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quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Sob um novo olhar: cirurgia de catarata tornou-se rápida e segura com ajuda da tecnologia

Mesmo cercado de mitos, o procedimento tem se popularizado, especialmente entre pessoas mais jovens. Segundo oftalmologista, o avanço da tecnologia garantiu maior agilidade, segurança e resultado imediato após a cirurgia


De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a catarata é a principal causa de cegueira reversível no mundo. No Brasil, a doença é responsável por 49% dos casos de perda de visão , segundo levantamento do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). Relacionada principalmente ao envelhecimento natural dos olhos, a catarata possui como única forma de tratamento a cirurgia, a qual tem atraído, para além de idosos, pessoas cada vez mais jovens, devido a modernização do procedimento ao longo dos anos.

A doença afeta o cristalino, que normalmente perde a capacidade de focalizar objetos e leitura próximos por volta dos 49 anos. Alguns pacientes apresentam esta dificuldade, à qual damos o nome de presbiopia, um pouco mais tarde, próximo dos 50 anos. A presbiopia é o primeiro sinal de que o cristalino está perdendo suas funções. Na evolução deste processo, acontece a perda da transparência e a formação da catarata.


Uma nova visão

Segundo o oftalmologista Dr. Marcello Fonseca, à frente do Instituto da Visão de Curitiba (iVisão), a falta de compreensão de grande parte da população integra uma extensa lista de mitos e tabus relacionados à catarata e ao seu tratamento cirúrgico, que foi paulatinamente modificado ao longo dos anos pelos avanços da tecnologia e da medicina:

"Antigamente, quando o paciente ainda tinha uma visão funcional razoável, mesmo com certa perda de qualidade, a cirurgia não era realizada. Isso acontecia porque as técnicas utilizadas exigiam um corte muito extenso, o que ampliava as chances de infecção e tornava a recuperação mais delicada. Quando levamos em consideração que os olhos possuem cerca de 12 mm, e o cristalino, 10 mm, a incisão exigida pela cirurgia era próxima ao diâmetro total dos olhos, em torno de 8 a 9 mm", explica o médico e fundador do iVisão.

Neste contexto, a mudança do ambiente da operação também foi decisiva para que o procedimento fosse visto com outros olhos. Com a transferência da oftalmologia para clínicas especializadas, a cirurgia de catarata, que até então era realizada em hospitais gerais, passou para um local menos suscetível a infecções, contribuindo para torná-la uma das mais seguras da atualidade.

Simultaneamente, a chamada facoemulsificação surge como uma das técnicas mais utilizadas para a solução do problema até os dias de hoje; nela, a partir de uma incisão mínima, de cerca de 1.8mm, é introduzida uma sonda vibratória que, com uma mecânica similar a de uma britadeira utilizada em construções, fragmenta o cristalino - quando este já se encontra mais rígido, em um estágio avançado de catarata -, em pequenos pedaços, os quais são aspirados mais facilmente. Posteriormente, ele é substituído por uma lente intraocular transparente dobrável, sem a necessidade de pontos, o que permite a recuperação imediata da visão.

O Dr. Marcello ressalta, contudo, que a correção de catarata e a eliminação do uso de óculos podem acontecer simultaneamente, mas tratam-se de procedimentos distintos. "A cirurgia de catarata consiste na remoção do cristalino, o que por si só já é suficiente para eliminar a opacidade da visão ocasionada pela doença. Já a eliminação do grau, com a substituição por uma lente que busca corrigir outros problemas oculares, é uma alternativa que varia de acordo com a expectativa de cada paciente em relação ao procedimento e o desejo ou não de eliminar o uso dos óculos.", esclarece.


Quanto antes, melhor

O envelhecimento natural dos olhos ainda é o principal responsável pela catarata, mas existem outras causas para o seu surgimento, como no caso da catarata congênita, na qual uma criança já nasce com a condição; e a relacionada a outras doenças pré-existentes, como a diabetes, por exemplo. Além disso, possíveis traumas oculares e o uso contínuo de determinados medicamentos, como corticoides, também podem ocasionar o aparecimento precoce da doença.

A percepção nebulosa e até mesmo assustadora que muitos ainda têm do procedimento está em vistas de ser substituída pela nitidez da precisão e da segurança de como ele é realizado atualmente. "Da anestesia geral, o procedimento passou a ser local, com a utilização de colírios anestésicos. O paciente permanece consciente e não sente nenhum desconforto durante o ato cirúrgico, que dura apenas alguns minutos. Com isso, eliminamos, inclusive, o uso do tampão no pós operatório. O paciente já sai da clínica enxergando.", conclui o oftalmologista.

Não por acaso, a busca pelo procedimento tem aumentado cada vez mais: no próprio Instituto da Visão de Curitiba, mesmo durante a pandemia, foram realizadas uma média de 200 cirurgias de catarata mensalmente ao longo de 2021.

Hoje, já não há mais motivos para tanto sofrimento e espera para conseguir um novo olhar sobre a vida. Assim que a catarata é diagnosticada, a cirurgia já pode ser realizada, sem que seja necessário aguardar pelo seu "amadurecimento", o comprometimento das nossas funções diárias e, no pior dos casos, a perda completa da visão.

Diante de tantos aprimoramentos, o procedimento abandonou o posto de uma cirurgia complexa, antes realizada somente em últimos casos, quando não havia mais nenhuma outra opção, para ocupar o local de uma cirurgia segura, rápida e com altas chances de uma recuperação bem-sucedida.

 

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