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segunda-feira, 6 de setembro de 2021

"Pais devem se educar para saber como educar os filhos", garante filósofo Fabiano de Abreu

Especialista em estudos da mente humana, Fabiano de Abreu constrói mais uma teoria educacional que revela a rebeldia da criança


Não é difícil encontrar pais que  acreditam que acharam o padrão de sucesso para criar os filhos. O problema é que muitas dessas estratégias são baseadas nas vivências e na opinião pessoal dos pais, sem levar em consideração que crianças também possuem personalidade, quereres e em alguns casos até  opinião. Mas e quando os pais também não têm condutas coerentes? E se os filhos possuem um grau de compreensão tão elevado que já não obedecem só por obedecer? Como evitar conflitos e encontrar uma educação equilibrada? 

O filósofo, jornalista, psicanlista e escritor Fabiano de Abreu aponta que educar dentro do próprio princípio sem a busca de uma lógica e um entendimento amplo sobre as razões do filho pode acarretar problemas de mal comportamento e incompreensão. “Para educar alguém precisamos educar a nós mesmos. Muitos pais esquecem que os comportamentos dos filhos são o reflexo dos próprios comportamentos, funcionamos muito como espelhos, uma base”, explica.

Levando em consideração essa lógica, uma criança rebelde não deixará de ser rebelde apenas por ser repreendida. O progenitor ou quem estiver encarregado da sua educação deve tentar entender o motivo da rebeldia e conseguir remediar de forma racional. Deve ainda, desbravar caminhos para que a própria criança possa compreender e, por vontade própria, tentar mudar o seu comportamento, defende o especialista.

 

Lidando com filhos acima da média

Não são apenas crianças rebeldes que tendem a ser problemáticas quando o assunto é educar. Aprender a lidar com uma criança acima da média também pode ter seus poréns. Um exemplo é a criança com um cognitivo avançado devido à sua alta inteligência numa idade que não tem experiência ainda para ter consciência do seu comportamento.

Fabiano elucida que esse tipo de filho vive uma dualidade: experiência vs inteligência com o cognitivo baseado nesta inteligência. “Portanto, o seu comportamento pode ser entendido de uma forma diferente e assim, o adulto não sabe lidar com esta educação”, aponta. 

Outro fato é que crianças inteligentes tendem a mentir, o que não necessariamente é um padrão de comportamento mau. “A mentira faz parte do mundo infantil, por conta da fantasia, do pensamento mágico. Usar a inteligência para mentir manipulando, os que a amam para obter o resultado final a seu favor é completamente natural. Deve existir, contudo, alguém que identifique os excessos e saiba delimitar, cortar e impor limites para proteger essas crianças delas mesmas”, defende Fabiano. 

Possuir uma inteligência mais avançada também pode fazer com que pais negligenciem a criação dos filhos. “Ser inteligente não significa que a criança não precise ser guiada, amada e educada. Não devemos acreditar que se a criança é inteligente, o tempo junto com a sua inteligência a fará se auto educar ou ela, sozinha, encontrará uma forma para ter um bom futuro. Traumas ou uma má educação na infância refletem-se nos problemas desta criança quando se tornar adulto”, alerta.

Fabiano defende que a inteligência pode sim ser responsável pela auto educação e percepção do que é melhor para si, mas nunca sem supervisão e limites impostos. A criança tem que sentir que o mundo não gira em torno dela, que há mais para além da sua existência e que para cada escolha ou ato há uma consequência. “Ensinar a saber lidar com as perdas e com os ganhos, saber dosear a excitação e a frustração é um dos principais papéis dos pais”, defende.

O adulto, ao educar, não se deve deixar cegar. A inteligência emocional é uma presença constante entre pais e filhos, para o bem e para o mal e, muitas vezes, os pais não enxergam verdadeiramente as situações que têm perante si, garante o filósofo. “O emocional pode atrapalhar com toda a certeza, e por vezes é preciso criar um pouco de distância para compreender as problemáticas. Temos que contribuir para que o seu futuro seja bom, recheado de bastantes conquistas sempre vinculadas ao uso pleno da sua inteligência e capacidades”, recomenda.

 

Para entender melhor:

Cognitivo: é uma expressão relacionada ao processo de aquisição de conhecimento. O processo cognitivo envolve diversos fatores e nuances dentro do conhecimento e das percepções através da arquitetura da mente — memória primitiva, o inconsciente, o sobre inconsciente, o pré consciente e o consciente. A experiência é parte relevante no desenvolvimento do cognitivo. 

Inteligência: É genética e se configura com características muito próprias desde o nascimento. Uma pessoa de grande inteligência tende a ser um intelectual e intelectual é quem tem e busca conhecimento de determinados temas.   

Intelecto: pode ser trabalhado e desenvolvido dentro do conhecimento adquirido e da experiência.

 

Crianças inteligentes cometem ações surpreendentes para os outros e normais para elas mesmas

Primeiramente vamos entender o verdadeiro significado das palavras para mergulhar na profundidade dos conceitos onde encontramos o lar do conhecimento, da consciência e da razão.

Cognitivo é uma expressão relacionada ao processo de aquisição de conhecimento. O processo cognitivo envolve diversos fatores e nuances dentro do conhecimento e das percepções através da arquitetura da mente.  Falamos de memória primitiva, o inconsciente, o sobre inconsciente, o pré consciente e o consciente. Pensamentos, linguagem, percepção, memória, raciocínio entre muitos outros fatores como comportamento, personalidade e etc., que fazem parte do desenvolvimento intelectual. A experiência é parte relevante no desenvolvimento do cognitivo.

