Ser
a COO de uma insurtech vai além de liderar o operacional da empresa, é também
ser um pequeno avanço nos setores de tecnologia e seguros, áreas
predominantemente masculinas
Sabemos que o espaço
da mulher no mercado de trabalho é algo que vem sendo conquistado há décadas.
No ramo tecnológico, por exemplo, os desafios sempre foram maiores, já que pelo
menos 20 anos atrás, a liderança feminina neste setor era ainda mais rara - e
até considerada sorte - como um trevo de quatro folhas. E agora, duas décadas
depois, comemoramos o Dia Internacional da Mulher enfatizando que ainda
seguimos rompendo paradigmas.
Neste lado da
história, pequenas conquistas devem ser comemoradas, como quando ocupei a
cadeira de COO (Chief Operating Officer) de uma empresa que oferece serviços e
soluções inovadoras para o mercado de seguros, em 2018. Eu escolhi ser líder e
trabalhei pra isso. Percorri uma extensa trajetória até entrar para as
estatísticas daquele ano no qual apenas 20% dos cargos no mercado brasileiro de
TI eram ocupados por mulheres, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de
Tecnologia e Estatísticas).
Acredito que as
transformações deste cenário são reflexos de passos curtos, porém importantes,
e alguns fatores contribuem para isso. Primeiro, o posicionamento feminino e a
igualdade no desempenho no trabalho. Foi no mercado de seguros onde atuei em
boa parte da minha carreira profissional. Quando comecei a grande maioria eram
homens, mas enfrentei todas as adversidades e conquistei meu espaço: uma mulher
que é respeitada pela sua expertise. Ser mulher no ramo da tecnologia não é
diferente. É preciso deixar bem claro que o meu foco é o processo e, por ser
mulher, não preciso conhecer todo o universo de soluções e tecnologia. O
automobilístico, por exemplo, foi só um dos temas com que trabalhei e que era
de interesse e proximidade para a ala masculina. Mas temos que entender que
garantir a qualidade de cada etapa no desenvolvimento dos produtos é o que vai
trazer o resultado esperado e não a familiaridade com o assunto desde os
primeiros passos.
Em segundo, está a
competência de se sobressair aos desafios, como pensar em cada passo para
garantir a segurança e bem-estar dos funcionários em meio a uma pandemia
mundial. Coordenar o time de RH, responsável por estudar condições estruturais
e liderar ações que permitiram a realocação de parte dos colaboradores para
trabalhar em home office, apenas uma semana antes da quarentena, e garantir que
o restante se adaptasse às mudanças de maneira gradual, é um exemplo disso.
Por fim, a
conscientização das pautas de diversidade de gênero e inclusão na governança de
grandes corporações. Esses programas são grandes propulsores para que os
processos de seleção das empresas potencializam a presença feminina nas
cadeiras de diretorias. Para mim, estar à frente da inovação, em todas as
áreas, é implementar a cultura da diversidade e acreditar na capacidade dos
colaboradores trabalhando e entregando importantes resultados à distância. E a
Planetun leva isso muito a sério desde a sua criação. Hoje, 46% do quadro de
colaboradores são mulheres, sendo 63% líderes exemplares.
Atualmente, alguns
dados trazem sinais de mudanças em curso. A representatividade de mulheres em
cargos seniores em tech na América Latina é de 16%, um número bem mais
expressivo comparado ao resto do mundo, segundo pesquisa da consultoria KPMG em
parceria com Harvey Nash. A mudança é bem-vinda, mas ainda há muito que avançar
e entender que "lugar de mulher é onde ela quiser".
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