Perfil do
investidor, divisão do capital, diferença entre patrimônio alto e fortuna são
detalhes importantes, segundo as explicações do especialista em investimentos,
Daniel Funabashi
O Brasil tem cerca de 200 mil pessoas com mais de 1
milhão de dólares, de acordo com o World Wealth Report 2020. Quando tratamos de
patrimônio alto dentro do mercado de investimentos as instituições bancárias
e/ou corretoras costumam dividir em dois segmentos, o chamado “private”, que são
clientes com investimentos entre 1 e 10 milhões de reais - dependendo da
instituição - e para algumas gestoras de fortunas, valor alto costuma se
referir aos High Net-Worth (HNWI), ou seja, indivíduos de alto patrimônio
líquido, que englobam clientes com patrimônio superior a 30 milhões de dólares,
explica o sócio e assessor de investimentos da iHUB Investimentos, Daniel
Funabashi.
“Pesquisas apontam que cerca de 66 brasileiros têm
um patrimônio acima de 1 bilhão de dólares”, comenta Funabashi.
Perfil do investidor com patrimônio alto
Não é só porque um investidor tem um patrimônio
alto que ele se adequa a somente um perfil de investidor, pois a carteira com
esse perfil de investimento deve ter ativos com todos os perfis, desde o mais
conservador ao mais arrojado. É altamente improvável que ele vá necessitar de
todo o capital no curto prazo, abrindo, assim, espaço para investimentos com
viés de longo prazo.
O investidor do tipo conservador tem uma carteira
agressiva, mesmo que pequena, dentro do seu portfólio dominado por ativos de
menor risco. O inverso também acontece com o perfil mais agressivo, ele detém
uma parte conservadora mínima em sua carteira e uma prevalência de ativos de
risco, como ações, fundos imobiliários e multimercado.
Divisão de investimentos
Dentro do portfólio dos investidores com alto
patrimônio, a XP Private recomenda que quem possui o perfil mais conservador,
os “conservatives”, tenham 9% de renda fixa ultraconservadora, dinheiro em
caixa, cerca de 49% em ativos de renda fixa, como crédito privado, inflação e
prefixados, já o restante em ativos sujeitos a uma maior volatilidade. É
importante dizer que mesmo com o perfil conservador, a recomendação é manter
quase metade da carteira de investimento exposta a ativos de risco.
Agora, quando tratamos do investidor mais arrojado,
conhecido como “capital growth”, a recomendação é apenas que apenas 1% do
capital fique em ativos de baixíssimo risco, 25% em renda fixa e a grande
maioria das ações em investimentos alternativos, conforme mostra os gráficos
abaixo:
Fonte: XP Private/XP Advisory
Divulgação |
Onde os investidores de alto patrimônio investem
seu dinheiro?
De acordo com um levantamento da ANBIMA, os
investidores que estão na categoria private possuem em sua carteira:
- 32,2%
dos investimentos em fundos multimercados;
- 24,9%
em ações;
- 22,2%
em renda fixa;
- 10,8%
em previdência
- 9,9%
em outros investimentos, como produtos e fundos de private equity.
“Ao contrário do que a maioria dos investidores do
varejo deve imaginar, a classe de ativos onde os ricos mais investem é a de
fundo de multimercado e não em ações - como a grande maioria dos
influenciadores e “gurus” de investimentos costumam sugerir”, explica o Funabashi.
Cerca de 68,8% do capital investido pelos
investidores de varejo está na poupança, contra 13,8% do capital do segmento
varejo de alta renda, geralmente composto por clientes com carteira acima de
R$150 mil, e por fim, menos de 1% no segmento private.
Qual é a diferença entre a administração de um alto
patrimônio e uma fortuna?
O Wealth Management, que
é a administração de fortunas, inclui a gestão patrimonial do indivíduo ou
família, como propriedades rurais, imóveis urbanos, investimentos, previdências
e seguros.
Além disso, inclui também o planejamento tributário
e sucessório, garantindo que o investidor terá uma maior eficiência do seu
rendimento, deixando de pagar impostos desnecessários, por exemplo.
Funabashi explica que a equipe de uma firma de
Wealth Management possui profissionais altamente capacitados e
multidisciplinares, especializados em finanças, investimentos, seguros,
contabilidade, direito, mercado imobiliário e tributação.
Vale destacar que o principal objetivo do Wealth Management
é a perpetuação do patrimônio para as próximas gerações, oferecendo segurança,
blindagem e crescimento patrimonial.
O Wealth Management começa a fazer
sentido a partir da casa das dezenas de milhões de reais. Até existem boutiques
de administração de fortunas que trabalham com clientes a partir de 1 milhão,
porém, o mais comum são clientes com investimentos financeiros acima de 10
milhões. Pois, abre-se a possibilidade da criação de fundo exclusivo,
instrumento que oferece uma série de vantagens tributárias e flexibilidade na
gestão dos investimentos.
“Os principais tipos de clientes são os individuais
e as holdings familiares, que são empresas que têm como
acionistas os membros de uma família e como atividade principal, a gestão dos
bens dessa família”, comenta Funabashi.
Já clientes com patrimônio alto, mas que não
atingem a faixa atendida pelas empresas de Wealth Management, geralmente
investem através de bancos, corretoras e até gestoras especializadas,
conhecidas como Asset Management Firms, as quais
são uma fatia do Wealth Management.
O Asset Manager é o profissional
responsável pela gestão dos ativos do cliente. Ele vai trabalhar com metas de
rentabilidade, controle de risco e outros aspectos relacionados especificamente
ao patrimônio do cliente, mas apenas sob o viés de investimento. Já o Wealth
Manager possui uma visão mais holística do patrimônio e do futuro
do cliente, portanto vai olhar além dos investimentos e pensar nos impactos
tributários, fluxo de caixa, preservação do patrimônio e planejamento
sucessório.
Daniel Funabashi - mestre em Finanças pela Cass Business School de Londres e sócio da iHub Investimentos, um escritório de assessoria de investimentos credenciado à XP Investimentos, a maior plataforma de investimentos da América Latina.
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