A frente de uma companhia que emprega mais de 10 mil colaboradores no País e diante de um cenário em constante mudança, no qual o apelo por mais vozes femininas em locais de destaque se faz cada vez mais presente, acredito na extrema importância de falarmos sobre representatividade. Ainda hoje, por exemplo, sou a única mulher na alta liderança entre as 10 maiores empresas do setor de customer experience brasileiro.
A representatividade é
definida no dicionário como a qualidade de alguém ou de alguma entidade, cujo
embasamento na população faz que ele possa exprimir-se verdadeiramente em seu
nome. Em outras palavras, uma pessoa representativa é a voz e a imagem de um
setor ou grupo social.
No universo
corporativo, a falta de representatividade fez, ao longo dos anos, com que
grupos minoritários ou com menos voz, como é o caso das mulheres, não se
sentissem pertencentes a determinadas posições. Criou-se um estereótipo de que
o sexo feminino só poderia assumir funções pré-estabelecidas pela cultura
masculina, como a tradicional "cuidar da casa e dos filhos".
No entanto, a partir
do século XIX, as mulheres finalmente começaram a ingressar no mercado de
trabalho, no qual hoje são maioria. Segundo dados do censo demográfico do IBGE,
em 1950 apenas 13,6% das mulheres eram ativas profissionalmente, porém, 60 anos
depois, esse número mais do que triplicou, passando para 49,9%.
A partir dessa
mudança, o cenário nas corporações também começou a se transformar e deu força
à luta pela igualdade entre os gêneros, que, hoje, é uma forte bandeira em
diversas sociedades. Contudo, mesmo diante dessa evolução vejo que a
representatividade ainda é um assunto evitado por alguns e não reconhecido por
outros. Por isso, passar a desconstruir culturas patriarcais enraizadas em uma
sociedade que ainda perpetua pensamentos antiquados se faz tão necessário.
Nós precisamos ter
exemplos de inspiração para termos força e sabermos que não estamos nesta luta
sozinhas. Você já parou para pensar em quais mulheres admira, não só em
posições de liderança, mas também na vida? Minha mãe foi uma mulher batalhadora
e me ensinou a sempre ter confiança em mim mesma. Esta crença me fez acreditar
que eu, em uma sala repleta de homens, não poderia ser intimidada, que nós
estávamos ali cumprindo o mesmo papel: o de liderar negócios com excelência.
Ter alguém que nos
represente e empresas que acreditam e lutam ao nosso lado por esta causa é
extremamente importante, e não só porque isso é lucrativo, mas porque é
necessário para evoluirmos como pessoas e como sociedade. É papel das
corporações e de seus líderes contribuir para um mundo mais igualitário que
aproveite o melhor das habilidades femininas e masculinas em novos modelos de
negócio. A técnica é sim relevante, mas o olhar diferente é que faz com que criemos
cada vez mais soluções inovadoras.
Uma liderança engajada
em construir um novo cenário dissemina com muito mais força a necessidade de
mudança cultural, além de ser um espelho para as novas gerações. Este ainda
pode ser um caminho longo e tortuoso, mas, para o futuro, espero ser uma entre
as muitas outras mulheres que chegaram ao topo.
Claudia Gimenez - vice-presidente e gerente geral da Concentrix Brasil,
multinacional de soluções de customer experience.
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