A psicóloga
Fernanda Tochetto dá orientações para que as mulheres consigam conciliar a
maternidade, carreira e relacionamento
“Ser mãe é padecer no paraíso”, diz o dito popular.
A frase é clichê, certamente, e talvez por isso carregue uma carga extremamente
poderosa de verdade. Afinal de contas, a alegria de gerar uma vida e o amor de
vê-la crescer e se desenvolver diante de seus olhos misturam-se às dificuldades
e aos sofrimentos inerentes à criação do filho. Situação que se torna ainda
mais complexa quando a maternidade precisa dividir espaço com outros aspectos
da vida de uma mulher, como a carreira profissional e o relacionamento.
A psicóloga Fernanda Tochetto compreende essa
ambivalência da maternidade, que carrega lado a lado júbilo e sofrimento, e
sugere algumas dicas no sentido de evitar as culpas que advêm de ações tomadas
no dia a dia com o intuito de buscar a satisfação e a realização pessoal e
profissional. As sugestões são:
- Planejar:
Tochetto destaca que é preciso se planejar para lidar com a nova
fase. É preciso ter atenção desde a logística até escolhas pessoais,
funcionamento da casa, administração da carreira e gestão financeira.
Quando alguns detalhes são ignorados outros problemas podem aparecer.
“Pensando sobre esse ponto de vista e organizando tudo com serenidade as
coisas vão fluir com mais naturalidade, mesmo no período em que o ‘novo’
irá testar suas habilidades e te ensinar ser ainda melhor”, diz a
especialista.
- Tomar
decisões: todas as ações envolvendo os filhos precisam
ser compartilhadas com o parceiro ou parceira. “A busca é pela satisfação
e, para que ela aconteça, é importante que o casal pense junto”. Cada
família tem suas particularidades, no caso de não existir um parceiro, ou
parceira, essas responsabilidades e decisões podem ser divididas com a
família e/ou amigos.
- Separar
um tempo para o casal: a psicóloga enfatiza que mães e pais precisam
compreender que ter um filho e criá-lo não significa se abster de momentos
importantes para o relacionamento afetivo dos dois. “Um casal ainda
precisa de momentos a sós, mesmo que o filho seja pequeno”, afirma. Esse
tempo destinado exclusivamente ao casal faz recordar da singularidade de
cada um na relação. “Uma mulher que se torna mãe ainda é uma mulher e
precisa se sentir bonita, desejada, realizada e bem consigo mesma”,
assegura Tochetto. Conforme a psicóloga, cuidar das individualidades torna
o casal mais seguro do relacionamento, fortalecendo a união. Tochetto
também chama a atenção em como o descuido do casal a respeito da vida
pessoal e do relacionamento amoroso reflete na realização do filho. “Tenha
certeza de que nenhuma criança quer pais escondidos da própria vida”,
afirma.
- Não
transferir culpas: “Um filho não pede para nascer. Ele é
resultado do amor entre duas pessoas”, afirma Tochetto. Desse modo diante
de um contexto atribulado, com diversos dificuldades que precisam ser
manejadas e obstáculos que precisam ser ultrapassados, a psicóloga alerta
para que não se transfira culpas aos filhos. Frases como: “não saio porque
preciso estar em casa com meu filho” ou “não posso ter uma carreira porque
sou mãe”, apesar de sentidas, não devem ser ditas. “São desculpas que
inconscientemente a pessoa apresenta, que travam o seu desenvolvimento, e
que podem gerar impactos negativos e de sobrecarga no filho”, diz.
Maternidade e âmbito profissional
Tochetto entende as dificuldades que alguém que
acabou de ser mãe tem em satisfazer-se e realizar-se no âmbito da profissão.
Muitas vezes o cansaço que vem dos afazeres envolvendo um bebê impede a mulher
de se sentir capaz de realizar o seu trabalho profissional de modo
satisfatório.
Não obstante, a psicóloga alerta para a capacidade
empreendedora que aguça em muitas mulheres com a maternidade. De acordo com
Tochetto, após se tonarem mães, elas expandem sua força criativa e encontram
novas formas de realizar uma tarefa determinada. “Isso se deve a habilidade que
todos nós temos de nos adaptar a situações difíceis, de enfrentar o que é preciso
enfrentar, expandindo força e resiliência”, afirma.
Por fim, Tochetto reitera a possibilidade de
gerenciar a maternidade na vida das mulheres seja qual o período da jornada em
que ela acontecer. A psicóloga acredita que características e habilidades, antes
adormecidas, despertarão, devendo ser utilizadas a favor da mulher em todas as
áreas de sua vida.
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