Liderado por Naercio Menezes Filho, professor do Insper e da FEA-USP, e por Luciano Salomão, aluno de mestrado da FEARP-USP, trabalho criou um índice de qualidade no ensino básico nos municípios, chamado IDEB-ENEM, e o correlacionou com diferentes indicadores de saúde, segurança, empregabilidade e acesso ao Ensino Superior
Lançado
em 14 de março, o estudo, apoiado pelo Instituto Natura, apresenta um novo
índice de qualidade no ensino básico nos municípios, chamado IDEB-ENEM, e o
correlaciona com diferentes indicadores de saúde, segurança, empregabilidade e
acesso ao Ensino Superior. Inspirado pelo Índice de Desenvolvimento da
Educação Básica (IDEB), o novo indicador mede quanto cada munícipio contribui
para a progressão e o aprendizado dos jovens no seu sistema escolar. Para
tanto, usa como base a proporção entre estudantes de 6 e 7 anos matriculados no
início da Educação Básica que aos 17/18 anos prestaram o Exame Nacional do
Ensino Médio (ENEM), e suas notas alcançadas no exame.
Liderado
por Naercio Menezes Filho, professor da Cátedra Ruth Cardoso do Insper, e da
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São
Paulo (FEA-USP), e por Luciano Salomão, aluno de mestrado da FEARP-USP, o
estudo teve como objetivo correlacionar o novo índice com diferentes
indicadores de saúde, segurança, empregabilidade e acesso ao Ensino Superior.
Com isso, demostra que uma boa gestão de ensino permite que a maior parte dos
alunos de uma geração continue na escola até o Ensino Médio, sem atraso, e que
se sintam motivados para realizar o Enem, impactando, assim, outras áreas.
O documento analisou como variações na qualidade do ensino básico, medidas pelo novo índice entre 2009 e 2014, estão relacionadas com diferentes indicadores de saúde, violência e mercado de trabalho de jovens de 22 e 23 anos entre 2014 e 2019.
Como resultado geral, o estudo mostrou que um aumento de um ponto no indicador IDEB-ENEM nos municípios está associado a uma queda de 25% nas taxas de homicídios e óbitos por causas externas; um aumento de 200% nas taxas de empregos entre os jovens; e ampliação de 15% no número de matrículas no Ensino Superior.
Óbitos e violência
Ao relacionar indicadores de óbitos e
violência com os avanços obtidos nos municípios entre 2009 e 2014,
observou-se que os munícipios bem-sucedidos em aumentar a quantidade de alunos
que concluem a Educação Básica e também a qualidade de sua educação – medida
pelo novo indicador, aumentaram as perspectivas e oportunidades dos jovens de
23 e 24 anos de idade, reduzindo o número médio de homicídios nessa faixa
etária.
Fonte:
Censo Escolar, ENEM, SIM-SUS e IBGE. Elaboração própria. Foram realizadas
regressões econométricas seguindo um modelo de primeiras-diferenças,
interagindo as variáveis dependentes de interesse com a diferença entre 2014 e
2009 do índice criado e com a diferença do logaritmo natural do PIB
deflacionado per capita entre 2018 e 2014 (coeficientes omitidos na tabela). O
índice tratado utilizou a média móvel de matriculados com 6 e 7 anos de idade
na 1ª série/2º ano entre 1999 e 2004, possuindo como referência o município da
escola. Todas as informações foram agregadas seguindo o código AMC de
2000-2010. Os erros-padrão robustos estão entre parênteses e *, ** e ***
indicam que os coeficientes são significantes a um nível de 10%, 5% e 1%,
respectivamente
Em relação à correlação do indicador
com as taxas de ingresso ao Ensino Superior, foi possível notar coeficientes
positivos e estatisticamente significantes para a variação defasada do índice
IDEB-ENEM no total de matrículas no ensino superior, especialmente nas
matrículas em instituições privadas. Já para as matrículas em instituições
públicas, percebeu-se coeficientes positivos, mas não estatisticamente
significantes para a variação do índice. Os efeitos mostram que um aumento de 1
ponto no IDEB-ENEM está associado a um aumento de 19 matrículas em média.
