Além de metas, é preciso implementar políticas para retenção do talento feminino
Este ano, Dia
Internacional da Mulher é marcado por tema "Mulheres na liderança:
Alcançando um futuro igual em um mundo de COVID-19", segundo ONU Mulheres
No dia 8 de março é
celebrado o Dia Internacional da Mulher, data representada pela luta das
mulheres na igualdade dos direitos civis. Desde 1909, quando o marco foi
definido, muita coisa mudou, mas em relação aos cargos de liderança nas
empresas, as desigualdades persistem. De acordo com o Ministério da Economia,
as mulheres detêm 42,4% das funções de gerência, 13,9% de diretoria e 27,3% de
superintendência. Ou seja, quanto mais alto o nível dentro de uma companhia,
menos elas estão presentes.
Segundo o 30% Club
Brasil, movimento que milita pelo aumento da presença de mulheres em
Conselhos, hoje as mulheres ocupam apenas 11% dos assentos nos conselhos das
cem empresas mais negociadas na Bolsa e que compõem o índice IBrX 100, enquanto
60% das empresas já têm pelo menos uma representante feminina no conselho. Para
Simone Vicente, superintendente de Gente e Gestão & Operações da Fundação
Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI), ainda é
preciso maior empenho das empresas para chegar a uma equidade de gênero
realmente nobre, sendo importante a disposição de fazer algo para além do
básico, do contrário os números demoram muito a mudar.
"Há a necessidade
de mais medidas práticas como oferecer treinamentos e criar uma cultura
inclusiva, permitindo trabalho com horários flexíveis, uma vez que as mulheres
ainda são mais responsáveis pelos filhos, por exemplo, e precisam se dividir
entre maternidade e vida profissional. Ou seja, é essencial investir em ações
que ajudem a vencer barreiras de gênero e promovam uma cultura abrangente em
todos os âmbitos das companhias, a começar do incentivo das altas lideranças,
que precisam estar comprometidas com essa política", avalia.
Equidade na prática
Mas há empresas que
trabalham desde cedo na mudança de sua cultura organizacional, no intuito de
promover a diversidade e a inclusão dos ambientes, como é o caso da própria
Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI), com
57% da força de trabalho feminina e 48% de mulheres em altos cargos de liderança.
Entre o número total
de 1.910 colaboradores na Instituição, 813 são homens e 1.097 são mulheres,
sendo que 22 delas assumem lugares de liderança, entre cargos nas áreas de
coordenação (10), gerência (9) e superintendência (3). O sexo masculino
representa 52% da presença em grandes funções, com 24 deles nas mesmas posições
- 9 coordenadores, 10 gerentes e 5 superintendentes. "No quesito equidade
de gênero, sabemos que estamos no caminho certo, mas queremos chegar aos 50%
para garantir total isonomia", destaca Simone.
No comando das
unidades FIDI, as mulheres já são maioria e, entre as 63 posições atuais, 40
delas são lideradas pelo sexo feminino. De acordo com a superintendente, a
receita para instigar os valores de diversidade nos funcionários da empresa
está na organização de planos de negócios bem estruturados, sem deixar de lado
a representatividade de todos os grupos. "Esses planos são idealizados por
diferentes representantes, unindo afinidades e diversidades, na ideia de
assegurar o bem-estar de todos os colaboradores com projetos e ações que
garantam o conforto e a segurança de cada um deles, dentro do cenário da
instituição", explica. Além disso, a FIDI conta com um time no RH voltado
exclusivamente para a diversidade de gênero.
"Uma vez
implementadas, essas políticas devem ser aplicadas e reavaliadas regularmente
para ponderar sua eficácia. Quando isso é combinado com o compromisso real da
liderança sênior, somente então ocorrerá uma mudança transformacional
real", completa.
Mulheres são líderes
melhores durante crises, diz estudo
Com foco na pandemia,
para o Dia Internacional da Mulher deste ano, a ONU Mulheres definiu como tema
"Mulheres na liderança: Alcançando um futuro igual em um mundo de
COVID-19". Segundo a organização, o sexo feminino constitui a maioria dos
trabalhadores da linha de frente do coronavírus, ao mesmo tempo em que ocorreu
um aumento da violência doméstica, de atividades de cuidado não remuneradas,
além de ter sentido ainda mais os impactos de exercer múltiplos papéis neste
período de crise, se desdobrando entre trabalho remoto, serviços domésticos e
maternidade.
Um exemplo disso é
Viviane Pinheiro, líder da unidade FIDI em Várzea do Carmo, que atuou na linha
de frente do Hospital de Campanha do Ibirapuera, entre os meses de maio e
setembro de 2020. Responsável pela gestão da equipe operacional de tomografias
computadorizadas e raios-x, a colaboradora se dividia entre o árduo trabalho de
atender pacientes com suspeita de Covid-19 e as duas filhas que, no início da
campanha, tiveram que ficar afastadas da mãe, por receio da contaminação.
"Chegamos a atender até 150 pacientes por dia e presenciávamos casos
extremos. Eram muitas emoções e precisávamos sempre nos manter fortes para
atender aqueles que tanto precisavam de nós em um momento tão delicado. Quando
chegava em casa, minha família também precisava de mim e percebi o quanto as
mulheres precisam se desdobrar em tantas, sem perder o equilíbrio, para que
tudo continue funcionando", conta.
Nesse contexto,
segundo pesquisa realizada pela Harvard Business Review, mulheres em cargos de
liderança mostraram ser mais eficientes durante a crise sanitária que afetou
praticamente todas as empresas, ao apresentarem mais resultados positivos e
contribuírem de maneira mais expressiva para o engajamento dos trabalhadores. O
estudo avaliou 454 homens e 366 mulheres entre março e junho de 2020, e
demonstra que, nesse período de adaptação por conta da Covid-19, as mulheres
expressaram maior conscientização e preocupação sobre os medos e inseguranças
dos colaboradores, e passaram mais confiança em planos e estratégias.
De acordo com Simone,
uma boa liderança necessita de empatia, escuta ativa e humildade, que, conforme
o mesmo levantamento, são características apresentadas majoritariamente por
mulheres. Segundo ela, as habilidades socioemocionais, também conhecidas como
"Soft Skills", constroem um arsenal de novas ferramentas que melhoram
os relacionamentos nas organizações. "Gestores devem saber como se
conectar com as outras pessoas, como estabelecer confiança e evitar ou
minimizar conflitos, além de promover a pluralidade de pensamentos nas
companhias, uma vez que é exatamente das diferenças que nascem as
inovações", aponta a especialista.
Fundação Instituto de
Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI)
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