Ensino híbrido e crescente customização da
aprendizagem apontam para principais tendências da educação em 2022Pandemia apresentou e acelerou ensino híbrido em instituições de ensino do país
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Cinco
horas ou mais na escola todo dia, grade curricular engessada, provas em papel,
apostilas, lousa e carteiras enfileiradas. Esse modelo de educação até
funciona, mas não é de hoje que vem sendo questionado. Com a pandemia, as
inovações no âmbito educacional tiveram que ser implantadas de modo acelerado e
a tecnologia passou a ser indispensável, impondo muitos desafios para
profissionais da educação e estudantes. Mesmo assim, a continuidade do ensino
híbrido e a crescente customização da aprendizagem apontam para algumas das
principais tendências para o futuro do ensino. Desenvolver habilidades
cognitivas mais complexas, colocar o aluno como protagonista e democratizar a
tecnologia são algumas das expectativas da educação para o ano de 2022.
A
pandemia apresentou e acelerou o ensino híbrido em todas as instituições de
ensino do país. E, quando alunos e professores puderam retornar às salas de
aula, o uso da tecnologia tem sido revolucionário, especialmente porque tornou
o ensino mais personalizado, flexível, motivador e, também, mais inclusivo. Uma
pesquisa da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES),
publicada em agosto de 2021, apontou que 55% dos alunos preferiam a volta das
aulas de forma híbrida. São estudantes que viram no estudo remoto uma alternativa
durante a pandemia e fizeram com que a busca por cursos nessa modalidade
aumentasse 50% no Brasil. Tendência constatada pelo Censo da Educação à
Distância, feito pela Associação Brasileira de Educação à Distância (ABED) e
publicado em junho de 2021.
Além
de escolas e universidades, a educação digital foi procurada por profissionais
de várias áreas e ganhou importância com iniciativas de capacitação. Como o
projeto Trilha Digital que, ao longo de 2021, alcançou 22 mil pessoas com
palestras sobre carreira, tecnologia e sustentabilidade. O projeto vem se
expandindo desde 2020, com a necessidade da adaptação das aulas para o modelo
EAD, chegando a um número maior de pessoas que buscam atualização profissional.
Realizada desde 2019, a iniciativa é do Instituto das Cidades Inteligentes
(ICI), em parceria com a Associação dos Deficientes Físicos do Paraná
(ADFP).
A
educação do futuro não depende de dispositivos sofisticados, projetos caros ou
sala de aula completamente virtual. Mas o uso de ferramentas tecnológicas que
contribuam para a convergência entre o físico e o digital é fundamental para
garantir o bom aproveitamento das aulas daqui em diante. É o que mostra o
Relatório Tendências para a Educação 2022, elaborado pela Layers Education, com
apoio do Educbank. "A tecnologia ajuda muito, não como fim em si mesma,
mas como ferramenta para estimular investigação, colaboração e produção de
conhecimentos, e ainda, para engajar e motivar o aprendizado, não só dentro da
escola, mas também para exercer a cidadania", afirma o diretor de Sistemas
e Inovação do ICI, Mauricio Pimentel.
Inclusão
digital na educação
Mas
o que deveria ser apenas solução, também se tornou obstáculo para estudantes
brasileiros nos momentos mais críticos da pandemia. As dificuldades de acesso à
internet e, até mesmo, a falta de recursos aparecem como as maiores barreiras
para as aulas remotas, segundo pesquisa da startup de educação Descomplica e do
Instituto Locomotiva. O levantamento divulgado em outubro de 2021 mostra que
80% das famílias relataram problemas de infraestrutura, outros 54% esbarraram
em barreiras socioemocionais e 16% enfrentaram questões de letramento digital.
A falta de acesso à tecnologia na pandemia provocou a evasão escolar. Apenas em
2020, o número de crianças e adolescentes fora das escolas no Brasil subiu de
1,1 milhão em 2019 para mais de 5 milhões, segundo estudo realizado pelo Fundo
das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Nesse
cenário, é cada vez mais importante pensar em formas de transpor barreiras e
diminuir a desigualdade. Levantamento feito com 27 mil escolas públicas
brasileiras apontou que apenas 5.425 delas têm a velocidade de internet
adequada. O estudo foi feito pela Fundação Lemann, que usou dados do Censo
Escolar 2020 e um medidor de velocidade, o Simet. "É preciso ver a
inclusão digital como prioridade nas cidades inteligentes. A verdadeira
disrupção é quando conseguimos democratizar uma tecnologia que até então era
centralizada. Antes de pensar se o aluno vai ficar em casa ou na escola, ou em
ambos, é necessário pensar na rede de apoio. Dar acesso a tecnologias é
fundamental para colocar os estudantes no caminho das oportunidades e,
inclusive, preparar os jovens para um mercado de trabalho que sequer existe
ainda", declara Pimentel.
ICI – Instituto das Cidades Inteligentes
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