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sexta-feira, 12 de março de 2021

Hepatites virais durante a gestação

Apesar do risco de transmissão vertical das doenças virais, métodos preventivos garantem uma gestação saudável e sem preocupações. 

 

A gravidez é um momento único para a futura mamãe, e é neste momento em que a mulher precisa se manter mais saudável possível para ter uma gestação tranquila e sem complicações. 

Na fase de pré-natal, a gestante precisa seguir uma agenda completa de acompanhamento e exames, quase uma maratona entre consultas, avaliações físicas e check-up.

O Ministério da Saúde recomenda que as mulheres visitem seu médico pelo menos 6 vezes da descoberta da gravidez até o momento do parto, mas, normalmente, a frequência acaba sendo maior até por solicitação dos médicos. 

No pré-natal, são realizados exames de sangue, fezes e urina, para identificar possíveis infecções, pré-eclâmpsias e anemias. Além do ultrassom, a mulher realiza outros exames para cada fase da gestação, onde é avaliado o crescimento do bebê, doenças gestacionais, e exames especiais, para identificar algum comprometimento com a saúde da mãe e do feto. 

Mas, o que acontece se a gestante é identificada com uma infecção? Ela pode ter o bebê? Quais tratamentos para uma gestante com doenças hepatológicas? 

 

Gestante e as infecções hepatológicas.  

As doenças infecciosas, em sua maioria, são motivos para preocupação. Imagine para a gestante que aguarda ansiosamente pelo seu bebê? O grande medo das mamães é saber se a infecção diagnosticada pode ser transmitida ao bebê, e o que isso pode impactar durante a gestação. 

Em geral, é durante o pré-natal que se avalia a presença destas infecções, o grau da doença, e a possibilidade de complicações. Hoje, mesmo com o processo completo do pré-natal, as hepatites virias são as infecções com mais incidência entre as gestantes, junto com o HIV, tétano, difteria e coqueluche. 

Manter uma rotina saudável ajuda na prevenção das doenças, seja através de atividade física ou de uma alimentação equilibrada. Além disso, a higienização é um fator importante nos dias de hoje, para assim, evitar a contaminação de bactérias e infecções alimentares.

Como nos casos de hepatite A, acometida através de alimentos e água contaminada. Sua transmissão vertical, quando passa da mãe para o bebê durante a gestação, é rara, já que o vírus não ultrapassa a barreira placentária. 

No caso da hepatite B, sendo a mais grave entre os tipos da doença, é possível que a mãe infecte seu filho, que poderá desenvolver uma hepatite crônica durante o parto, pois o bebê fica exposto à materiais infectados, como sangue, secreção e líquido amniótico.

Segundo a Dra. Raquel Scherer de Fraga, hepatologista e professora de medicina na IMED, “uma paciente que já sabe que tem a hepatite B, em algum momento da vida dela, que faz o acompanhamento médico, é aconselhável que ela faça uma avaliação pré-concepcional, para programar sua gestação. Se a mulher engravidar sem essa programação, é preciso ver se o vírus está ativo ou não”.

Mas, vale salientar que não significa que as pacientes com hepatite crônica poderão transmitir a infecção ao seu filho. “As gestantes que têm a hepatite B com a carga viral elevada, devem utilizar uma medicação antiviral no último trimestre da gestação”, conclui a Dra. Raquel. 

Para a hepatite C, o diagnóstico da doença é mais dificultoso, já que as pacientes não apresentam sintomas. Sua transmissão vertical é relativamente rara, com 11% dos casos nos diagnósticos em gestantes. Segundo dados do Ministério da Saúde, a prevalência de casos com óbitos da hepatite C em gestantes varia de 0,2% e 1,4% em todo Brasil. Os riscos são baixos para o feto, já que a infecção não ultrapassa a barreira placentária. 

 

Imunização é essencial contra infecções  

Embora a pauta do momento seja a vacina da Covid-19, as futuras mães não podem se esquecer das vacinas obrigatórias, como a tríplice bacteriana, para se proteger contra difteria, tétano e coqueluche, e as vacinas, contra hepatite B e influenza (gripe).

Segundo dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), menos de 50% das gestantes receberam as doses das vacinas obrigatórias em 2020. Os especialistas alegam o medo das grávidas de se locomoverem até os locais de vacinação e se contaminarem pela covid. 

A imunização é um dos métodos mais eficazes preventivos contra agentes infecciosos. Em uma pesquisa realizada pelo Grupo de Apoio às Políticas de Prevenção e Proteção à Saúde, do Fundo Especial de Saúde para Imunização em Massa e Controle de Doenças (GAPS)/FESIMA), feito com 6233 gestantes, foi analisada a taxa de transmissão da hepatite em mães vacinadas. Entre os casos de gestantes com hepatite crônica, seis mulheres receberam o esquema vacinal completo e não foi identificado transmissão vertical da infecção. 

O acompanhamento pré-natal é importante para identificar o melhor tratamento, e como será sua aplicação. De acordo com a Dra. Raquel Scherer, “é sempre importante, que o bebê da gestante, portadora da hepatite b, receba imunoglobulina na hora do nascimento junto com a primeira dose da vacina”.

Lembrando que a vacina contra hepatite B faz parte do Calendário nacional de vacinação obrigatória do Ministério da Saúde, tendo 3 doses da vacina, uma no momento do nascimento, outra com um mês de vida, e a última após 6 meses de vida. Com o uso do antiviral no último trimestre de gestação, a aplicação da imunoglobulina e com a dose vacinal no momento do nascimento, o risco de transmissão é praticamente nulo. 

“É muito importante frisar que mulheres que não estejam usando o antiviral, porque não tem indicação de usar durante a gestação, tem um maior risco de reativação da doença no período pós-parto. Nesse momento, a mulher está numa situação de imunossupressão relativa, mas que ainda assim é uma imunossupressão, fazendo que neste período tenha o acompanhamento mais de perto”, finaliza a Dra. Raquel. 

 


Dra. Raquel Scherer de Fraga - hepatologista e professora de medicina na IMED, em Passo Fundo.

 

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