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segunda-feira, 17 de maio de 2021

Patrimônio alto: entenda como os "ricos" investem

Perfil do investidor, divisão do capital, diferença entre patrimônio alto e fortuna são detalhes importantes, segundo as explicações do especialista em investimentos, Daniel Funabashi

 

O Brasil tem cerca de 200 mil pessoas com mais de 1 milhão de dólares, de acordo com o World Wealth Report 2020. Quando tratamos de patrimônio alto dentro do mercado de investimentos as instituições bancárias e/ou corretoras costumam dividir em dois segmentos, o chamado “private”, que são clientes com investimentos entre 1 e 10 milhões de reais - dependendo da instituição - e para algumas gestoras de fortunas, valor alto costuma se referir aos High Net-Worth (HNWI), ou seja, indivíduos de alto patrimônio líquido, que englobam clientes com patrimônio superior a 30 milhões de dólares, explica o sócio e assessor de investimentos da iHUB Investimentos, Daniel Funabashi. 

“Pesquisas apontam que cerca de 66 brasileiros têm um patrimônio acima de 1 bilhão de dólares”, comenta Funabashi.

 

Perfil do investidor com patrimônio alto 

Não é só porque um investidor tem um patrimônio alto que ele se adequa a somente um perfil de investidor, pois a carteira com esse perfil de investimento deve ter ativos com todos os perfis, desde o mais conservador ao mais arrojado. É altamente improvável que ele vá necessitar de todo o capital no curto prazo, abrindo, assim, espaço para investimentos com viés de longo prazo. 

O investidor do tipo conservador tem uma carteira agressiva, mesmo que pequena, dentro do seu portfólio dominado por ativos de menor risco. O inverso também acontece com o perfil mais agressivo, ele detém uma parte conservadora mínima em sua carteira e uma prevalência de ativos de risco, como ações, fundos imobiliários e multimercado. 

 

Divisão de investimentos 

Dentro do portfólio dos investidores com alto patrimônio, a XP Private recomenda que quem possui o perfil mais conservador, os “conservatives”, tenham 9% de renda fixa ultraconservadora, dinheiro em caixa, cerca de 49% em ativos de renda fixa, como crédito privado, inflação e prefixados, já o restante em ativos sujeitos a uma maior volatilidade. É importante dizer que mesmo com o perfil conservador, a recomendação é manter quase metade da carteira de investimento exposta a ativos de risco. 

Agora, quando tratamos do investidor mais arrojado, conhecido como “capital growth”, a recomendação é apenas que apenas 1% do capital fique em ativos de baixíssimo risco, 25% em renda fixa e a grande maioria das ações em investimentos alternativos, conforme mostra os gráficos abaixo: 

 

Fonte: XP Private/XP Advisory

Divulgação



Onde os investidores de alto patrimônio investem seu dinheiro? 

De acordo com um levantamento da ANBIMA, os investidores que estão na categoria private possuem em sua carteira: 

  • 32,2% dos investimentos em fundos multimercados;
  • 24,9% em ações;
  • 22,2% em renda fixa;
  • 10,8% em previdência
  • 9,9% em outros investimentos, como produtos e fundos de private equity.

“Ao contrário do que a maioria dos investidores do varejo deve imaginar, a classe de ativos onde os ricos mais investem é a de fundo de multimercado e não em ações - como a grande maioria dos influenciadores e “gurus” de investimentos costumam sugerir”, explica o Funabashi. 

Cerca de 68,8% do capital investido pelos investidores de varejo está na poupança, contra 13,8% do capital do segmento varejo de alta renda, geralmente composto por clientes com carteira acima de R$150 mil, e por fim, menos de 1% no segmento private. 

 

Qual é a diferença entre a administração de um alto patrimônio e uma fortuna? 

O Wealth Management, que é a administração de fortunas, inclui a gestão patrimonial do indivíduo ou família, como propriedades rurais, imóveis urbanos, investimentos, previdências e seguros. 

Além disso, inclui também o planejamento tributário e sucessório, garantindo que o investidor terá uma maior eficiência do seu rendimento, deixando de pagar impostos desnecessários, por exemplo. 

Funabashi explica que a equipe de uma firma de Wealth Management possui profissionais altamente capacitados e multidisciplinares, especializados em finanças, investimentos, seguros, contabilidade, direito, mercado imobiliário e tributação.

Vale destacar que o principal objetivo do Wealth Management é a perpetuação do patrimônio para as próximas gerações, oferecendo segurança, blindagem e crescimento patrimonial.

O Wealth Management começa a fazer sentido a partir da casa das dezenas de milhões de reais. Até existem boutiques de administração de fortunas que trabalham com clientes a partir de 1 milhão, porém, o mais comum são clientes com investimentos financeiros acima de 10 milhões. Pois, abre-se a possibilidade da criação de fundo exclusivo, instrumento que oferece uma série de vantagens tributárias e flexibilidade na gestão dos investimentos.

“Os principais tipos de clientes são os individuais e as holdings familiares, que são empresas que têm como acionistas os membros de uma família e como atividade principal, a gestão dos bens dessa família”, comenta Funabashi. 

Já clientes com patrimônio alto, mas que não atingem a faixa atendida pelas empresas de Wealth Management, geralmente investem através de bancos, corretoras e até gestoras especializadas, conhecidas como Asset Management Firms, as quais são uma fatia do Wealth Management. 

O Asset Manager é o profissional responsável pela gestão dos ativos do cliente. Ele vai trabalhar com metas de rentabilidade, controle de risco e outros aspectos relacionados especificamente ao patrimônio do cliente, mas apenas sob o viés de investimento. Já o Wealth Manager possui uma visão mais holística do patrimônio e do futuro do cliente, portanto vai olhar além dos investimentos e pensar nos impactos tributários, fluxo de caixa, preservação do patrimônio e planejamento sucessório.

 


Daniel Funabashi - mestre em Finanças pela Cass Business School de Londres e sócio da iHub Investimentos, um escritório de assessoria de investimentos credenciado à XP Investimentos, a maior plataforma de investimentos da América Latina.


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