Dois personagens bíblicos me chamam a atenção para
o assunto que vou discorrer.
O primeiro é José do Egito, filho de Jacó,
predileto do seu pai. José tinha a habilidade de interpretar sonhos,
despertando ciúmes dos irmãos, que acabaram por vendê-lo como escravo e, assim,
ele foi servir na casa de Potifar. Mais tarde, devido sua habilidade e
sabedoria concedida por Deus, ele se tornou governador do Egito.
O segundo é Davi, filho mais novo de Jessé, pastor
de ovelhas. Dentre as suas habilidades, a persistência era notória. Mesmo
desacreditado pela família, enfrentou leões e o gigante Golias, além de ter
sido ungido pelo profeta Samuel para ser rei de Israel.
Diante dos dois personagens, pergunto: Como olhamos
para os nossos filhos? O olhar é de quem acredita em suas habilidades e
potencialidades ou só olhamos para suas dificuldades?
Observamos que o conceito que possuímos sobre as
pessoas com as quais nos relacionamos define o nosso olhar como positivo e
encorajador ou de descrédito e limitante.
Assim, quando em qualquer relação o indivíduo
possui uma visão negativa do seu interlocutor, mesmo que a mensagem seja
explícita, a linguagem não verbal o denunciará. Portanto, a relação fica
permeada de duplo sentido, ou seja, afirmo verbalmente, porém, condeno com o
olhar e atitudes inconscientes. Exemplo: Quando acredito que: “ele não é
capaz, é indefeso, é disperso, tem dificuldade mesmo de aprender”, e, no
entanto, digo: “você consegue, vai dar certo, preste atenção, se organize”,
a comunicação está permeada de ruídos que prejudicará o desenvolvimento de
todos os participantes dessa relação -- emissor e receptor.
Outra maneira comum e prejudicial é a comparação
entre irmãos, primos, colegas e outras pessoas. Dependendo da dificuldade que o
ouvinte está passando, essa forma será desestimuladora e limitadora. A
comparação mexe com a autoestima de forma não sadia, pois acaba transparecendo
que os demais possuem capacidades que este jamais terá. Aumentar o volume de
voz, desqualificar, culpar e/ou ameaçar não edificam quem precisa superar suas
dificuldades.
Como podemos aplicar um discurso estimulador e
desafiador nas relações? Estar ao lado com empatia, ter companheirismo, traçar
metas tangíveis, apoiar os processos de mudanças com apresentação de fatos
concretos que promovam o desenvolvimento. Desta forma, estimula-se a
iniciativa, o empoderamento de suas potencialidades e habilidades, dotando-o de
autoridade sobre os seus comportamentos e gerindo de forma sadia as suas
relações.
Voltando aos nossos personagens bíblicos, fazendo
uma analogia com as nossas vidas. Tanto José quanto Davi mantiveram-se
confiantes em suas habilidades natas, enfrentando as dificuldades com
persistência e determinação, ultrapassando os pensamentos limitadores com os
quais foram julgados. Para isso, contavam com a confiança de Deus em suas
vidas.
Hoje podemos melhorar as relações com todos que
estão a nossa volta, os questionamentos estão lançados: A comunicação está
alinhada de forma a encorajar o ouvinte? As falas estão realmente sendo gentis
e acolhedoras? Há o reconhecimento das potencialidades do interlocutor? O amor
e a atenção são declarados em suas relações? Qual o tipo de discurso é aplicado
nos relacionamentos, o motivador ou limitador?
As reflexões permitem importantes transformações
nos conceitos pessoais, ocasionando uma visão mais clara dos propósitos,
principalmente com os filhos, pois queremos o melhor para quem está ao nosso
lado. Ter a convicção que todos conseguem progredir, dar o seu melhor, superar
as dificuldades e desafios da vida, faz a diferença.
O pensar, o agir e o falar de forma coerentes com o
propósito são de extrema importância para manter a eficácia da comunicação,
despertando o desenvolvimento pessoal de todos os envolvidos nas relações.
Assim, todos seguirão honrando os princípios familiares e de Deus,
transformando vidas.
Maria Antonia Novicov de Andrade - orientadora educacional do Colégio Presbiteriano Mackenzie Tamboré Internacional.
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