A
definição mais divulgada de liderança diz que liderar é a capacidade de
influenciar e convencer pessoas. Eu gosto da seguinte definição: “Liderança é a
capacidade de influenciar e convencer pessoas, levá-las a acreditar na causa e
despertar nelas a vontade de agir em favor de objetivos comuns, sobretudo
quando elas são livres para seguir outro caminho.” Em resumo, liderança é o
jeito de dirigir pessoas. Independentemente da definição, o líder é alguém que
tem certos atributos úteis para atingir fins por meio de pessoas.
O
líder é reconhecido segundo sua capacidade real de ter estratégia, deixar claro
qual é o propósito, escolher as pessoas certas, comunicar-se com eficiência,
dar orientações claras, apoiar o trabalho de seus liderados, valorizar os
colaboradores, dividir resultados etc. Um dos atributos fundamentais do líder é
o princípio da justiça, o que implica saber ouvir, analisar com isenção e,
apenas depois, julgar e decidir.
O
que resta claro é que os atributos do líder são úteis em todos os campos da
vida: na família, no trabalho, nas atividades sociais e na interação com seres
humanos em geral. Na política e na direção das nações, a capacidade de liderar
é decisiva para o destino dos povos. Aprender e incorporar os princípios e
atributos da liderança é útil não só para o trabalho, para a carreira ou para
ganhar dinheiro. É útil, também, para o autodesenvolvimento, o autoconhecimento
e a conquista de uma vida bem-sucedida.
O
mundo nos oferece exemplos de bons líderes e de maus líderes. O bom líder detém
os atributos relativos à liderança e, ademais, tem uma boa causa, uma causa
nobre. O mau líder até pode demonstrar os atributos instrumentais da liderança,
mas os usa para uma causa ruim, negativa. É grande o número de líderes que
usaram sua capacidade de convencer, influenciar e liderar multidões direcionada
para uma causa destrutiva.
Alguns
exemplos interessantes são Hitler, Stalin, Mussolini, na política, Al Capone,
Lucky Luciano, Pablo Escobar, no mundo crime, que demonstraram enorme
capacidade de conduzir pessoas e levá-las a realizar coisas. Mas suas causas
eram ruins, produtoras do mal. Mesmo assim, ainda hoje eles têm defensores e
admiradores, a despeito do rastro de destruição que deixaram atrás de suas
ações.
Sempre
surge a clássica pergunta: liderança pode ser aprendida? Há atributos da
liderança que são inatos, ou seja, já vêm com a pessoa em sua estrutura genética
e de personalidade. Mas há atributos que podem ser aprendidos, treinados e
melhorados. O filósofo Ortega y Gasset dizia que “a vida nos é dada, mas não
nos é dada pronta”, ou seja, o ser humano se faz e se constrói em sua própria
existência.
Hoje,
há escassez de líderes. A cada eleição vemos chegarem ao poder pessoas sem
brilho intelectual, de poucos conhecimentos e até mesmo sem os atributos da
liderança. E isso só ocorre porque, muitas vezes, os homens e mulheres do bem
não vão para a vida pública. Infelizmente, a política tem afugentado os
melhores cérebros, em parte pelo que ela se tornou: uma espécie de valhacouto
(abrigo) para incompetentes e corruptos.
Vale
dizer que seria injusto não reconhecer que há pessoas brilhantes e honestas
atuando na política. Mas, sejamos francos, o número de pessoas desonestas e de
parcos conhecimentos em cargos relevantes é bastante grande. É bem verdade que
parte dessa realidade se deve ao fato de que a política, sobretudo em cargos
eletivos, não é o regime dos melhores, mas o regime dos mais numerosos. Ganha
quem tem mais votos, não quem é mais honesto e mais capaz. A técnica de
conquistar votos tem sua lógica própria.
Os
atributos da liderança são úteis não apenas para uso na atividade profissional,
na política ou para ganhar dinheiro; são úteis também como um meio para
melhorar a si mesmo e fazer o bem aos outros e à sociedade. É algo que vale
desenvolver, estudar e aprender. O Brasil e o mundo precisam de mais líderes,
sem os quais o progresso fica difícil.
José Pio Martins - economista, é reitor da
Universidade Positivo.
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