Pegar
o celular nas mãos nos momentos de descanso achando que este pode ser o
principal objeto de distração é o maior golpe contra o cérebro.
Mesmo a mente sendo naturalmente
programada para se distrair, pensar demais é um problema muito comum, o qual a
maioria das pessoas sofrem por não conseguirem se desligar daquilo que não
querem pensar ou fazer. Para cultivar o ócio e o descanso -- uma façanha
necessária para a boa saúde mental e física - é preciso adotar algumas
táticas que o Dr. Fernando Gomes, médico neurocirurgião e neurocientista do
Hospital das Clínicas de SP ensina.
“É comum ler por aí na maioria dos
livros de autoajuda e orientações para eliminar os pensamentos negativos e
aumentar os positivos. Esse é um ótimo conselho, mas na prática, quando se usa
demais o cérebro, positiva ou negativamente, ele pode ficar esgotado e então,
dá-se o cenário perfeito para o fracasso mental, para o pensamento desordenado,
confuso e desesperado”, explica.
Pensar em tudo, ao mesmo tempo, continuamente, é sinônimo de não viver no presente. A única maneira de parar de se identificar com todos os pensamentos é parar de segui-los descansando o cérebro para conseguir uma reprogramação mental essencial para o bom funcionamento das funções vitais.
Mas, na prática, o primeiro passo é se desligar da tecnologia. O médico reforça que mesmo que pareça bem difícil, é necessário se forçar.
Nos últimos anos, as pesquisas têm
conseguido demonstrar que isso de fato acontece. A alta demanda da tecnologia
consegue inibir o funcionamento de regiões específicas do cérebro, assim, o
córtex pré-frontal determina no que você vai prestar atenção e transmite essa
informação para regiões mais profundas do orgão, como os gânglios da base e
tálamo, que então fecham as barreiras para os estímulos concorrentes -- essa é
uma porta aberta para distração e para o pensamento inoportuno.
“Quando o desligamento acontece, o
cérebro abaixa a guarda e então diminui a barreira para estímulos concorrentes,
permitindo o monitoramento do ambiente, o olhar para dentro de si mesmo e o tão
importante descanso e cultivo do ócio”, fala Dr. Fernando.
A neurociência já mostrou que o
ócio cerebral provocado pelo contato com ambientes naturais podem melhorar o humor
e a memória, além de diminuir o estresse e as chances de desenvolver doenças
como a depressão e a ansiedade -- outros grandes problemas desta era. Para
então desligar a massa cinzenta, o neuro deixa algumas dicas:
- Desligar os alertas de celular, deixar de
acompanhar redes sociais, checar emails mensagens e colocar o telefone no
modo avião;
- Buscar atividades que ajudem a distrair o
pensamento como: regar uma planta, cozinhar ou ler um livro;
- Obrigue-se a experimentar a calma, a
tranquilidade, o silêncio e respirar o ar puro;
- Comece hoje mesmo!
Fernando Gomes - Há 12 anos o médico atua como comunicador já tendo
passado pela TV Globo por cinco anos como consultor fixo do programa Encontro
com Fátima Bernardes, e por um ano na TV Band no programa Aqui na Band
apresentando o quadro de saúde “E Agora Doutor” e atualmente é o Corresponde
Médico da TV CNN Brasil. É também autor
de 8 livros de neurocirurgia e comportamento humano. Professor Livre Docente de
Neurocirurgia, com residência médica em Neurologia e Neurocirurgia no Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, é neurocirurgião em hospitais
renomados e também coordena um ambulatório relacionado a doenças do
envelhecimento no Hospital das Clínicas. drfernandoneuro
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