Saiba como o Novo
Ensino Médio prepara estudantes para profissões atuais
Antes consideradas apenas ferramentas de entretenimento,
as redes sociais hoje são fonte de renda - e renda milionária - para muitos
jovens - e outros nem tão jovens assim. Os influenciadores digitais arrastam
multidões de fãs que fariam inveja à banda de rock mais badalada dos anos 1990,
por exemplo. Donos de centenas de milhões de seguidores, assinam contratos
milionários com marcas das mais diversas, de roupas a comida, passando por
companhias aéreas e sites de apostas esportivas.
Há apenas uma geração, era impensável estimular
adolescentes a ganhar dinheiro fazendo fotos e vídeos na internet. Atualmente,
essa é uma realidade que já não pode ser ignorada. E, entre as mudanças
trazidas pelo Novo Ensino Médio, está a possibilidade de discutir e trabalhar
temas como a influência digital dentro da escola, sob o amplo guarda-chuva dos
itinerários formativos. A coordenadora editorial do Sistema Positivo de Ensino,
Milena dos Passos Lima, explica que há muitos benefícios em usar esse tipo de
abordagem. “O influenciador digital tem que entender sobre mídia digital e
linguagem, determinar o público-alvo, compreender gêneros textuais. Então,
falando sobre isso, desenvolvemos habilidades como criatividade, argumentação,
comunicação e senso crítico, uma série de aprendizados”, enumera.
Para a especialista, trazer esse tipo de assunto
para dentro da escola é uma forma de atualizar os conteúdos trabalhados em sala
de aula. “Esse é um tema que aparentemente estaria fora do currículo escolar,
mas o currículo é vivo, está sempre se modificando e deve refletir o tempo em que
está sendo aplicado”, reforça. De acordo com a lei do Novo Ensino Médio, há
cinco itinerários que podem ser combinados: Linguagens, Ciências Humanas e
Sociais, Ciências da Natureza, Matemática e Técnico Profissionalizante.
Além disso, os itinerários precisam estar
organizados em quatro eixos: processos criativos, mediação e intervenção
sociocultural, investigação científica e empreendedorismo. No caso dos
influenciadores digitais, o assunto conversa perfeitamente com o eixo dos
processos criativos. “Ter um itinerário que traga esse tema, não quer dizer que
o aluno será influenciador, mas, com essas temáticas atualizadas e
aprofundamentos interessantes, estimulamos os jovens a pensar em novas
carreiras”, diz.
Jovens protagonistas
O princípio das mudanças no Ensino Médio é
justamente o protagonismo juvenil, o desenvolvimento da autonomia do aluno a
partir da condição juvenil. Por isso, destaca Milena, é fundamental entender o
que é relevante para os jovens. Muitas vezes, esses interesses casam
perfeitamente com os interesses dos professores. “Já ouvi algumas vezes, dos
docentes, algo como ‘essa é a aula que eu sempre quis dar e não podia’. Os
itinerários formativos trazem essa chance de que os estudantes absorvam um
conhecimento que existe, mas que nem sempre pode ser compartilhado no currículo
tradicional”, explica a educadora.
Dentre as propostas trazidas pelo Novo Ensino
Médio, está a construção de uma aprendizagem significativa e que converse com a
realidade dos estudantes para além dos muros da escola. “Essa é uma
oportunidade de chamar o jovem para que ele deseje estar na escola. Quando
trazemos essas temáticas, mobilizamos diferentes conhecimentos a partir do
interesse do estudante. As pessoas são múltiplas e a escola pode dar a chance
de desenvolver esses interesses”, pontua.
Como aplicar um itinerário inovador
Qualquer escola pode definir os itinerários
formativos que deseja trabalhar. Segundo Milena, três passos são fundamentais
para isso. O primeiro é entender o que se deseja do estudante, o que é relevante
para ele e o contexto em que ele está inserido. A partir daí, é possível
construir uma trajetória escolar. “Muitas escolas ainda não entenderam que,
para fazer isso para o aluno, elas precisam olhar para a própria trajetória
enquanto escola e pensar em estratégias que valorizem esse contexto”, detalha
Milena.
O segundo passo é ouvir o estudante: acostumar-se a
dar voz a ele e a ouvir o que ele tem a dizer. “Quantos alunos dizem que o
currículo não está interessante? Poucos, porque eles não sentem que serão
ouvidos. E acabamos perdendo a chance de ter essa escuta e fazer o casamento
disso com a disponibilidade de espaço e a estrutura que a escola já tem. O que
determina o sucesso de um projeto assim é estar disponível para essa
caminhada”, finaliza.
Sistema Positivo de Ensino
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