filhos, não só contra o
Coronavírus, mas também contra outras doenças importantes.
De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a cobertura
da vacinação contra a poliomielite no Brasil, por exemplo, caiu de 84,2% em
2019 para 67,7%, em 2021. Ou seja, três em cada dez crianças não receberam a
vacina.
“Este declínio que temos observado se deve à percepção de uma parte da
população que acredita que não há necessidade de se vacinar porque as doenças
‘desapareceram’. As baixas taxas de imunização contribuem para que doenças
antes sob controle, e algumas até erradicadas, voltem a circular no país”,
afirma Dr. Hamilton Robledo, pediatra da Rede de Hospitais São Camilo de São
Paulo.
Ainda conforme a Unicef, a vacinação contra sarampo, caxumba e rubéola em
crianças brasileiras também caiu de 93,1% em 2019 para 71,49% em 2021. “Por não
ficarem em evidência, algumas doenças acabam não sendo lembradas. Também existe
a desinformação, que contribui para essa queda”, complementa a infectologista
da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo Dra. Claudia Maekawa Maruyama.
Além das fake news propagadas nas redes sociais, outros fatores
influenciam na escolha ou não pela imunização. “Nos primeiros 15 meses da
criança, são várias idas ao posto de saúde. E, pensando neste momento econômico
difícil que vivemos no Brasil, as desigualdades sociais, dificuldades com
transporte, volta do trabalho presencial, entre outros fatores, também podem
impactar a decisão”, reitera Dr. Hamilton.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem um dos maiores programas de
imunizações do mundo. São ofertadas à população uma variedade de 45 vacinas,
sendo 19 delas destinadas exclusivamente a crianças recém-nascidas.
“Logo após o nascimento da criança, a vacinação é um dos pontos de maior
atenção que os pais devem ter. Ela será requisitada por toda a vida e compõe um
documento muito importante. A sua atualização e manutenção é de grande valor
para a prevenção e controle de doenças”, enfatiza o pediatra.
Apesar do retrocesso, é crucial ter em mente que a proteção fornecida pelas
vacinas impacta diretamente não só na saúde individual, mas também na coletiva.
Estar com a caderneta de vacinação em dia é um ato de amor e cidadania que deve
ser estimulado e exercido por todos.
@hospitalsaocamilosp
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