Quem aqui faz resoluções de ano novo? Quem aqui pensa em projetos novos, parcerias, planos para o futuro, viagens, família, estudos? Mas quem coloca a saúde mental nessa lista de prioridades?
Nós costumamos elencar uma
lista ambiciosa de metas e objetivos para o novo ano, mas muitas vezes nos
esquecemos da saúde mental. Precisamos falar sobre ela e intencionalmente colocá-la
no topo da nossa lista, como indivíduos e como sociedade, seja pelo impacto que
ela tem na saúde, na educação, empregabilidade, violência, produtividade, seja
porque ela influencia diretamente nossa qualidade de vida.
Quando ouvimos dizer que o
corpo e a mente são uma coisa só é porque, de fato, um não trabalha bem sem o
outro. Saúde mental não é só do pescoço para cima, nem saúde física apenas do
pescoço para baixo. Dados do levantamento "Caminhos em Saúde Mental",
que organizamos no Instituto Cactus, mostram que a saúde mental impacta
diretamente nossas ações físicas, nossas relações sociais, capacidade de
aprendizagem e aptidão para produzir. Por isso, a prevenção de doenças e a
promoção da saúde mental são tão necessárias, especialmente no momento em que
estamos nos preparando para novos rumos.
E como fica a saúde mental para as metas no trabalho, na escola, na vida?
A saúde mental é parte fundamental da saúde do nosso organismo. Do nosso funcionamento biológico e psicológico. Do nosso corpo pessoal e também social. Está relacionada à forma como cada pessoa lida com seu entorno, seus desafios cotidianos e as transformações da vida.
Nesse sentido, a produtividade e engajamento dos funcionários, as relações pessoais e profissionais, assim como o empenho com atividades escolares ou ações do dia a dia, estão intimamente associados à saúde mental, que não significa apenas inexistência de doença, mas sim uma complexa rede de interação entre aspectos individuais e condições de vida de cada pessoa. Para cumprir metas, precisamos estar motivadas, engajadas, e mentalmente saudáveis, em lugares onde nos sentimos valorizadas e respeitadas e tenhamos acesso a à políticas e ferramentas de cuidados psicossociais efetivos e em estruturas que promovam este tipo de cultura, em sua governança, cultura e processos.
Segundo um estudo realizado pela Universidade da Califórnia, trabalhadores que cuidam da saúde mental são, em média, 31% mais produtivos, três vezes mais criativos e vendem 37% a mais em comparação com outros. A pesquisa ainda destaca que os motivos têm pouco a ver com salário, e sim, com o quanto o colaborador se sente parte do sucesso da empresa e no quanto o ambiente é saudável. Ou seja, tem a ver com como nos sentimos, não com quanto ganhamos, e essa tendência tende a aumentar com as próximas gerações.
A saúde mental, por diversas razões, é o eixo central para podermos mover todas as engrenagens que queremos, para alcançar as mudanças que dizem respeito a nós mesmos, mas também a diversas outras agendas sociais, ao crescimento econômico e a práticas de ESG. Ela não diz respeito apenas à saúde, mas também a diversos outros setores sociais, como o ambiente de crescimento e desenvolvimento, a inclusão de produção, a educação, o acesso ou falta de materiais bens e culturais, abrangendo também as possibilidades de participação ativa na vida comunitária.
Por isso, precisamos cada vez mais incorporar a lente da saúde mental e incluí-la em nossos planos e priorizações. Edificar o debate sobre saúde mental em todos os âmbitos (inclusive nas empresas), incorporando estratégias que trabalhem a prevenção de doenças e a promoção da saúde mental no ambiente de trabalho é extremamente necessário e urgente.
Que metas de prevenção e
promoção em saúde mental podemos incluir na nossa lista para este próximo ano?
Maria
Fernanda Quartiero - Diretora Presidente do Instituto Cactus.
Luciana
Barrancos - Gerente Executiva do Instituto Cactus, organização filantrópica que
promove ações de advocacy e fomento estratégico, ampliando informações e
cuidados com a Saúde Mental.
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