Profissionais de
arquitetura abordam os pontos que devem conduzir o projeto do dormitório e
explica aos pais o que deve ser considerado para facilitar a rotina dos filhos
no compartilhamento do ambiente
Durante
a infância, o compartilhamento
de quarto entre irmãos pode ser motivo de conflitos. E não é
para menos: desde cedo, a criança exprime o desejo de ter seu próprio cantinho
onde possa expressar suas singularidades e gostos. Mas, na impossibilidade de
ter um dormitório para dormir sozinho e chamar de seu, é possível sim que o
ambiente dividido possa prover essas sensações de pertencimento e bem-estar.
Conhecer
o perfil de cada criança, entender as características inerentes à faixa etária
e realizar um bom planejamento são alguns dos caminhos apontados por Erika Mello, arquiteta no escritório
Andrade & Mello Arquitetura. Para ela, a leitura
individualizada e as soluções proporcionadas pela arquitetura de interiores
pode, inclusive, incutir nos irmãos a felicidade de crescerem e dormirem juntos
no mesmo dormitório.
“Muito além do descanso noturno, um
espaço bem planejado assegura a oportunidade de os pequenos realizarem
atividades educativas, brincadeiras e uma ambiência tranquila para as tarefas
escolares e as aulas online. No final das contas, o objetivo é prover
experiências e memórias muito positivas para os pequenos moradores”,
explica Erika.
Junto
com o também arquiteto e seu sócio, Renato
Andrade, eles elencaram alguns pontos que norteiam esse
processo. Acompanhe:
Delimite os espaços de cada um
Cada irmã com sua caminha: embora no conceito de beliche, os arquitetos Erika e Renato eliminaram a sensação de aperto – tanto para quem dorme na parte inferior, quanto em cima | Foto: Luis Gomes
Independente do gênero dos irmãos que
coabitam o mesmo quarto, é importante que cada um tenha um espaço que se
reconheça como indivíduo, independentemente da idade. Renato Andrade argumenta
que, em alguns projetos, a diferença entre a faixa etária pode até se revelar
como limitante em alguns pontos, mas as boas ideias cooperam a equacionar os
desafios. “Em dormitórios
pequenos, o beliche é, sem dúvida, um móvel que contribui para aumentar a
circulação. Ao mesmo tempo, pode causar receio aos pais, que temem pela
segurança dos pequenos. Mas já realizamos um projeto que a caminha de cima foi
toda protegida por acrílico e, para a escada, a marcenaria produziu degraus
muito mais leves e tranquilos para o movimento de subir e descer”,
descreve.
Já nesse quartinho assinado pela arquiteta Cristiane Schiavoni, um móvel entre as camas foi responsável por criar a divisão entre as camas dos irmãos | Foto: Carlos Piratininga
Aposte
em cores e decoração
Depois de traçar o espaço dos pequenos moradores no dormitório, pensar na cor é outra missão muito importante. “A paleta adotada precisa dialogar com eles, destacando as preferências de cada um. O layout e o décor de um quartinho costuma se manter pelo período da infância e é fundamental que se sintam felizes, realizados e acolhidos no ambiente. Precisa se democrático e agradar a todos”, discorre Erika.
Fugindo dos padrões, os
profissionais do escritório também afirmam que o arquétipo que antigamente
definia uma determinada cor para menino e outra para menina ficou no passado. O
paradigma foi quebrado pelo décor sem gênero, que propõe um estilo neutro, que
não explora uma cor predominante, mas sim um colorido que traz alegria e vida
para o ambiente. “Isso
não significa que os clássicos devem ser deixados de lado, mas sim que podemos
combinar com tons mais neutros, como o cinza e o branco, para deixar o cômodo
mais sofisticado e harmonioso. Para a parede, além da tinta, papéis e adesivos,
que podem ser retirados com o tempo, são opções superbacanas para as crianças,
que de acordo com o crescimento, podem mudar suas predileções e redecorar de
tempos em tempos sem mexer com a estrutura do quarto”, relata o arquiteto.
Divisão
de brinquedos e roupas em móveis separados
Armários para cabides e gavetas que ordenam o vestuário das crianças | Foto: Luis Gomes
Os arquitetos recomendam que cada irmão possa
ter o seu cantinho para acomodar os itens que façam parte da sua história...
brinquedos, livros, material escolar podem ser dispostos em uma divisão
inteligente e composta por prateleiras, nichos e caixas organizadoras, entre
outros recursos. “Ainda que ambos brinquem juntos, precisamos
respeitar a individualidade de cada um. Os brinquedos são bem valiosos e as
crianças precisam ser estimuladas a guardar, preservar e tê-los sempre em ordem”, comenta Erika.
Para
as roupas e o momento de estudar, o pensamento não se difere: a decoração
contribui para o compromisso que os pais têm em oferecer cultivar o jeito de
ser e a identidade de cada filho.
No dormitório com inspiração genderless, nichos e pequenas prateleiras estimulam que cada irmão preserve seus objetos | Foto: Carlos Piratininga
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Aposte em mobiliários seguros
Principalmente se tratando de crianças
pequenas, o cuidado precisa ser redobrado. Portanto, nada mobiliários pontudos,
quinas e até mesmo tomadas de fácil acesso ou sem proteção.
Andrade & Mello Arquitetura
e Interiores
www.andrademelloarquitetura.com.br
@ondeafamiliaacontece
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