Pediatra desmistifica ideia de que estar "cheiinho"
é sinal de saúde na infância
O ato de comer é
fundamental para o bom funcionamento do organismo. É preciso ingerir nutrientes
e calorias para manter a saúde. No entanto, com o passar dos anos o comer
também se tornou um ato social e acabou, com isso, perdendo a boa prática da
saúde.
Prova disso é que
muitos de nós crescemos ouvindo que a gestante deve "comer por dois",
que a criança deve "rapar o prato para crescer" e assim por diante.
"Nossa cultura ainda busca o comer bastante para ficar saudável e
constatamos isso quando vemos a alta incidência da queixa ‘meu filho não come’
nos consultórios pediátricos", destaca Dra. Renata Anicetto, pediatra da SBP e
membro da Liga da Cozinha Afetiva, que diz que as frases automatizadas do dia a
dia reforçam, na verdade a cultura da obesidade.
Segundo a médica,
não é porque a criança está em crescimento que significa que precise comer
mais. Desde a amamentação o bebê já tem a capacidade de modular a quantidade de
leite sugada de acordo com o tamanho da fome. Por isso, é essencial saber
respeitar a regulação de fome e saciedade de cada um - algo natural e
individual.
Pais e cuidadores
também devem evitar barganhas cuja recompensa é comida. "Ao invés de falar
‘se você se comportar, te dou um sorvete’, use ‘vamos jogar bola no parque’.
Assim, não associamos o comer à recompensa e ao prazer exclusivamente",
propõe a pediatra.
Dra. Renata lembra
que, segundo dados da UNICEF, o sobrepeso e a obesidade são frequentemente
identificados em crianças de 5 anos em todos os grupos de renda, bem como em
todas as regiões brasileiras. Isso se explica, em parte, porque alimentos
industrializados passaram a ser parte da rotina alimentar e houve diminuição na
prática de atividade física. "Esse quadro faz com que uma em cada três
crianças de 5 a 9 anos possua excesso de peso no Brasil. Entre os adolescentes,
17,1% estão com sobrepeso e 8,4% já são considerados obesos", alerta.
A médica lembra as
recomendações do Guia Alimentar do Ministério da Saúde como uma das maneiras de
combater a cultura da obesidade:
• Amamentar até 2
anos ou mais, oferecendo somente o leite materno até 6 meses.
• Oferecer alimentos
in natura ou minimamente processados, além do leite materno, a partir dos 6
meses.
• Oferecer água
própria para o consumo à criança em vez de sucos, refrigerantes e outras
bebidas açucaradas.
• Oferecer a comida
amassada quando a criança começar a comer outros alimentos além do leite
materno.
• Não oferecer
açúcar nem preparações ou produtos que contenham açúcar à criança até 2 anos de
idade.
• Não oferecer
alimentos ultraprocessados para a criança.
• Cozinhar a mesma
comida para a criança e para a família.
• Zelar para que a hora
da alimentação da criança seja um momento de experiências positivas,
aprendizado e afeto junto da família.
• Prestar atenção
aos sinais de fome e saciedade da criança e conversar com ela durante a
refeição.
• Cuidar da higiene
em todas as etapas da alimentação da criança e da família.
• Oferecer à criança
alimentação adequada e saudável também fora de casa.
• Proteger a criança
da publicidade de alimentos.
LIGA DA COZINHA AFETIVA
@ligadacozinhaafativa
Dra. Renata Aniceto - CRM 88006 • Médica formada pela Faculdade de Medicina do ABC • Pediatria e Hematologia pela FMUSP /SP • Especialização em Nutrologia pela ABRAN /SP e Nutrologia Pediátrica pela Boston Medicine University • Atua em consultório pediátrico,atendendo gestantes,crianças e adolescentes através do olhar da Medicina Preventiva. • Empreendedora e criadora de conteúdo digital em saúde,em 2008 criou o projeto "Cozinha Experimental -da teoria à prática ". Através de cursos práticos com enfoque em Medicina culinária e Nutrição Afetiva, capacitou centenas de mães e de médicos pediatras no que há de mais atual em alimentação infantil. • Seu conhecimento e experiência na área valeram um convite para fazer parte da "Liga da Cozinha Afetiva", o qual enxergou como uma grande possibilidade de expandir conceitos em alimentação, saúde,estilo de vida e afeto.
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