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quarta-feira, 3 de março de 2021

Dia Internacional da Mulher: por que elas são minoria no mercado de investimentos?

O próximo dia 8 de março marca o Dia Internacional da Mulher, oficializado em 1975 pela Organização das Nações Unidas (ONU). A cada ano, a data provoca ainda mais debates sobre o papel da mulher na sociedade e uma questão que não pode ficar de fora é a presença das mulheres no mercado financeiro.


Segundo dados da B3 coletados em 2020, cerca de 26% das pessoas físicas cadastradas na bolsa são investidoras mulheres. Apesar do número ser pequeno, o crescimento em 2020 foi de 118%. Enquanto os homens somam 2,38 milhões na bolsa, elas são 847 mil. Um outro levantamento aponta que as mulheres só são maioria (58%) em relação aos homens na CPA-10 (Certificação Profissional Anbima Série 10), considerada base para se inserir na atividade de distribuição de produtos de investimento. Já na CPA-20, destinada a profissionais que atuam no setor de alta renda das instituições financeiras, as mulheres representam 45%.

Mas por que o mercado de investimentos ao longo dos anos é dominado, em sua maioria, por homens?

De acordo com Laura Bartelle, especialista em investimentos e sócia da 051 Capital, um dos motivos que explicam esse cenário é o gap na renda com homens recebendo salários maiores que elas. "Sobra menos para as mulheres investirem se comparado aos homens. Primeiro porque temos essa diferença de ganhos entre ambos. E segundo porque elas costumam gastar mais", diz.

Ainda segundo a especialista, ainda se vive também resquícios de uma sociedade que culturalmente e historicamente tem decisões financeiras tomadas por homens. Apesar disso, Laura percebe que o cenário está mudando.

"Eu trabalho no mercado desde 2005 e antes eu escutava diariamente 'nossa, o mercado não tem nada a ver com você'. Hoje em dia, isso não acontece e, para a minha boa surpresa, as mulheres estão muito mais interessadas do que 15 anos atrás", comenta.

Para Laura, homens e mulheres trabalhando juntos é a união perfeita para gerar um bom equilíbrio. "As mulheres são mais conservadoras, têm menos necessidade de competir e são menos propensas ao excesso de confiança. Isso tudo pode auxiliar muito no processo de investimento. O desafio é enfrentar o medo de perder. Compreender o mercado e se familiarizar é o caminho para ganhar clareza sobre os riscos e não paralisar", explica.

Segundo a especialista, é preciso valorizar as referências femininas no mercado, pois essa atitude auxilia na percepção de que a área de investimentos também pode ser dominada por mulheres. "Outro ponto é o mercado usar mais abordagens direcionadas a mulheres e, com isso, se tornar mais convidativo", completa.




Laura Bartelle - Nascida em Porto Alegre, Laura Bartelle é especialista em investimentos e hoje mora no Rio de Janeiro, onde atua na 051 Capital. Começou a carreira como analista de investimentos na XP com apenas 17 anos. Durante 7 anos, atuou como analista, comunicadora e sócia da empresa. Fala sobre o mercado financeiro diariamente de forma independente nas redes sociais, especialmente no Instagram @laurabartelle.


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