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sexta-feira, 10 de junho de 2022

Dia Mundial de Conscientização sobre o Abuso de Idosos

 

O Dia Mundial de Conscientização sobre o Abuso de Idosos -- 15 de junho --, foi oficialmente reconhecido pela Assembleia Geral das Nações Unidas em sua resolução 66/127, de dezembro de 2011, a pedido da Rede Internacional para a Prevenção do Abuso de Idosos (INPEA), que instituiu a comemoração pela primeira vez em junho de 2006. A data representa o dia do ano em que o mundo inteiro se opõe aos abusos e sofrimentos infligidos a algumas de nossas gerações mais velhas. 

O abuso de idosos é um ato intencional ou negligente de qualquer pessoa que cause dano ou um sério risco de dano a um idoso, afetando milhões de idosos anualmente. 

Os idosos são maltratados em vários ambientes (lares, lares de idosos) por familiares, amigos e vizinhos, profissionais e estranhos. O abuso pode resultar em morte prematura, deterioração da saúde física e psicológica, destruição de relacionamentos sociais e familiares e perdas financeiras devastadoras. 

A pandemia de covid-19 criou desafios sem precedentes para nosso país e para o mundo, mas impactou desproporcionalmente os idosos. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) relata que 8 em cada 10 mortes relacionadas à covid-19 ocorreram entre adultos com 65 anos ou mais e 40% das mortes relacionadas à doença estão entre residentes de casas de repouso. A pandemia também isolou muitos idosos, minando nossa capacidade de detectar o abuso. 

Em muitas partes do mundo, o abuso de idosos ocorre com pouco reconhecimento ou resposta. Até recentemente, esse grave problema social era escondido da opinião pública e considerado um assunto privado. Ainda hoje, a temática continua a ser um tabu, subestimado e ignorado pelas sociedades. No entanto, as evidências estão se acumulando para indicar que o abuso de idosos é um importante problema de saúde pública e social. 

O problema existe em países desenvolvidos e em desenvolvimento, mas geralmente é subnotificado globalmente. As taxas ou estimativas de prevalência existem apenas em países desenvolvidos selecionados — variando de 1% a 10%. Embora a extensão dos maus-tratos aos idosos seja desconhecida, seu significado social e moral é óbvio. Como tal, exige uma resposta global multifacetada, que se concentre na proteção dos direitos das pessoas idosas. Do ponto de vista social e de saúde, a menos que os setores de atenção primária à saúde e serviços sociais estejam bem equipados para identificar e lidar com o problema, o abuso de idosos continuará sendo subdiagnosticado e negligenciado. 

A prevenção da violência contra o idoso pressupõe, antes de tudo, que sejam conhecidos os fatores que os colocam em situação de vulnerabilidade. Se conseguirmos identificar esses fatores de risco, podemos atuar para reduzi-los ou eliminá-los, prevenindo o desenvolvimento de novos casos ou a progressão negativa de situações existentes. Nossa compreensão desses fatores também contribui para a mobilização de políticas públicas de prevenção. 

Vários países têm feito esforços para aumentar as estratégias de prevenção, desde o desenvolvimento de projetos e campanhas publicitárias de prevenção primária focadas nesta forma específica de violência, até a formação especializada de profissionais de primeira linha (como enfermeiros, médicos e policiais) ou ações judiciais nos casos de violência contra o idoso. 

De fato, é necessário fornecer informações que sejam sensíveis a todos e é importante que a comunidade se envolva em ações de redução e prevenção da violência contra o idoso. Exemplos disso são as atividades que envolvem diferentes gerações para momentos de partilha e afeto (por exemplo, leitura, caminhada), bem como ações de sensibilização dos profissionais que trabalham com idosos, alertando-os para a necessidade de ajuda, para evitar uma possível exploração financeira ou outros tipos de violência e desrespeito aos seus direitos. 

A capacitação de profissionais, visando aprimorar o atendimento ou informação prestada ao idoso vítima de violência, bem como a divulgação de materiais e manuais de capacitação e informação, estão entre os esforços para reduzir o risco e contribuir para o apoio direcionado e especializado ao idoso.

 

Rubens de Fraga Júnior - professor de Gerontologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR) e é médico especialista em Geriatria e Gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).

 

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