Construções icônicas, como o Pateo do Collegio, além de encantar turistas, também inspiram novos negócios. Ações simples de melhoria já geram impacto significativo de estímulo ao turismo
Circular pela região da Sé,
em São Paulo, possibilita a qualquer pessoa um olhar certeiro sobre os
problemas que a cidade enfrenta. Moradores de rua, imóveis abandonados e
calçadas esburacadas fazem parte desse cenário.
Ao mesmo tempo, construções
icônicas, como a Catedral da Sé e o Solar da Marquesa, e todo o patrimônio
histórico e cultural do Centro de São Paulo, além de encantar turistas, também
inspiram novos negócios e ações do poder público.
Nos últimos anos, os planos
para a defesa e preservação do entorno do Pateo do Collegio, chamado de
triângulo histórico da capital, parecem evoluir. A reforma dos calçadões,
prioridade do projeto Triângulo SP, aprovado na gestão do prefeito Bruno Covas
(Lei 17.332/2020), e a reforma do Vale do Anhangabaú são exemplos disso. Ações
simples, mas que já geram impacto significativo de estímulo ao turismo no
centro.
Um dos pontos mais visitados
da capital é o Pateo do Collegio, onde a cidade de São Paulo foi fundada, em 25
de janeiro de 1554, com os padres jesuítas Manoel da Nóbrega e o jovem José de
Anchieta, em missão de catequização do povo indígena.
No local, a construção de uma
igreja e um colégio marcaram a fundação da cidade. Hoje, o lugar é destaque no
centro histórico da capital pela própria igreja e o prédio do colégio. Há
também no espaço um museu de peças de arte sacra e o Museu Anchieta, com
detalhes da vida do padre José de Anchieta, além da Biblioteca Padre Antonio
Vieira, onde pesquisadores e estudiosos têm acesso a documentos sobre a
História do Brasil e da Companhia de Jesus.
Em 2015, o espaço foi
reconhecido e tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico,
Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (CONPRESP) e mantém o protagonismo
em qualquer roteiro a pé feito por São Paulo.
Com a população cada vez mais
em busca de programas ao ar livre, a ocupação do espaço público contribui para
sua revitalização, em especial de áreas como o centro. Há ainda o aumento no
volume de debates sobre as decisões que afetam cada um desses lugares e o
interesse pela região é crescente.
Atenta a tudo o que acontece
na região, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) foi parceira da
Prefeitura de São Paulo em uma das obras de melhoria da região: o Núcleo de
Convivência para Adultos em Situação de Rua, na rua Doutor Rodrigo Silva, 98,
na Liberdade - a poucos metros do Pateo do Collegio.
O local, com espaço para
refeitório, banheiros e lavanderia, foi custeado pela ACSP e é utilizado pela
Prefeitura de São Paulo para acolher pessoas em situação de vulnerabilidade
social. O imóvel integra o Projeto Acolher, voltado para atender pessoas que
moram na rua dando a elas tratamento médico, psicossocial e acolhimento
adequado para sua ressocialização.
O espaço pode ser utilizado
pela população de rua para alimentações, além de contar com espaço para banho,
higiene, lavagem de roupas e assistência social.
Embora já esteja atendendo, o
Núcleo de Convivência está recebendo acabamento para a inauguração oficial,
prevista ainda para janeiro. Como incentivo ao projeto, a ACSP auxiliou a
Prefeitura de São Paulo na montagem dos móveis e na utilização de recursos na
infraestrutura.
Carlos Bezerra, secretário
municipal de assistência e desenvolvimento social de São Paulo, aponta que uma
atuação participativa entre sociedade, entidades e o poder público possibilita
resultados mais céleres para a cidade como um todo.
Após a inauguração do novo centro
de acolhimento, prevista ainda para este mês, o local servirá 200 refeições
diárias para moradores de rua, segundo Bezerra. "Sou a favor de uma
atuação participativa e responsável da sociedade civil, e acho que a ACSP é uma
grande inspiração para outras entidades", diz.
Sobre a atuação na região
central, o secretário diz que desde março de 2020 - início da pandemia - sua
secretaria criou 2,5 mil vagas emergenciais em diferentes formatos para
recebimento de pessoas com covid.
Além disso, foram disponibilizadas
mais de 1,6 mil vagas de credenciamento em hotéis na região central. Para os
Núcleos de Convivência da Sé, Prates, Porto Seguro, Luz e Bela Vista - todo no
Centro - foram acrescidas em caráter emergencial mais de 1,7 mil vagas.
Para o padre jesuíta Carlos
Alberto Contieri, responsável pelo Pateo do Collegio, a realidade da população
em situação de rua precisa ser analisada num contexto global. Além do
empobrecimento paulatino da sociedade, aumento do desemprego, o alto custo de
vida, há quem esteja em situação de abandono por razões psíquicas como modo de
fuga e ainda outra parcela da população mais jovem que fez da rua seu estilo de
vida.
"Algumas questões são
mais amplas e não estão nas nossas mãos resolver, mas sou positivo sobre a
reversão dessa realidade. E isso certamente depende de políticas públicas
adequadas".
Ações como a do projeto
Acolher, na opinião do padre, abrem caminhos para a valorização e resgate de
dignidade da população e isso reflete prontamente na paisagem e recuperação do
centro.
Em uma situação dramática, a
Praça da Sé tem sido apontada pelos turistas, especialmente estrangeiros, como
um espaço abandonado, segundo o padre Contieri, que vê relação direta entre os
programas de acolhimento, a redução no número de pessoas em situação de
abandono e o fortalecimento turístico da região.
35 MIL PESSOAS EM SITUAÇÃO DE
RUA EM SP
O prefeito de São Paulo,
Ricardo Nunes, declarou recentemente que a pandemia fez crescer muito o número
de pessoa em situação de rua. “Estamos fazendo muitas ações para reverter esse
quadro, promovendo um atendimento humanizados a essas pessoas. Posso citar a
antecipação do censo de moradores, vamos relançar o programa Reencontro e já
estamos dialogando para construir dezenas de moradias pré-moldadas em área no
Centro”, disse o prefeito.
No último censo, feito em
2019, a cidade possuía 24 mil pessoas em situação de rua. Hoje, o número é bem
maior devido às crises na saúde e na economia, com o desemprego em alta.
Estima-se que o novo estudo revele uma população de rua próxima a 35 mil
pessoas.
Hoje, são 25 mil vagas nos
abrigos públicos com mais de 2,5 mil atendimentos nos Consultórios de Rua,
segundo o prefeito.
"É muito importante
incentivarmos e apoiarmos a prefeitura no âmbito deste problema social que
estamos passando. Eles precisam ter um local para se alimentar de forma digna e
iniciar o processo de recuperação da autoestima, tão abalada pela crise em que
vivemos. A Associação Comercial dá e dará todo o apoio possível nesse
sentido", diz Alfredo Cotait, presidente da ACSP e da Federação das
Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).
Repórter mserrain@dcomercio.com.br
Fonte: dcomercio.com.br/categoria/brasil/o-centro-de-sao-paulo-volta-a-sonhar-grande
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