Saiba ainda o que fazer para tratar do
problema com dicas práticas e fáceis no dia a dia
Você sabia que maio é o mês do celíaco?
Você sabe o que é isso? Julio Veloso, gastroenterologista e Endoscopista do
Hospital Anchieta de Brasília explica. De acordo com ele, essa é uma condição
autoimune caracterizada pela produção de auto-anticorpos direcionados contra as
células intestinais com função absortiva, existentes no intestino delgado.
"Essa situação pode ocorrer pela ingestão de glúten em indivíduos
geneticamente predispostos", aponta.
Conforme o especialista, ela acomete aproximadamente de 0,5 a 1% da população
de uma forma geral, com predomínio entre as mulheres, podendo ocorrer em
qualquer idade. E o que é o glúten? Dr. Julio comenta que o glúten é o termo
geral usado para as proteínas existentes em vários cereais, incluindo o trigo,
centeio e cevada. Ele é uma das poucas proteínas resistentes à digestão
consumidas cronicamente em quantidades significativas, e é constituído por
vários peptídeos imunogênicos.
"Essas duas características podem ajudar na quebra de tolerância a essas
proteínas, quando o sistema imune é ativado e passa a contribuir com um
processo inflamatório crônico, enquanto perdurar a ingestão do glúten, o qual
ocasionará a lesão das células e tecidos intestinais responsáveis pelo processo
de digestão e absorção dos nutrientes da dieta", complementa Veloso.
Como mencionado anteriormente pelo médico, a doença celíaca acontece em
qualquer idade, desde a infância até a velhice, com dois picos de ocorrência:
um após desmame nos dois primeiros anos de vida e o outro, na segunda ou
terceira décadas de vida.
Ele aponta que o diagnóstico pode ser um grande desafio já que os sintomas
podem variar significativamente de paciente para paciente. "A forma
intestinal caracterizada por diarréia, perda de apetite, distensão abdominal e
retardo de crescimento e desenvolvimento, é mais comumente detectada em
crianças", afirma. O especialista continua: "as crianças mais velhas
e os adultos podem se queixar de diarréia, gases, constipação, dor abdominal e
perda de peso. Esse último fator é raro em adultos, sendo mais comum o encontro
de constipação, alternância de constipação com diarréia e a presença de náuseas
e vômitos".
Veloso ressalta que também há sintomas extraintestinais, comuns tanto em
crianças quanto adultos. "Podem incluir anemia por deficiência de ferro ou
vitamina B12, osteoporose, aftas orais, esterilidade, abortos espontâneos,
partos prematuros, dores de cabeça, ansiedade e depressão", exemplifica.
Ele cita outras doenças autoimunes que podem estar presentes, tais como: dermatite
herpetiforme, diabetes mellitus tipo 1, tireoidite de Hashimoto entre outras.
Mas então, como é ter um diagnóstico correto? Há tratamento?
Para o gastroenterologista, o diagnóstico é baseado na presença de sintomas
clínicos sugestivos, presença de auto-anticorpos circulantes, e no encontro de
atrofia vilositária nas biópsias de intestino delgado realizadas durante exame
de videoendoscopia digestiva alta.
Quanto ao tratamento, Dr Julio explica que o único existente atualmente é a
dieta isenta de glúten por tempo indeterminado. "O não cumprimento dessa
dieta restritiva, além de manter os sintomas, pode induzir o surgimento de
complicações, tais como a jejunoileíte ulcerativa e o linfoma intestinal",
alerta.
Substituições
A nutricionista e professora do CEUB, Karina Aragão, acrescenta que há diversas
estratégias para tirar o glúten da alimentação. "No mercado, existem mixes
de farinhas que não levam glúten, substituindo por outras opções, que se
assemelham a função a do glúten, o psyllium, por exemplo", diz. Mas ela
lembra que o resultado nunca será igual ao do glúten, pois a função de deixar
as massas mais fofas e macias é dele. Segundo Karina, a diferença dos produtos
é nítida.
"O ideal é que o celíaco coma alimentos que não tenham glúten, evitando
tudo que tem trigo, aveia, centeio e cevada", relata. Ela continua: hoje
há uma gama muito grande de produtos já prontos, como pizzas sem glúten, pães
sem glúten, bolo sem glúten e entre outras opções".
Para a professora do Ceub, o importante é se adaptar e se preparar para o dia a
dia. "Se a pessoa for a algum evento também deve estar preparada, comer
algo sem glúten antes ou levar seu próprio alimento. Além disso, o
acompanhamento com um nutricionista é muito importante para direcionar
preparações de alimentos sem glúten", conclui.
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