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segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

A saúde do ouvido pede cuidados no verão

Excesso de umidade, causada pelo banho de mar ou de piscina, pode levar ao surgimento de infecções doloridas que comprometem o descanso e a diversão


Imagine fazer aquela tão sonhada viagem de verão para uma praia paradisíaca. Após meses de planejamento e expectativa, você finalmente coloca o pé na areia branca e... sente uma pontada insuportável dentro do ouvido. Mais comum do que parece, a otite pode afetar pessoas de todas as idades e tem "preferência" pelas altas temperaturas para "atacar".

A médica otorrinolaringologista Dra. Maura Neves, da USP, conta que a infecção de ouvido pode ser média, quando ocorre atrás do tímpano e é causada por vírus ou bactérias associados a problemas respiratórios, como rinite, sinusite, gripe e resfriado; ou externa, ocasionada por excesso de água nos ouvidos ou trauma causado pela inserção de objetos, como hastes flexíveis, grampo etc.

"No verão, vemos um aumento da frequência da otite externa justamente por conta dos banhos de mar e piscina. O canal auditivo é bastante estreito. A água entra e não seca totalmente, deixando a pele muito úmida e gerando fissuras que levam às infecções", explica a médica.

Bastante incômoda, a otite tem como sintomas a redução da audição, a sensação de ouvido tampado, dor aguda, zumbido, tontura e febre. "Na maioria dos casos, a perda auditiva é transitória e o paciente volta a ouvir normalmente no final do tratamento. Porém, há casos em que o tímpano é perfurado e aí a perda auditiva pode perdurar", conta Dra. Maura.

O tratamento, de acordo com a Dra. Maura Neves, é feito com remédios e, dependendo da gravidade, demanda que o paciente deve fique 10 dias longe do mar e da piscina. Logo, para evitar que a otite estrague as férias, é preciso evitar deixar a água entrar nos ouvidos e mantê-los sempre secos, sem usar objetos para limpar ou secar o órgão. "O cerúmen é produzido para proteger a pele do canal. Só deve ser removido se causar alterações auditivas", diz Dra. Maura.

No caso das otites médias, a médica orienta a prevenção com o tratamento da rinite e vacinas para bactérias específicas, como as haemofilos, pneumocócicas conjugadas, vacina da gripe e outras, além de manter uma boa alimentação e descanso, que mantêm a imunidade em alta.

Abaixo, a otorrrino enumera algumas dicas para prevenir a otite:

1. Após nadar, seque os ouvidos com a ponta de uma toalha.

2. Se sentir a presença de água dentro do conduto, deite a cabeça para o lado e encoste a orelha em uma toalha para a saída do líquido.

3. Se a água não sair e ao menor sinal de secreção no ouvido, que pode ser escura ou amarelada, procure ajuda de um otorrinolaringologista.

4. Evite o uso de hastes flexíveis dentro do ouvido: elas servem apenas para limpar a parte externa da orelha e não devem ser introduzidas no canal auditivo.

5. O ouvido úmido pode causar coceira, mas é extremamente importante não colocar nenhum tipo de objeto dentro do ouvido para aliviar a sensação. É preciso prestar atenção, principalmente nas crianças, para que não se machuquem.

6. Em caso de dores, não se deve pingar remédios caseiros. Apenas o médico poderá dar a orientação adequada.

 


Dra. Maura Neves • Otorrinolaringologista • Formação: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo • Graduado em medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - USP • Residência médica em Otorrinolaringologia no Hospital das Clinicas Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - USP • Fellowship em Cirurgia Endoscópica Nasal no Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - USP • Título de especialista pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial - ABORL-CCF • Doutorado pelo Departamento de Otorrinolaringologia do Hospital das Clinicas Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - USP


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