Apesar do risco de transmissão vertical das doenças virais, métodos preventivos garantem uma gestação saudável e sem preocupações.
A gravidez é um momento único para a futura mamãe, e
é neste momento em que a mulher precisa se manter mais saudável possível para
ter uma gestação tranquila e sem complicações.
Na fase de pré-natal, a gestante precisa
seguir uma agenda completa de acompanhamento e exames, quase uma
maratona entre consultas, avaliações físicas e check-up.
O Ministério da Saúde recomenda que as
mulheres visitem seu médico pelo menos 6 vezes da descoberta da
gravidez até o momento do parto, mas, normalmente, a frequência acaba
sendo maior até por solicitação dos médicos.
No pré-natal, são realizados exames de sangue, fezes e
urina, para identificar possíveis infecções, pré-eclâmpsias e
anemias. Além do ultrassom, a mulher realiza outros exames para cada fase
da gestação, onde é avaliado o crescimento do bebê, doenças
gestacionais, e exames especiais, para identificar algum
comprometimento com a saúde da mãe e do feto.
Mas, o que acontece se a gestante é identificada
com uma infecção? Ela pode ter o bebê? Quais tratamentos para uma
gestante com doenças hepatológicas?
Gestante e as infecções hepatológicas.
As doenças infecciosas, em sua maioria, são motivos
para preocupação. Imagine para a gestante que aguarda ansiosamente
pelo seu bebê? O grande medo das mamães é saber se a infecção
diagnosticada pode ser transmitida ao bebê, e o que isso pode impactar
durante a gestação.
Em geral, é durante o pré-natal que se avalia a
presença destas infecções, o grau da doença, e a possibilidade de
complicações. Hoje, mesmo com o processo completo do
pré-natal, as hepatites virias são as infecções com mais incidência
entre as gestantes, junto com o HIV, tétano, difteria e coqueluche.
Manter uma rotina saudável ajuda na prevenção das doenças, seja
através de atividade física ou de uma alimentação equilibrada.
Além disso, a higienização é um fator importante nos dias de hoje, para assim,
evitar a contaminação de bactérias e infecções alimentares.
Como nos casos de hepatite A, acometida
através de alimentos e água contaminada. Sua
transmissão vertical, quando passa da mãe para o bebê durante a
gestação, é rara, já que o vírus não ultrapassa a barreira placentária.
No caso da hepatite B, sendo a mais grave entre os tipos da
doença, é possível que a mãe infecte seu filho, que poderá
desenvolver uma hepatite crônica durante o
parto, pois o bebê fica exposto à materiais infectados,
como sangue, secreção e líquido amniótico.
Segundo a Dra. Raquel Scherer de Fraga,
hepatologista e professora de medicina na IMED, “uma
paciente que já sabe que tem a hepatite B, em algum momento da vida dela,
que faz o acompanhamento médico, é aconselhável que ela faça uma
avaliação pré-concepcional, para programar sua gestação. Se a mulher
engravidar sem essa programação, é preciso ver se o vírus está ativo
ou não”.
Mas, vale salientar que não significa que as pacientes
com hepatite crônica poderão transmitir a infecção ao seu filho. “As gestantes
que têm a hepatite B com a carga viral elevada, devem utilizar uma medicação
antiviral no último trimestre da gestação”, conclui a Dra. Raquel.
Para a hepatite C, o diagnóstico da doença é mais dificultoso, já que as pacientes não apresentam sintomas. Sua transmissão vertical é relativamente rara, com 11% dos casos nos diagnósticos em gestantes. Segundo dados do Ministério da Saúde, a prevalência de casos com óbitos da hepatite C em gestantes varia de 0,2% e 1,4% em todo Brasil. Os riscos são baixos para o feto, já que a infecção não ultrapassa a barreira placentária.
Imunização é essencial contra infecções
Embora a
pauta do momento seja a vacina da Covid-19, as futuras mães não podem se
esquecer das vacinas obrigatórias, como a tríplice bacteriana, para
se proteger contra difteria, tétano e coqueluche, e
as vacinas, contra hepatite B e influenza (gripe).
Segundo dados da Federação Brasileira das Associações de
Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo),
menos de 50% das gestantes receberam as doses das vacinas obrigatórias em 2020.
Os especialistas alegam o medo das grávidas de se locomoverem até os
locais de vacinação e se contaminarem pela covid.
A imunização é um dos métodos mais eficazes preventivos contra
agentes infecciosos. Em
uma pesquisa realizada pelo Grupo de Apoio às Políticas de Prevenção e
Proteção à Saúde, do Fundo Especial de Saúde para Imunização em
Massa e Controle de Doenças (GAPS)/FESIMA), feito com 6233
gestantes, foi analisada a taxa de transmissão da hepatite em
mães vacinadas. Entre os casos de gestantes com hepatite crônica,
seis mulheres receberam o esquema vacinal completo e
não foi identificado transmissão vertical da infecção.
O acompanhamento pré-natal é importante para identificar o
melhor tratamento, e como será sua aplicação. De acordo com a Dra. Raquel
Scherer, “é sempre importante, que o bebê da gestante, portadora da hepatite b,
receba imunoglobulina na hora do nascimento junto com a primeira dose da
vacina”.
Lembrando que a vacina contra hepatite B faz parte do Calendário nacional de
vacinação obrigatória do Ministério da Saúde, tendo 3 doses da
vacina, uma no momento do nascimento, outra com um mês de
vida, e a última após 6 meses de vida. Com o uso do antiviral no
último trimestre de gestação, a aplicação da imunoglobulina e com a dose
vacinal no momento do nascimento, o risco de transmissão é praticamente
nulo.
“É muito importante frisar que mulheres que
não estejam usando o antiviral, porque não tem indicação de usar durante a
gestação, tem um maior risco de reativação da doença no período pós-parto.
Nesse momento, a mulher está numa situação de imunossupressão relativa,
mas que ainda assim é uma imunossupressão, fazendo que neste período
tenha o acompanhamento mais de perto”, finaliza a Dra. Raquel.
Dra. Raquel Scherer de Fraga -
hepatologista e professora de medicina na IMED, em Passo
Fundo.
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