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É na convivência do dia a dia que os laços afetivos
entre pais e filhos são criados e fortalecidos e essa conexão é fundamental para
a criança crescer saudável e feliz. Um estudo realizado na Universidade de
Michigan mostrou que crianças com pais participativos demonstram mais
autocontrole e habilidade de cooperação. A pesquisa, que analisou dados de 730
famílias norte-americanas, aponta que a qualidade da relação entre pais e
filhos tem muita influência no desenvolvimento da criança. Essa ligação
duradoura e profunda só se conquista com a presença ativa na rotina.
De acordo com o comunicador, palestrante e autor do
livro O papai é pop, Marcos Piangers, a dificuldade de grande parte das
famílias atuais está em conciliar a correria e as atividades profissionais da
vida moderna com a necessidade de estar mais presente junto aos filhos. Uma
pesquisa realizada no site do próprio escritor, com mais de 2.500 famílias,
mostra que, para 70% dos pais, a principal angústia é justamente não ter tempo
suficiente para dedicar aos filhos. "Não se constrói uma família por
caminhos fáceis. Muitas vezes, é também por meio dos erros que aprendemos e, se
queremos falar em transformar a forma como as famílias estão criando os filhos,
é preciso destacar a importância da figura paterna dentro da família",
afirma Piangers.
Para ele, um pai presente que se enxerga como
cuidador e age, de fato, no sentido de cuidar, pode mudar o rumo de uma
família, fazendo o filho crescer com mais apoio e estrutura. Em tempos de home
office, Piangers faz questão de destacar: "as crianças não são
aquelas que interrompem o trabalho importante, elas são o trabalho mais
importante que um pai ou mãe podem realizar". O escritor alerta ainda para
a questão quantidade de tempo versus tempo de qualidade. Por conta da agenda
corrida e da rotina atarefada, muitos pais declaram que dedicam menos tempo aos
filhos, mas que esse tempo é de qualidade, sem celular, telas ou interrupções.
Para Piangers, é importante conhecer bem os filhos, desenvolver com eles alguma
intimidade e, para isso, não adianta só o tempo de qualidade. "Ter só uns
minutinhos no dia ou na semana não vai fazer você conhecer bem o seu filho.
Precisamos de uma quantidade de tempo razoável com eles e de forma realmente
atenta enquanto estamos juntos. Com atenção mútua total, sincronia não verbal e
sensação de bem-estar, e isso pode ser obtido quando brincamos com eles,
conversamos ou fazemos uma refeição tranquila e sem pressa", explica.
O escritor lista ainda os efeitos que o desempenho
dos pais na criação dos filhos pode promover. "Pais omissos produzem
crianças, jovens e adultos carentes; pais permissivos, indivíduos que não respeitam
regras nem o senso de coletividade; pais presentes criam filhos autônomos,
bem-sucedidos, com autoestima elevada, bom desempenho escolar e uma visão
otimista da vida", acrescenta. E isso será fundamental para o futuro da
criança ou jovem. A sociedade e o mercado de trabalho valorizam cada vez mais
as chamadas soft skills, habilidades comportamentais que podem
diferenciar um profissional de outro. "Pesquisas da
PricewaterhouseCoopers, do Fórum Econômico Mundial e outras tantas apontam que
as habilidades mais valorizadas e demandadas atualmente são inteligência
emocional, criatividade, resiliência e capacidade de autogestão. As escolas já
enxergam isso e vêm trabalhando como nunca o desenvolvimento das habilidades
socioemocionais junto aos alunos, mas esse trabalho só será bem feito se for
complementado pela família, com uma criação atenta e sempre presente na vida
dos filhos", reforça Piangers.
Para o diretor geral do Colégio Positivo, Celso
Hartmann, as habilidades socioemocionais são a base do desenvolvimento de um
indivíduo e sem elas todo o restante fica comprometido. "Um trabalho bem
realizado para desenvolver a inteligência emocional, a resiliência, a
autonomia, a empatia e a capacidade de trabalho em equipe só é possível quando
há o envolvimento das duas instâncias: escola e família", conclui.
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