Presente
no processo de envelhecimento de muitas famílias brasileiras, as demências e
especialmente a doença de Alzheimer ainda são desconhecidas do público em
geral, em especial os fatores que levam ao desenvolvimento da doença.
Mais
comuns entre as demências, a doença de Alzheimer é definida pela Associação
Internacional da Doença de Alzheimer como uma auto degeneração neuronal,
ocasionada pelo mal funcionamento das proteínas betamiloide e tau.
Quando
essas proteínas não funcionam bem, as sinapses – que são a comunicação entre os
neurônios –, deixam de funcionar e esses neurônios morrem, a partir desse mal
funcionamento.
Essa
é uma perda irreparável, como lembra Livia Ciacci, Mestre em Sistemas Neuronais
do Supera– Ginástica para o cérebro. “Uma vez instalada não tem como fazer esse
neurônio funcionar de novo. A localização e a intensidade que vão acontecendo
essas perdas, vão definir os sintomas que o paciente vai perceber”,
detalhou.
Contudo,
é possível estimular o cérebro ao longo da vida para retardar o aparecimento
dos sintomas. Entenda abaixo como isso acontece, além de conferir outras
perguntas e respostas frequentes sobre o assunto:
· Qual é a
diferença entre as demências e o Alzheimer?
A
doença de Alzheimer é caracterizada como um transtorno neurocognitivo maior.
Isso porque, diferente de outros transtornos – classificado dentro das
categorias leve e moderado –, a doença de Alzheimer causa prejuízo cognitivo
maior na vida do paciente, fazendo com que ele tenha uma dependência maior de
cuidados.
“A
doença de Alzheimer é um dos transtornos neurocognitivos maiores. Ela pode
levar a uma dependência, tem uma evolução lenta e progressiva, que causa perdas
irreparáveis, inclusive essas perdas começam no hipocampo e nas áreas corticais
que trazem os sintomas característicos de perda de memória, linguagem,
desorientação espacial e dificuldade para resolver problemas”, explicou a
especialista.
· Qualquer
pessoa pode ter Alzheimer?
Quando
o assunto é a doença de Alzheimer, fatores genéticos tem um peso importante,
mas especificamente mutações dos cromossomos 14 e 21.
Famílias
que apresentam essa mutação, tem maior probabilidade de passar esse fator aos
descendentes e eles desenvolverem a doença de Alzheimer, mas este, segundo a
especialista, não é esse o único fator. “É muito difícil falar em uma causa
para a doença de Alzheimer. Ela é uma doença multifatorial, então todo estilo
de vida, nível de educação, estilo de alimentação, atividade física, que a
pessoa desenvolveu ao longo da vida, isso vai impactar no processo de
envelhecimento dela e pode aumentar ou não a chance de ela desenvolver a doença
de Alzheimer”, lembrou.
· O que eu
posso fazer hoje para não ter Alzheimer?
Como
o Alzheimer é uma doença multifatorial, a prevenção também deve ser feita por
vários fatores e o primeiro ponto é cuidar da saúde geral do organismo,
observando o controle das doenças crônicas – como diabetes, obesidade, doenças
cardiovasculares, hipertensão, sem esquecer da atividade física e alimentação.
Uma vez que o corpo está saudável, segundo a especialista, é importante
observar de perto a cognição, utilizando estratégias de treino cognitivo para
um resultado positivo que podem retardar o aparecimento dos sintomas da doença.
“Uma
vez que eu tenho metas em cima de um treino cognitivo, com atividades que
envolvem novidade, variedade e grau de desafio crescente, essas atividades
estimulam a neuroplasticidade, ou seja, a capacidade do sistema nervoso
modificar sua estrutura e função em decorrência dos padrões de experiência. Com
a neuroplasticidade sendo estimulada, eu consigo uma reserva cognitiva robusta.
Essa reserva contribui para que o cérebro seja mais resistente aos danos de uma
possível degeneração da idade ou uma doença”, disse.
· Meus pais
têm Alzheimer, eu vou ter também?
Ter
parentes de primeiro grau com a doença não é exatamente uma sentença. É
possível fazer muito pelo cérebro, criando reserva cognitiva e se antecipando a
qualquer sintoma que venha a aparecer no futuro. Confira dicas importantes que
podem ajudar nesta compreensão:
· Estimulação
cognitiva e doença de Alzheimer
A
estimulação cognitiva ou ginástica para o cérebro não cura ou impede o
andamento da doença, mas são uma ferramenta a favor da reserva cognitiva que se
forma a partir das vivências feitas ao longo de toda a vida, como por exemplo
empregos desafiadores que movimentam dados e favorecem a plasticidade do
cérebro. Ter uma reserva cognitiva robusta favorece com que a plasticidade do
cérebro se mantenha mesmo se a doença se manifestar, evitando assim que os
sintomas se agravem rapidamente.
· Como os
estímulos cognitivos colaboram neste sentido?
A
ginástica para o cérebro organiza os estímulos cognitivos. Essa organização de
estímulos trás sempre novidade, variedade e grau de desafio crescente, porque
não adianta nada quebrar a cabeça em problemas ou desafios, ou colocar o idoso
e cobrar que ele seja super desempenhado em resolver problemas, se o estímulo não
estiver no grau de dificuldade correto ou evoluindo. Desafios fáceis demais não
motivam e difíceis demais causam frustração e o objetivo da ginástica para o
cérebro é justamente motivar em prol de uma neuroplasticidade que avança com a
reserva cognitiva.
· No caso dos
idosos, o que é possível fazer para evitar o aparecimento de sintomas de
Alzheimer?
Primeiramente:
identificar se você tem na família algum caso ou já passou alguma dificuldade com
um familiar com doença de Alzheimer. Se a resposta for sim, é preciso redobrar
os cuidados com a saúde e os bons hábitos e nunca parar. Albert Einstein já nos
ensinou que a vida se mantém em movimento e não significa que você aposentou e
pode ficar a “à toa”. É muito importante nos mantermos ativos e principalmente
envolvendo coisas que a gente gosta, mas além das leituras, da convivência
social, ter em nossa rotina os treinos cognitivos de atenção, memória,
coordenação motora. Tudo isso contribui muito para a agilidade mental, para que
você mantenha uma independência, uma autonomia e consiga viver melhores
momentos com a sua família até o final da vida.
· Os idosos
ficaram muito tempo isolados. Isso pode afetar o cérebro deles de alguma forma
contribuindo para o Alzheimer?
Somos
seres sociais e dependemos 100% de convivência e a faixa etária dos idosos foi
a mais impactada no período de pandemia e isolamento que perdura até hoje.
“Imagine
que este idoso já ficou longe da convivência familiar e sente essa falta. Ele
ainda tem insegurança de retornar, porque a vacina não resolveu 100% dos
problemas ainda, e todo esse período sozinho pode aumentar muito os casos de
ansiedade, depressão e apatia. Isso favorece o quadro de doença de Alzheimer
ainda mais se a pessoa já tiver pré-disposição”, concluiu a especialista.
Serviço
No
próximo dia 22 de setembro o Supera realiza ao vivo para todo Brasil a terceira
edição do evento “Despertando a Sociedade para a Saúde do cérebro”. O evento
acontece em alusão ao Setembro Roxo – mês de conscientização para o com
palestras dedicadas à conscientização sobre o assunto e a presença de vários
especialistas que serão transmitidas ao vivo pelo canal oficial do Supera no
YouTube para todo Brasil.
Você
pode conferir ao vivo a partir das 14h30 pelo canal do Método Supera no
Youtube.
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