Fonte: Censo Escolar, ENEM, Censo Ensino Superior e IBGE. Elaboração própria. Foram realizadas regressões econométricas seguindo um modelo de primeiras-diferenças, interagindo as variáveis dependentes de interesse com a diferença entre 2014 e 2009 do índice criado e com a diferença do logaritmo natural do PIB deflacionado per capita entre 2018 e 2014 (coeficientes omitidos na tabela). O índice tratado utilizou a média móvel de matriculados com 6 e 7 anos de idade na 1ª série/2º ano entre 1999 e 2004, possuindo como referência o município da escola. Apenas foram consideradas as matrículas em cursos de graduação. Todas as informações foram agregadas seguindo o código AMC de 2000-2010. Os erros-padrão robustos estão entre parênteses e *, ** e *** indicam que os coeficientes são significantes a um nível de 10%, 5% e 1%, respectivamente.
Já os resultados da regressão
relacionando a variação do IDEB-ENEM com a variação no número de empregos
gerados mostram que um aumento de 1 ponto no IDEB-ENEM provoca um aumento de 20
empregos gerados liquidamente (admissões menos desligamentos) em média.
Fonte: Censo
Escolar, ENEM, CAGED e IBGE. Elaboração própria. Foram realizadas regressões
econométricas seguindo um modelo de primeiras-diferenças, interagindo as
variáveis dependentes de interesse com a diferença entre 2014 e 2009 do índice
criado e com a diferença do logaritmo natural do PIB deflacionado per capita
entre 2018 e 2014 (coeficientes omitidos na tabela). O índice tratado utilizou
a média móvel de matriculados com 6 e 7 anos de idade na 1ª série/2º ano entre
1999 e 2004, possuindo como referência o município da escola. Todas as
informações foram agregadas seguindo o código AMC de 2000-2010. Os erros-padrão
robustos estão entre parênteses e *, ** e *** indicam que os coeficientes são
significantes a um nível de 10%, 5% e 1%, respectivamente
Para
Naercio Menezes Filho, a pesquisa propõe uma reflexão sobre como um bom sistema
de ensino impacta em outras áreas, expandindo seus efeitos para além da
educação. “É interessante observarmos como a variação positiva na qualidade de
ensino do Ensino Básico em um município possui efeitos positivos, cinco anos
depois, em diversos aspectos da vida do jovem, como o seu ingresso no ensino
superior e empregabilidade”, explica.
“O
IDEB-ENEM nos possibilitou medir quanto cada município evoluiu em termos de
progressão e aprendizado dos jovens no seu sistema escolar, desde o primeiro
ano do ensino fundamental até o fim do ensino médio. Isso nos faz refletir
sobre a importância de correlações como essa para se analisar políticas
públicas de gestão educacional e efeitos nas externalidades de cada região”,
complementa Luciano Salomão.
“É de extrema importância o estabelecimento de parcerias com instituições e para que possamos ter dados para cada vez mais termos políticas públicas baseadas em evidências. Novos indicadores e dados como esses nos permitem oferecer subsídios para os gestores públicos investirem recursos em ações que realmente têm impacto na vida do cidadão”, afirma David Saad, diretor-presidente do Instituto Natura.
Para o estudo, os pesquisadores utilizaram dados públicos
externos como DATASUS, Censo Demográfico do IBGE, Censo Escolar e do Ensino
Superior do INEP, além de Microdados RAIS e CAGED do Programa de Disseminação
das Estatísticas do Trabalho (PDET), do Ministério do Trabalho.
Insper -
instituição independente e sem fins lucrativos, que busca ser referência em
educação e geração de conhecimento por meio do ensino de excelência e pesquisas
nas áreas de Administração, Economia, Direito, Engenharia, Políticas Públicas,
Comunicação e Tecnologia.
Instituto Natura
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