Dra. Luciana Passoni fala sobre os procedimentos pós-tratamento do câncer para retomar a saúde dos fios
Hoje, 04 de fevereiro, é celebrado o Dia Mundial de
Combate ao Câncer, a data visa conscientizar a sociedade sobre a importância da
prevenção e da realização de exames precoces contra o câncer. O câncer de
mama mata milhares de mulheres todos os anos. A doença, se detectada
precocemente, tem mais de 90% de chances de cura. Mas, em muitos casos,
para tratar o tumor é preciso que a paciente passe por sessões de quimioterapia
e, assim, possa conter o avanço da doença e acabar com as células cancerígenas.
Só o nome do tratamento, claro, já assusta.
Principalmente devido às reações provocadas, em especial a queda dos cabelos que tanto aflige as mulheres nesse momento tão delicado. De acordo com a médica tricologista, Dra. Luciana Passoni, a perda dos fios é desencadeada pelos fortes medicamentos utilizados durante o tratamento do câncer. “O principal objetivo destes medicamentos é atingir apenas o tumor, mas eles acabam afetando o funcionamento de boa parte das células do corpo, incluindo a dos pelos e cabelos. O tratamento de radioterapia também pode ocasionar queda dos fios, porém de forma localizada na área doente com raios de alta energia. Nesse caso, apenas a área próxima ao tumor será atingida e sofrerá a queda”, explica a dra. Luciana.
O câncer de mama, leucemia e os linfomas exigem
procedimentos com drogas mais fortes e, consequentemente, levam a uma maior dos
fios. “Nem todas as substâncias usadas na luta contra o tumor fazem o cabelo
cair. Também é difícil dizer quantas sessões de quimioterapia exatamente
provocam a queda. Na verdade, depende de cada caso. Tudo é muito individual”,
analisa a tricologista.
Atenção a técnicas milagrosas!
Mas e será que existe alguma forma ou tratamento paralelo para se evitar essa perda capilar durante procedimentos contra o câncer? Muito se fala na crioterapia, uma técnica de resfriamento do couro cabeludo (scalp cooling). “Essa técnica é utilizada para tentar preservar os cabelos durante a quimioterapia. O uso de toucas, ou máquinas de resfriamento do couro cabeludo, leva à vasoconstrição, diminuindo assim a absorção da substância quimioterápica pelas células do pelo. Os resultados da crioterapia dependem muito do tipo e da quantidade de medicação usada na quimio e das características individuais de cada organismo”, diz a médica.
E a especialista ainda faz um sério alerta sobre a
crioterapia, para que a técnica não seja usada de forma displicente e sem uma
boa análise da situação e cada paciente. “O método pode ocasionar
diversos efeitos colaterais como dores de cabeça, náusea e tonturas. Há, ainda,
a possibilidade de ocorrer queimaduras pelo gelo com as toucas, se aplicadas de
forma inadequada”, ressalta Luciana.
Cuidados pós-tratamento
Como já foi dito, se descoberto precocemente, o câncer de
mama, em especial, tem mais de 90% de cura. E como proceder após vencer a luta
contra a doença e encerrar as aplicações da quimioterapia? O que fazer para
recuperar a saúde dos cabelos?
Além dos cuidados de rotina, é essencial a consulta com
um médico especialista dermatologista (tricologista) para que ele possa indicar
suplementação oral com nutrientes específicos para fortalecimento dos fios de
cabelos. “É importante manter os cabelos limpos, hidratados e evitar todo e
qualquer tipo de química (escovas progressivas, alisamentos, tinturas) nos
fios. Eles ainda estarão frágeis e sensibilizados e é preciso evitar qualquer
substância que leve à quebra ou mais queda”, explica a tricologista.
Ela também aconselha que os cuidados com os fios sejam iniciados tão logo comecem a crescer um pouquinho. É importante que o dermatologista leve em conta o tipo de câncer e qual o tratamento foi realizado pelo paciente. “A autorização do oncologista para iniciar o tratamento dos fios é muito importante. Isso porque a localização do tumor eliminado deve ser levada em conta já que, dependendo do caso, pode haver restrições”, alerta a especialista.
Cabelos diferentes?
Segundo a tricologista, o cabelo volta a crescer de 2 a 3
meses após o término das sessões de quimioterapia e o crescimento total dos
fios, algumas vezes, leva de 6 a 12 meses.
Outro fato curioso é que, temporariamente, a textura e a
cor dos fios que começam a crescer, podem ser diferentes do cabelo que a
paciente tinha antes do tratamento do câncer. Mas com o tempo as células do
pigmento regeneram-se espontaneamente, e o cabelo retorna à cor e textura
originais. “A informação de que os cabelos podem crescer diferentes depois do
tratamento de quimioterapia ou radioterapia não é mito. Essa alteração é
causada pelos próprios medicamentos quimioterápicos. Essas substâncias
influenciam o ciclo metabólico dos fios, alterando a tonalidade e a textura,
mas o quadro é reversível e, aos poucos, o cabelo volta ao seu crescimento e estado
normal”.
Rede de apoio
A perda do cabelo, ainda mais num momento tão delicado
que é o tratamento de um câncer, é uma experiência desafiadora para qualquer
pessoa, tanto psicologicamente, como emocionalmente. A queda dos fios afeta a
autoimagem, a autoestima e a qualidade de vida.
“Mas o conselho mais importante é que é preciso focar no
processo do tratamento e cura, e se preocupar menos com o aspecto estético
neste momento! Além disso, é muito importante que amigos e familiares mostrem
sempre que a beleza de cada mulher vai muito além dos fios de cabelo. Um bom
apoio profissional e ajuda psicológica é de extrema importância neste período”,
pontua Luciana.
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