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sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Goiás está entre os dez estados com mais casos de hanseníase no Brasil


Janeiro roxo destaca a importância do tratamento precoce da doença. Especialistas falam sobre como identificar e necessidade de vencer estigmas ainda existentes


Entre 2010 e 2019 Goiás registrou 18.654 mil casos de hanseníase, o estado é o sétimo com mais casos da doença no Brasil. O dado é resultado de levantamento realizado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde. Ao longo dos últimos dez anos, o Brasil registrou 312 mil casos novos de hanseníase, o que coloca o País no segundo lugar do ranking mundial desta doença milenar, perdendo apenas para a Índia.  

A hanseníase é uma doença crônica e infectocontagiosa causada pela Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen. Para chamar atenção sobre a importância da doença, 31 de janeiro foi estabelecido como o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase e o mês se torna o Janeiro Roxo, para debater o assunto. A dermatologista Camila de Paula Orlando (CRM 17108), que atende no centro clínico do Órion Complex, destaca que a doença afeta primariamente a pele e os nervos e alerta sobre os sintomas. 

“É possível suspeitar quando surgem manchas claras na pele, esbranquiçadas ou mais rosadas, principalmente se houver perda de sensibilidade no local. Porém, nem toda mancha branca é hanseníase, por isso é importante procurar um médico especialista para o correto diagnóstico”, salienta. Outros sintomas, segundo a SBD que devem deixar as pessoas atentas é a sensação de fisgada, choque, dormência e formigamento ao longo dos nervos dos membros, perda de pelos em algumas áreas, redução da transpiração e em casos mais tardios, caroços pelo corpo e inchaços nas mãos, pés e articulações. 

No Brasil, em 1976 foi determinado o uso da palavra hanseníase para se referir a doença, pela mácula que a denominação lepra causava aos pacientes. Camila Orlando destaca que ainda existe muito estigma com a doença. “Principalmente pelo seu potencial de causar deformidades físicas e também pelo conceito equivocado de que só atinge pacientes com baixo poder aquisitivo, o que não é verdade, pode atingir qualquer pessoa. Não há motivos para ter preconceito, tem 100% de cura”, afirma a médica.  

Ela reforça ainda a importância do diagnóstico precoce. “Quando tratada precocemente, evitamos possíveis sequelas, principalmente as neurais, como a mão em garra, oculares e a perda de sensibilidade nas manchas. Portanto é muito importante o exame da pele para observar possíveis alterações e fazer o diagnóstico precoce”, salienta a dermatologista.  O tratamento para hanseníase é realizado com antibióticos.

 

Janeiro roxo


A dermatologista Lara Gonçalves (CRM 22.907), que atende na clínica Derma-Uro, também localizada no centro clínico do Órion Complex, destaca a relevância de falar sobre o tema. “A importância do Dia Mundial de Luta contra a Hanseníase é a oportunidade de promoção de cuidados com os pacientes doentes e combater o estigma da doença. O Janeiro Roxo ressalta o tratamento precoce e o enfrentamento da doença”, afirma. 

Ela destaca que o preconceito ainda é uma forte barreira para com a hanseníase. “O estigma social decorrente da falta de informação dificulta o combate à enfermidade”, conta.  Segundo Lara existem pessoas que podem ser mais suscetíveis à doença. “Homens, negros, pardos e jovens tem mais predisposição à doença. Fatores genéticos estão fortemente ligados à enfermidade e sua evolução”, afirma. A dermatologista revela ainda que quando uma pessoa é diagnosticada é importante examinar aqueles que moram ou têm uma convivência de forma prolongada com o doente. 

Lara Gonçalves reforça que os diagnosticados podem se tratar pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de forma totalmente gratuita. “O tratamento varia de seis meses a um ano, dependendo da forma da doença, podendo ser prorrogado ou feita a troca da medicação, em casos especiais. Após a primeira dose dos medicamentos, não há mais risco de transmissão da hanseníase e o paciente pode conviver com outras pessoas”, explica a dermatologista.

 

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