Pediatra explica
os impactos positivos que a conversa tem na saúde física e mental
Você tem conversado com o seu filho? Se sim, está
no caminho certo. Se não, cuidado. Por mais simples que possa parecer,
conversar com as crianças tem um impacto muito positivo no seu desenvolvimento
cognitivo e atua na prevenção da saúde física e mental. Quando falamos em
adolescentes, a importância é ainda maior .
“O diálogo entre pais e filhos carrega vários
pontos importantes ao longo das diferentes fases do desenvolvimento. Na
primeira infância, por exemplo, é quando a criança começa a formar a sua
personalidade e, por isso, a conexão com os pais é fundamental para ela
aprender a lidar com as descobertas, sentimentos e emoções”, explica a pediatra
Felícia Szeles.
Você pode estar se perguntando como conversar com
uma criança, o que dizer e quando. A resposta é simples: falar sobre tudo,
sempre. O diálogo precisa estar presente em todos os momentos, de forma
natural. Pode ser uma conversa durante o almoço, aproveitando o momento para
interagir e ensinar a importância de uma boa alimentação; pode ser um momento
onde todos falam sobre seu dia e contam novidades e até diálogos reflexivos em
cima de um acontecimento, como uma cena de um desenho / filme ou uma história /
notícia.
“A conversa gera conexão e, por isso, a forma de se
comunicar é muito importante. Um exemplo: quando gritamos, a criança trava,
fica com medo de errar e se fecha. Por isso, até mesmo na hora de repreender é
importante manter a calma. Com as crianças mais velhas, abrir um diálogo para
entender o que a levou a cometer aquele erro é muito positivo, pois você dá a
chance da explicação e de mostrar que tudo pode e deve ser resolvido de forma
tranquila. Isso ajuda muito a evitar a ansiedade”, conta a Dra.
Uma sugestão é aproveitar também esses momentos
para a aprendizagem dos pequenos, mas sem aquele peso da obrigação que muitos
enxergam na escola. Então use as conversas para estimular novas palavras,
sinônimos, reflexões de fatos reais, tudo de acordo com a faixa etária da
criança. Lembrando que cada um tem um tempo de aprendizado e facilidades que
nem sempre são iguais aos dos pais e irmãos, o que deve ser respeitado.
“Percebo que famílias mais abertas aos diálogos
proporcionam um ambiente mais acolhedor e, consequentemente, as crianças se
sentem à vontade para expor medos e inseguranças, sentimentos que podem afetar
sua saúde mental, deixando a porta aberta para várias doenças. Sem contar que
crianças inseguras tendem a ser mais ansiosas e podem evoluir para depressão e
até desenvolver algum vício na adolescência”, reforça a pediatra.
E por falar em adolescência, esse é um período que
pede ainda mais cuidado. As transformações impostas por essa fase são
desafiadoras para todos e, quanto menos abertura dos pais para falar sobre
qualquer assunto, maiores as chances de conflitos. “Vale lembrar também que a
iniciação sexual está cada vez mais precoce e a falta de conversas sem tabu
pode levar não só a uma gravidez indesejada - e arriscada - como também às
doenças sexualmente transmissíveis”, ressalta Felícia Szeles.
Para os pais que são mais fechados e têm
dificuldades em abordar assuntos de cunho íntimos - muitas vezes até por terem
tido uma educação repressora ou conservadora - uma solução é dividir isso com o
pediatra, que pode ajudar. “Muitos pais ainda têm dificuldade de abertura para
conversar sobre tudo com as crianças e adolescentes e como o pediatra já está
inserido nessa dinâmica familiar, ele pode ajudar com sugestões lúdicas e leves
para construírem esse cenário juntos. Além disso, também conseguimos
identificar comportamentos que são típicos de cada idade e explicar o que é
comum ou o que merece uma atenção especial”, completa a Dra.
Lembrando que os pais devem ser amigos dos filhos,
mas sempre respeitando a individualidade e o espaço deles. Nunca force a
relação, isso pode traumatizá-los e fazer com que carreguem alguns problemas para o resto da vida.
Dra. Felícia Szeles - Formada
pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC - Campinas), é
especialista em Pediatria e Alergia e Imunologia pela Santa Casa de
Misericórdia de São Paulo. Pediatra nas áreas de Puericultura, Infância e Adolescência, também realiza
acompanhamento pediátrico pré-natal em gestante. Como Alergista, atua com foco
no atendimento infantil.
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