Crianças se tornam
pequenas estrelas da web e influenciam os comportamentos de consumo dos mais
jovens: um fenômeno que vem crescendo muito nos últimos anos, tanto globalmente
quanto no Brasil
Que riscos e que oportunidades existem para as
crianças e os jovens? O que os pais devem fazer para proteger seus filhos
do marketing de influência? São tantas as dúvidas em meio a tantos cliques que,
por vezes, os pais agem mais por impulso do que com precaução.
As crianças, quando fazem algo engraçado ou
inusitado para a idade, divertem a maioria das pessoas, e quanto mais novas
mais gostamos delas. Estatísticas revelam que vídeos com crianças têm em média
quatro vezes mais visualizações do que outros vídeos.
Segundo Miriam Lago, especialista em Marketing
de Influência e CEO da agência Notícia Expressa,
“os
conteúdos que trazem crianças como protagonistas têm impacto nas outras
crianças e nas mães e isso é bem conhecido pelas marcas que cada vez mais
confiamos, chamados Baby Influencers, para divulgarem seus produtos e
serviços a este segmento de mercado”.
Quem são os influenciadores mirins
Muitos pais perceberam que seus filhos estão
desbravando a web, principalmente por meio de plataformas como YouTube,
Instagram e Tik Tok, e decidiram aproveitar essa oportunidade tornando-se
gestores de seus filhos , firmando contratos com empresas que querem
comercializar produtos voltados para o mercado infantil e juvenil e
transformá-los em estrelinhas capazes de influenciar as massas e induzir
comportamentos reais de consumo. Para esses jovens, os chamados Baby
influencers, a criação de conteúdo web que talvez tivesse
começado como um jogo tornou-se um verdadeiro trabalho que gera
receita a cada vídeo.
Nossos pensamentos se voltam imediatamente para o
americano Ryan Kaji, que com
apenas 9 anos é o rei dos Influencers mirins, uma das estrelas
mais bem pagas do YouTube, com mais de 30 milhões de seguidores e dezenas
de milhões de visualizações por vídeo. Há 6 anos, Ryan abre pacotes de
brinquedos e faz resenhas. Além disso, tem uma linha de mais de 5 mil produtos
de merchandising distribuídos na Target, Amazon e Walmart. Segundo a FORBES,
esse império já atingiu a marca de US$ 200 milhões em vendas em 2020. “A
indústria do entretenimento é uma fábrica de converter talento infantil em fama
e dinheiro”, destaca Lago.
Segundo o SEBRAE, o setor de produtos
infantis movimenta 16 bilhões por ano no Brasil. Nesse cenário, o fenômeno dos
baby influencers está se tornando muito significativo, principalmente se
considerarmos que a publicidade tradicional está encontrando cada vez
menos sucesso nas novas gerações.
Como proteger as crianças
Os riscos são evidentes: até a idade de 7 a 8 anos,
as crianças ainda não estão plenamente conscientes da intenção
publicitária dos conteúdos aos quais estão expostas e isso as coloca
em uma condição de extrema vulnerabilidade ao marketing de
influência. À medida que crescem, passam a ter uma abordagem mais realista
do conteúdo e a perceber que o objetivo das mensagens veiculadas é vender
produtos ou serviços até chegarem no limiar da adolescência.
“Não podemos fechar os olhos para o passado, quando
atores mirins como Angus T. Jones, Lindsay Lohan, Macaulay Culkin e tantos
outros cresceram e se tornaram adultos problemáticos. O mundo de fama e glamour
não é feito apenas de sucesso”, declara Miriam Lago, especialista em Marketing
de Influência.
Quando os baby influencers são nossos filhos
“Como pais, muitas vezes publicamos fotos e vídeos
de nossos filhos nas redes sociais. Esta é uma prática que se deve
analisar com cautela, pois, uma vez publicado, o material fica exposto para um
grande número de pessoas, inclusive as mal intencionadas”, explica Lago.
As crianças e os jovens de hoje podem
gerar rendimentos milionários e isso tem várias implicações a
nível económico, social, psicológico, ético, com impactos significativos na
dinâmica familiar. Apesar de todas as boas intenções dos pais, na prática não é
tão fácil administrar a questão e, principalmente quando se trata de Baby
Influencers de grande sucesso, corre-se o risco de a criança ficar presa
no mecanismo do lucro, perdendo tudo ou quase todas as oportunidades de fazer o
que é típico da infância, como brincar, ir à escola e praticar
esportes. Por exemplo, é necessário estabelecer limites de tempo
diários para a criança dedicada à atividade social. Em alguns casos, vale
a pena contar com figuras que tenham expertise na área jurídica.
Por fim, é preciso tentar criar oportunidades
para que a criança encontre seus amigos fora da telinha e fora da escola,
o que certamente deve continuar pelo menos até os 16 anos, a fim de obter
oportunidades para o futuro.
Miriam Lago - Especialista em Marketing de Influência desde 2015; Especialista em
Assessoria de Imprensa desde 2001; Dirige a agência Notícia Expressa desde
2006, que oferece serviços de comunicação e relações públicas; Soma mais de 120
ações de Marketing de Influência ao longo de 7 anos para clientes dos setores
alimentício, bebidas, moda, beleza, tecnologia, saúde, pets e varejo; Vencedora
do Prêmio ABC da Comunicação em 2017.
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