Doença atinge o prefeito de São
Paulo e, dependendo da causa, pode ser evitada com hábitos saudáveis no dia a
dia
A trombose venosa, condição que atingiu
recentemente o prefeito da cidade de São Paulo Bruno Covas, é a formação de
coágulos de sangue nas veias das pernas. No caso do chefe do administrativo
paulista, que segue internado no hospital Sírio Libanês desde 23 de outubro, a
patologia surgiu como sintoma de um câncer no trato intestinal.
A trombose venosa pode ter várias causas. Quando
houver alteração da coagulabilidade sanguínea, da velocidade do sangue dentro
dos vasos e da qualidade da parede do vaso, existe a chance de formação de
trombos. Os indivíduos mais propícios a desenvolverem trombose venosa são
aqueles portadores de fatores de risco como neoplasias (câncer de intestino,
pulmão, próstata e mama por exemplo), imobilidade temporária ou definitiva,
obesidade, idade avançada, infecção, insuficiência cardíaca e varizes entre
outras.
A trombose pode ser a primeira indicação de que há
câncer em atividade. Pacientes até então sem sintomas do câncer apresentam como
primeira manifestação da doença a trombose venosa, devido a um estado de maior
propensão a desenvolver coágulos. É a chamada síndrome para-neoplásica.
Entretanto, tal complicação pode acontecer em
decorrência da trombofilia, que é a predisposição para formação de coágulos no
sistema vascular. Outros fatores, como uso de anticoncepcional, tabagismo e
obesidade pode contribuir para a formação de coágulos.
Nos últimos anos, os casos de trombose obtiveram um
aumento que, de acordo com Dr. Gilberto Narchi, cirurgião vascular do Hospital
HCor, esse crescimento se deu pelos avanços no diagnóstico laboratorial. “A
utilização de exames de imagem, como ultrassom vascular e tomografia,
identificam a trombose venosa em pequenos vasos que, a olho nu, não são
evidentes”, acrescenta. “Também suspeitamos de trombofilia em casos de trombose
em pacientes com menos de 45 anos, que são jovens”, completa.
Segundo o especialista, no estado gestacional, as
mulheres tendem a maior incidência de eventos trombóticos devido às variações
hormonais, mesmo sem fator hereditário envolvido. Já em idade mais avançada, os
homens têm incidência pouco maior.
Sintomas, complicações e como diagnosticar trombose
Os sintomas da trombose são os decorrentes do local
e extensão do trombo, sendo os mais frequentes dor e edema em membros
inferiores - local este de maior acometimento. Pode ocorrer em membros
superiores, em vasos intra-abdominais e até cerebrais.
No entanto, é válido ficar atento a situações que
apresentem dor nas pernas ao caminhar, de repouso ou parada, inchaço de apenas
um membro e pele azulada no local, além de dor e endurecimento de alguma veia.
Estes podem ser alguns sintomas, mas não significa que o diagnóstico seja obrigatoriamente
de trombose, segundo o especialista. “É necessária avaliação médica e exames
específicos”, explica Dr. Gilberto.
Uma das principais complicações da trombose é a
embolia pulmonar, que é quando um vaso sanguíneo do pulmão é obstruído por um
coágulo de sangue. Geralmente, esse coágulo vem, por meio da corrente
sanguínea, de outras partes do corpo, principalmente das pernas. Parece ser
esta o quadro que acometeu o prefeito de São Paulo. Em número pequeno de casos,
a embolia pode ser fatal, por isso, é necessário monitoramento médico.
A prevenção pode ser feita no dia a dia, ao fazer
exercícios com regularidade, ingerir bastante líquido, evitar o consumo de
bebida alcoólica e ter uma alimentação saudável. Além disso, acompanhamento
médico é fundamental para diagnósticos precoces.
“Os fatores que minimizam os casos de trombose é
manter-se bem hidratado e evitar longos períodos de imobilidade, como acontece
em viagens prolongadas de avião. Além disso, em alguns casos e dependendo da
situação do paciente, recomenda-se o acompanhamento médico com vascular,
hematologista ou obstetra de alto risco”, indica Dr. Gilberto.
Dr.
Gilberto Narchi Rabahie - Formado em Medicina pela Faculdade de Medicina do
ABC, Dr. Gilberto Narchi possui Pós-Graduação em Pesquisa pela Universidade da
Califórnia, em San Francisco – UCSF, além de ser especialista em Cirurgia
Vascular pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular e
Endovascular. Também é membro da Sociedade Americana de Cirurgia Vascular e da
Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular e Endovascular.
Atualmente, é cirurgião vascular do Hospital do Coração em São Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário