Uma
mulher é estuprada a cada 20 minutos na Índia. O dado, apresentado no
documentário “Filha da Índia”, de Leslee Udwin, é assustador. O filme, ao
tratar do caso em que, em 2012, em Nova Déli seis homens estupraram uma
estudante de medicina de 23 anos em um ônibus, faz uma denúncia que precisa ser
constantemente revigorada.
A
moça morreu dias depois num hospital devido a graves ferimentos internos e,
logo depois, que o caso se tornou público, mulheres e homens por todo o país se
indignaram e saíram às ruas para protestar, enfrentando repressão policial, mas
dando visibilidade a uma situação vergonhosa que o mundo precisava conhecer.
Certamente
um fator essencial no documentário é que a direção, além de conseguir
depoimentos da família e de amigos, reúne depoimentos do outro lado da questão,
com falas dos acusados e de seus advogados e familiares. Explicita-se assim o raciocínio
machista e conservador em que a estudante passa de vítima a culpada.
As
vozes ouvidas apontam que o horário e a falta de um integrante da família, por
exemplo, são os fatores decisivos em estupros como o sofrido por Jyoti Singh. É
difícil acreditar que, em pleno século XXI, possam existir aqueles que utilizam
esses argumentos para explicar/justificar ações violentas que nos desmerecem
enquanto espécie humana.
Oscar
D’Ambrosio- jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado
em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura
pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing
da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
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