De acordo com a ONU, construção de uma cultura oceânica global só é possível com a colaboração de toda a sociedade
Com o início da Década da Ciência
Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, para o período de 2021 a 2030,
países do mundo inteiro estão reunindo esforços para colocar em prática ações
que realcem a importância do oceano para a sociedade e contribuam com a saúde
do ambiente costeiro-marinho. Um novo relatório publicado no mês passado pelo Painel de Alto Nível para a Economia Sustentável do Oceano
mostra que, quando bem conservado, o oceano tem potencial para ajudar com a
geração de 40 vezes mais energia renovável até 2050 e ser diretamente
responsável pela criação de 12 milhões de empregos até 2030.
“O oceano tem um importante papel no
controle das mudanças do clima, seja em razão de sua capacidade de assimilar
gás carbônico ou por meio da produção de energia limpa (ondas, ventos, marés e
gradientes térmicos e de salinidade), que ainda é pouco explorada de maneira
geral”, afirma o professor da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Rede
de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), Alexander Turra.
De acordo com o pesquisador – que é o
responsável pela Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano –, embora
muitas ações de proteção possam e devam ser feitas em nível global, uma vez que
existe um único oceano que conecta todos os continentes, outras medidas podem
ser feitas em nível local, a partir de boas ações realizadas por qualquer
pessoa. Veja a seguir algumas delas:
Descartar resíduos corretamente
De acordo com Turra, que é autor do
livro Lixo nos Mares: do Entendimento à Solução, um simples papel de
bala jogado na rua pode chegar até o oceano em algum momento, de alguma forma.
Portanto, é importante que as pessoas façam o descarte adequado do lixo,
evitando que materiais como o plástico – que demora séculos para se degradar –
parem no oceano e, consequentemente, coloquem em risco a vida dos organismos
marinhos. Reduzir o consumo em excesso ou optar por embalagens retornáveis são
medidas que também fazem a diferença.
Voluntariado
Uma atitude eficaz e ao alcance de
todos é o voluntariado. Seja em mutirões de limpeza de praias ou em projetos de
conservação da biodiversidade marinha, qualquer pessoa pode contribuir para
fazer do oceano um ambiente mais saudável.
Disseminar informação
Em 2020, foram realizadas oficinas em
todas as regiões do país para a cocriação do Plano Nacional de Implementação da
Década do Oceano no Brasil. O maior problema identificado pelos especialistas
foi o acesso às informações oceânicas. De acordo com os participantes das
oficinas, é preciso criar um sistema único e aberto de acesso a dados
relacionados à situação do oceano. “Mesmo que ainda seja preciso avançar na
criação de um banco de dados integrado, já existem informações disponíveis que
podem ser aproveitadas pela sociedade. Compartilhar e propagar dados e
mensagens propositivos com amigos e familiares faz com que as pessoas valorizem
o oceano e ajuda a criar uma cultura oceânica no país”, sugere o
coordenador de Projetos Ambientais da Fundação Grupo Boticário de Proteção à
Natureza, Emerson Oliveira.
Consumo consciente de pescado
O Brasil está entre os países que
consomem pescados de forma não sustentável, ou seja, não preservando os limites
impostos pela natureza. É alto no país o índice de sobrepesca e pesca ilegal,
além da falta de produtos certificados. Os consumidores, por sua vez, podem
priorizar a compra do pescado com certificação e não comprar determinado
pescado em épocas em que sua pesca é proibida. Também é possível verificar na
hora da compra, se o tamanho mínimo da espécie para venda foi respeitado durante
a captura. Esse tipo de atitude contribui com o desenvolvimento das espécies e
para que a atividade pesqueira se torne mais sustentável.
Fundação
Grupo Boticário
Rede de Especialistas em Conservação da
Natureza (RECN)
www.fundacaogrupoboticario.org.br
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