A inteligência é genética e é diferente de intelecto. O intelecto pode ser trabalhado e desenvolvido dentro do conhecimento adquirido e da experiência. A inteligência é algo que possuímos com características muito próprias desde que nascemos. Uma pessoa de grande inteligência tende a ser um intelectual e intelectual é quem tem e busca conhecimento de determinados temas. 

Agora que sabemos o significado das palavras podemos nos aprofundar mais ainda neste linha de conhecimento. Por vezes, ter noções mais corretas e fiéis de certas características e comportamentos ajuda os pais a lidar com os seus filhos de uma outra forma, entendendo algumas das problemáticas nos seus sentidos mais amplos e ao mesmo tempo compreender que o que parece nem sempre o é.

 

“Para educar alguém precisamos educar a nós mesmos”

Eu sempre digo que para educar alguém precisamos educar a nós mesmos. Muitos pais educam os seus filhos dentro do próprio princípio sem a busca de uma lógica e um entendimento amplo sobre as razões do filho. Não esqueçamos que muitas das vezes os comportamentos dos nossos filhos são o reflexo dos nossos próprios comportamentos, funcionamos muito como espelho, somos a base.

Uma criança rebelde não deixará de ser rebelde apenas por a repreendermos. O progenitor ou quem estiver encarregado da sua educação deve tentar entender o motivo da rebeldia e conseguir remediar de forma racional. Deve desbravar caminho para que a própria criança possa compreender e, por vontade própria, dentro do convencimento tentar mudar o seu comportamento. 

Uma criança inteligente, de alto QI, tem o cognitivo mais desenvolvido que muitas outras crianças do seu ciclo, diferenciando-se assim do comportamento natural das demais e desta forma se sentir incompreendida. Observamos muitas vezes que este tipo de criança é quase um camaleão mesmo que inconscientemente. Ela adapta-se quase instantaneamente ao local e à pessoa com quem se encontra de forma a se integrar. Consegue ser criança mas também ser mais adulta se a ocasião assim o pedir. Mudam os assuntos, a forma de estar e comportar, a forma de falar e de ocupar o espaço. Não deixa de ser também uma manipulação constante e da qual elas não têm verdadeira consciência.

Uma criança com um cognitivo avançado devido à sua alta inteligência numa idade que não tem experiência ainda para ter consciência do seu comportamento, vive uma dualidade: experiência vs inteligência com o cognitivo baseado nesta inteligência. Portanto, o seu comportamento pode ser entendido de uma forma diferente e assim, o adulto não saber lidar com esta educação.

Crianças inteligentes tendem a mentir, mas também não podemos confundir a mentira crua com manipulação. A mentira ou mentirinha, pode ser uma forma de manipular para conquistar de forma inteligente. Nesta situação os adultos têm a capacidade de distinguir pois a criança ainda não tem a experiência necessária para que possa fazer uma melhor manipulação e cairmos nela. Mentir não é necessariamente um padrão de comportamento mau.

A mentira faz parte do mundo infantil, por conta da fantasia, do pensamento mágico.

Usar a inteligência para mentir manipulando, os que a amam para obter o resultado final a seu favor é completamente natural. Deve existir, contudo, alguém que identifique os excesso e saiba delimitar, cortar e impor limites para proteger essa criança dela mesma.

Comportamento rebelde pode ser um aviso de uma falta que precisa ser suprida. A rebeldia é o resultado da independência programada da criança até mesmo como resposta de querer ser como o adulto e acreditar que este posicionamento o iguala.

Ser inteligente não significa que a criança não precise de ser guiada, amada e educada.

Não devemos acreditar que se a criança é inteligente o tempo junto com a sua inteligência a fará se auto educar ou ela, sozinha, encontrará uma forma para ter um bom futuro. Traumas ou uma má educação na infância refletem-se nos problemas desta criança quando se tornar adulto.

Se queremos o melhor para os nossos filhos ou os nossos educandos, devemos ter inteligência para saber lidar com eles e ajuda-los para que possam ser adultos plenos e grandes profissionais. Ter o resultado que pretendemos começa a partir da educação dada desde a infância.

A inteligência pode sim ser responsável pela auto educação e percepção do que é melhor para si mas nunca sem supervisão e limites impostos. A criança tem que sentir que o mundo não gira em torno dela, que há mais para além da sua existência e que para cada escolha ou ato há uma consequência. Ensina a saber lidar com as perdas e com os ganhos, saber dosear a excitação e a frustração é um dos principais papéis dos pais. O adulto ao educar não se deve deixar cegar. A inteligência emocional é uma presença constante entre pais e filhos, para o bem e para o mal e, muitas vezes, os pais não enxergam verdadeiramente as situações que têm perante si. O emocional pode atrapalhar com toda a certeza, e por vezes é preciso criar um pouco de distância para compreender as problemáticas. Temos que contribuir para que o seu futuro seja bom, recheado de bastantes conquistas sempre vinculadas ao uso pleno da sua inteligência e capacidades.

 

 

Fabiano de Abreu Rodrigues - jornalista, empresário, escritor, filósofo, poeta, personal branding e psicanalista luso-brasileiro.


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