Estudos inéditos
do IESS sobre o tema foram apresentados nesta quarta-feira (22) em seminário na
Abramge com a presença de especialistas
Assim como a Covid-19, a obesidade também é
considerada uma pandemia mundial, um problema de saúde pública, que está
associado ao desenvolvimento de muitas outras doenças, como hipertensão,
diabetes, problemas cardiovasculares e musculoesqueléticos, depressão e
ansiedade. Também é responsável por mortes prematuras, reduzindo a expectativa
de vida das pessoas afetadas. Espera-se que, na ausência de políticas públicas
ou privadas efetivas, a taxa de obesidade no País continue a crescer 5% ao ano
(foi a taxa entre 2003 e 2019) e que a prevalência pode atingir a marca de 46%
em 2030.
Dada a gravidade dessa tendência, o Instituto de
Estudos de Saúde Suplementar (IESS) encomendou dois estudos específicos sobre o
tema para mostrar seu impacto na evolução dos custos. Ambos foram apresentados,
nesta quarta-feira (22/06), durante o seminário “Obesidade no Brasil: Impactos
sociais e econômicos e como vencer essa pandemia”, evento hibrido realizado na
sede da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) com a presença de
especialistas.
Intitulado “Cenários para o futuro: como o aumento
da prevalência da obesidade entre beneficiários pode impactar a
sustentabilidade da saúde suplementar”, o estudo projeta um cenário base para
2030, tanto do crescimento do PIB per capita quanto das despesas com saúde dos
beneficiários de planos de saúde.
Como cenário alternativo, consideram-se
intervenções bem-sucedidas, visando a prevalência da obesidade à metade em
2030, para 13,4% em vez de 46%. Nessa situação, a taxa de prevalência da
obesidade se reduziria a 3,7% ao ano nesse período.
“Sabemos que é muito difícil conseguir redução da
prevalência da obesidade, ainda mais nesse ritmo. O propósito dos estudos foi o
de mostrar os impactos dessa tendência de aumento da prevalência da obesidade,
que levou o Fórum de Davos a equipará-la a uma pandemia mundial. Os impactos
são expressivos: enquanto o PIB per capita cresce modestissimamente nesse
período – será com alegria que reconheceremos o erro se crescermos, como
deveríamos, a taxas mais altas os custos assistenciais per capita passam de R$ 2,2
mil em 2020 para R$ 3,1 mil, em 2030 (crescimento de 42%, em contraste com
aumento de apenas 7,7% do PIB no período)”, comenta o superintendente executivo
do IESS, José Cechin.
“Esses números podem e devem ser aperfeiçoados e
deve ser objeto de intensos debates. Mesmo que contenham certa imprecisão, são
suficientemente significativos para recomendar ação e políticas que visem a
contenção e mesmo redução dessa escalada da obesidade”, continua Cechin.
O estudo adota como parâmetros que o percentual de
custos atribuíveis à obesidade representa 9,3% dos gastos registrados com saúde
na saúde suplementar, o que deriva do fato de o número de procedimentos de
cirurgias bariátricas realizados na saúde suplementar é cerca de cinco vezes
maior que os realizados pelo SUS.
Custos diretos com obesidade na saúde suplementar
Outro estudo encomendado pelo IESS, realizado pela
Orizon, apresenta dados e informações de custos diretos e atribuíveis à
obesidade grave e mórbida no sistema de saúde suplementar do Brasil. Mostra que
o custo por beneficiário representa R$ R$ 33 mil por ano e que 22% dos
sinistros, entre 2015 e 2021, (R$ 4,8 bilhões) estão relacionados a
consequências diretas com a doença.
A base do estudo contempla dados de faturamento de
nove milhões de beneficiários (cerca de 19% do total de vínculos da saúde
suplementar). Das 80 mil pessoas estudadas com obesidade grave ou mórbida,
observou-se que 60% dos gastos das operadoras são com o público feminino e 32%
masculino. Constatou-se, ainda, que o diabetes tipo 2 é a doença que mais custa
para o sistema entre as comorbidades que podem ser prevenidas com a obesidade.
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