Economista da FGV analisa aumento de preços no Brasil em função da crise. Combate à corrosão na indústria e no agro é oportunidade para corte de custos em até 65%.
“Mesmo
que a guerra na Ucrânia terminasse hoje, o impacto sobre a economia brasileira
seria dramático e relevante, atingindo diversos segmentos. Os setores da
construção, de petróleo, o agronegócio, o agropecuário e o têxtil sentirão os
efeitos do conflito que ocorre do outro lado do planeta”. O alerta é do
superintendente adjunto para Inflação do Instituto Brasileiro de Economia da
Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), André Braz.
O
economista lembra que a lista de derivados do petróleo vai muito além da
gasolina e do diesel – que acabam de sofrer forte reajuste -, uma vez que o
agronegócio, por exemplo, usa fertilizantes derivados deste recurso fóssil.
“Não será somente o agronegócio o segmento afetado pela crise, uma vez que a
indústria automobilística usa também resinas combustíveis para a fabricação de
consoles, forros de portas e para-choques”, destaca.
Braz
ressalta que “estes preços não são regulados e, à medida que as cotações dos
derivados de petróleo batem recordes e se estabilizam em patamares muito acima,
por conta dos embargos impostos à Rússia – e de Moscou para os grandes mercados
–, essa nova realidade tende a ser mais duradoura e não será somente um breve
período de incerteza, com ruídos de curto prazo”. Fato é que aos poucos estes
repasses vão chegar aos preços, uma vez que o conflito armado deverá causar no
Brasil o choque de oferta: pouca matéria prima ou mercadorias para atender ao
mercado, motivada pelos embargos impostos a Moscou, além da desmobilização das
cadeias produtivas. A única certeza é a de que os preços vão subir ainda mais.
Medidas
que reduzem custos
André
Braz alerta que, em tempos como este, o empresário deverá adotar técnicas de
produção como alternativa para driblar despesas e adotar inovações mais baratas
e sustentáveis. “Eu acho que a redução de custos está na cartilha do empresário
moderno e consciente que vislumbra a oportunidade de aumentar sua
produtividade, diminuindo gastos”, afirma. Nesta lista estão medidas como
comprar maquinário mais eficiente, adotar fontes de energia renováveis, treinar
a mão de obra ou investir em tecnologias que evitem a depreciação de seus
equipamentos e máquinas.
Empresa
brasileira especializada no combate à corrosão pelo método de passivação, a
Passivar, por exemplo, ilustra o uso de novas tecnologias que evitam a
depreciação de equipamentos e infraestrutura em vários setores da economia,
como no agronegócio e nas indústrias de siderurgia e de celulose. Carro-chefe
da empresa, o produto Anodo Passivar cessa a deterioração do aço em bens de
produção, dutos ou veículos, o que diminui os custos.
As indústrias e o agronegócio, por
exemplo, convivem com o crônico problema de acúmulo de resíduos ou mesmo de
incrustações. A remoção destes restos e o reparo em maquinário e tubos trazem
não somente despesas com produtos de limpeza e consumo de eletricidade, mas
também prejuízos, como a queda de produtividade e a depreciação de
equipamentos. O Anodo Passivar emite micropulsos elétricos para gerar
uma película protetora de elétrons que blinda o aço da ação destrutiva da
corrosão a um custo 65% inferior aos métodos convencionais que usam graxas e
químicas.
O diesel é o principal vilão
Ao observar o índice de preços ao
consumidor amplo (IPCA), pode-se pensar que o diesel tenha pouca influência nos
preços porque as famílias não têm carro com esse tipo de motor mais pesado. No
entanto, para a atividade produtiva, este combustível é muito mais importante
do que a gasolina. “Basta olhar a frota de transporte de carga e a influência
dos caminhoneiros. E ainda os tratores e máquinas do agronegócio e o
transporte público nos grandes centros urbanos. Tudo isso é diesel na veia.
Assim, este combustível é o maior vilão, porque causa uma inflação que a gente
não percebe mas está no nosso dia a dia. Se você vai comprar uma couve na
feira, o preço dela estará influenciado pelo frete que a levou até a barraca”,
concluiu André Braz.
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