Estes dois acrônimos são o que todos os investidores, empresários, empreendedores e executivos deveriam pensar o tempo todo. Sabemos que a visão financeira e a busca pelo lucro e crescimento eterno é o que domina o pensamento linear e cartesiano tradicional. Mas, em um mundo da indústria 4.0, impressão de casas em 3D, inteligência artificial, exoesqueletos, carros voadores, drones entregadores, enfim, também temos que inovar e ampliar a forma simplista de pensar. Quem sabe não pensarmos em 4D?
Os ODS, para quem não conhece, são os 17 Objetivos
do Desenvolvimento Sustentável da ONU, que possuem 169 metas. Em 2015, os 193
Estados-Membros da ONU se reuniram e definiram quais eram os maiores problemas
e desafios do mundo. Nestes ODS estão englobados objetivos não só ambientais,
como a maioria das pessoas associam a sustentabilidade ao meio ambiente. Também
entram as questões sociais, econômicas e parcerias. Por exemplo, tem o ODS
número 8 que está ligado ao trabalho decente e ao crescimento econômico; e o
número 9, à indústria, inovação e infraestrutura. E para cada um destes ODS é
feito um recorte com as suas metas e desenvolvimento. Conheça mais em https://brasil.un.org/pt-br/sdgs
Muitos acham que os ODS são só para as questões
governamentais ou do coletivo, porém, várias empresas também estão no processo
de realizar esses objetivos por meio dos seus produtos, serviços, processos,
projetos e atividades. Essas empresas entenderam que nesse novo processo de
ganha-ganha, quando é realizada uma ação para melhoria da meta do
desenvolvimento sustentável, todos ganham. Lá no Fórum Econômico Mundial do ano
passado, até chamaram esse pensamento da economia dos stakeholders,
ou seja, que as empresas deveriam trabalhar não só para ter o lucro do
acionista e para atender as demandas dos clientes e consumidores, mas também
para entregar valor aos outros públicos de relacionamento, como os
fornecedores, os empregados, a comunidade no entorno, o governo, a sociedade,
entre outros.
E desde o Fórum Econômico Mundial a questão do ESG
(acrônimo para Enviromental, Social e Governance, em português Ambiental,
Social e Governança) ficou mais forte. Tanto que, segundo a Bloomberg, o
montante de recursos mundial, que está ligado de alguma forma a esta temática,
representou cerca de US$ 38 trilhões em 2020 e, em 2025, deve chegar a US$ 53
trilhões, o que equivale a um terço dos ativos de investimentos.
Para apresentar as atividades ligadas ao ESG nas
organizações, a pesquisa da AMCHAM de 2021, com 178 lideranças de empresas no
Brasil, 95% dos entrevistados afirmaram que as suas empresas possuem
engajamento no ESG, sendo que 37% destes têm um engajamento em planejamento
ativo e estão mapeando os pontos a serem desenvolvidos; 31% dizem já ter um
engajamento integral e integrado ao negócio, colocando a sustentabilidade na
gestão estratégica; 26% vêm construindo este engajamento adotando práticas para
minimizar seus impactos socioambientais; e 89% dos entrevistados colocaram que
já possuem algum nível de investimento direcionado para esse objetivo.
O crescimento do interesse pela temática não é só
das gigantescas empresas ou dos investidores, mas também das startups, segundo
a ACE Cortex, área de inovação da ACE Startups, já são mais de 340 startups que
se dedicam ao meio ambiente, questões sociais ou em melhorias de governança em
empresas de grande porte, ou seja, o desenvolvimento de um mercado de produtos
e serviços, se aprimorando para atender às demandas específicas de cada um dos
indicadores do ESG das empresas.
Por outro lado, no acrônimo ODS, tivemos um
retrocesso acelerado no país, segundo a 5ª edição do Relatório Luz da Sociedade
Civil de 2021. Este documento é desenvolvido por um Grupo de Trabalho da
Sociedade Civil para a Agenda 2030, que reúne 57 organizações não
governamentais, movimentos sociais, fóruns, redes, universidades, fundações e
federações brasileiras. Este diagnóstico foi atestado por 106 especialistas em
diversas áreas dos 17 ODS e as suas metas, colocando que “a destruição de
direitos sociais, ambientais e econômicos, além de direitos civis e políticos,
arduamente construídos nas últimas décadas, fica patente nas 92 metas (54,4%) em
retrocesso; 27 (16%) estagnadas; 21 (12,4%) ameaçadas; 13 (7,7%) em progresso
insuficiente; e 15 (8,9%) que não dispõem de informação. Este ano não há uma
meta sequer com avanço satisfatório”.
Assim entendemos que precisamos juntar e fazer com
que os acrônimos andem em conjunto. Não só empresarialmente, mas para todos os stakeholders,
pois no final do dia ou do ano estamos todos no mesmo “barco” ou no mesmo
planeta com as mesmas demandas, desafios e problemas.
Marcus Nakagawa - Professor e coordenador do
CEDS/ESPM; autor premiado com o Jabuti 2019, palestrante e idealizador da
Abraps e do Dias Mais Sustentáveis.
@ProfNaka
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