No Dia Nacional da Intolerância Religiosa, teólogo fala sobre fanatismo, preconceito e a urgência em debater esses temas com a sociedade.
O registro mais antigo de
intolerância religiosa está exatamente no livro que inspirou grande parte da
construção religiosa. No livro de Gênesis, a bíblia traz uma narrativa em que
um irmão mata o outro (Caim e Abel) por conflitos religiosos. E mesmo em pleno
século XXI, ainda é muito corriqueiro nos deparamos com relatos sobre
preconceito e atos de vandalismo envolvendo diferentes religiões.
Apesar de ser plural em
muitos aspectos, inclusive no religioso, o Brasil está sempre fundamentado na
consciência de maioria. A religião cristã, por exemplo, por ser majoritária no
país, acaba se percebendo como hegemônica, e, portanto, no direito de exercer
preconceito com as demais religiões. E segundo pesquisas, as religiões de
matriz africana as que mais sofrem violações em seus direitos em relação a
religiosidade.
Dessa forma, é necessária uma
ação efetiva através da contribuição de todas as instâncias que compõem a
sociedade para que esta realidade seja transformada em uma nova trama de
relações inter-religiosas. “O principal passo é o esclarecimento. Precisamos
entender que Deus não tem uma religião, e Ele não pertence a nenhuma delas. As
religiões foram criadas para Deus, mas Deus não é propriedade de nenhuma
religião” – resume Rodrigo Moraes, professor de teologia.
O estudioso afirma que a
falta de informação acerca da espiritualidade é a grande responsável por
espalhar conceitos equivocados de cada religião e promover atos
preconceituosos. “É mais ou menos como as fake News que acompanhamos
diariamente, envolvendo diversos assuntos e neste caso, são estas informações
errôneas as responsáveis por ativar o motor da intolerância religiosa”.
Moraes faz ainda um paralelo
entre os fanáticos religiosos e os intolerantes, os grandes provocadores destas
ações. “No fundo, todo fanático é um intolerante, e todo intolerante no fundo é
um fanático, isso porque eles sempre vão partir do pressuposto de que a sua
religião é a certa, e todas as outra erradas. A meu ver, o que difere um do
outro é que o fanático pensa em proselitismo religioso, para que todos
abandonem a ‘falsa religião que professam’ e comecem a fazer parte da ‘única
religião verdadeira’; enquanto o intolerante ao invés de pensar na conversão do
outro, pensa em denegrir ou até mesmo destruir as crenças que são diferentes da
sua”.
O teólogo calvinista afirma
também que estamos vivendo um momento de radicalismos e extremismo e que a
polarização da sociedade como um todo tem contribuído e prejudicado o debate
saudável de qualquer tema. E para ele, não há nenhum problema em pensar
diferente; aliás, todo progresso acontece em virtude dos pensamentos
divergentes, mas é preciso saber dialogar e respeitar a crença do outro.
Rodrigo Moraes - escritor, bacharel
em Teologia e pós-graduado em Teologia e Ministério. Atua como Reitor do
Seminário Teológico Mosaico e como presidente do Instituto Reino do Bem e
possui mais de dez livros publicados, sendo o último, sucesso de vendas,
intitulado: Música, Arte e Adoração. www.rodrigomoraespastor.com.br
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