A Sociedade Brasileira de Cardiologia ressalta
que em um curto espaço de tempo, no Brasil, mais de 25% da população terá
Diabetes Mellitus tipo 2. A afirmação foi feita pelo presidente da entidade,
Oscar Dutra, no workshop “Novas Fronteiras no Tratamento do Diabetes Tipo 2”,
organizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica
(SBCBM).
“O índice de casos de diabetes tipo 2 está
aumentando e, como consequência disso, o número de morbidade e mortalidade por
doenças cardiovasculares está subindo. Isso porque a doença é um fator de risco
desencadeador de eventos cardíacos como acidente vascular cerebral (AVC),
infarto do miocárdio e amputações decorrentes das alterações de glicose no
sangue”, explicou Dutra.
De acordo com os dados apresentados, o diabetes
tipo 2 dobra o risco dos eventos cardiovasculares e reduz, em média, 6 anos de
vida dos pacientes com 50 anos. Mas o alerta se faz também às crianças. Há 10
anos, 33,5% das crianças no Brasil sofriam com obesidade ou sobrepeso, um dos
principais fatores desencadeadores da doença. “Assustadoramente, alguns dados
que temos são da década passada. Mas, podemos afirmar que logo vamos ter uma
epidemia de diabetes no país extremamente preocupante”, ressaltou o presidente
da entidade.
De acordo com o Atlas do Diabetes, o Brasil é o
quinto país com maior incidência de casos em adultos, ficando atrás da China,
Estados Unidos, Alemanha e Índia. Esses países somados com os casos de diabetes
da Rússia, México, Egito, Indonésia e Paquistão concentram 60% dos casos
mundiais da doença e utilizam 69% dos gastos globais em saúde com diabetes.
Custos – Dutra
ressalta ainda que o custo com o tratamento do diabetes também cresce em níveis
alarmantes. Em 2006, foram gastos 232 bilhões de dólares com o tratamento de
diabéticos. Em 2017, esse número foi quase quatro vezes maior, subindo para 727
bilhões de dólares, segundo o Atlas do Diabetes e a projeção é que esse número
continue crescendo.
O Brasil está entre os países que registrarão o
maior crescimento dos casos de diabetes tipo 2. Para se ter uma ideia, hoje nas
Américas Central e Latina, são 26 milhões de diabéticos diagnosticados. Em
2045, esse número deve ser 65% maior, com 42 milhões de pessoas com essa
doença, que tem o sobrepeso e a obesidade como fatores de risco.
“Isso traz um ônus muito grande para o erário
público porque o atendimento básico dessa população se faz às custas do Sistema
Único de Saúde (SUS). Eu rotulo com preocupação e alerto os órgãos públicos para
que se busque maneiras de coibir o crescimento desse problema da obesidade e
consequentemente de diabetes”, diz Dutra.
A progressão do diabetes se dá por
suscetibilidade genética, fatores ambientais (nutrição, obesidade e
inatividade), queda de triglicerídeos, aterosclerose e hipertensão. E o
diabetes pode levar a complicações em muitas partes do corpo, como AVC,
cegueira e falência renal.
Durante o encontro, foram apresentados diferentes
resultados no tratamento do diabetes. Os resultados obtidos com a cirurgia
bariátrica, para pessoas com Índice de Massa Corporal (IMC) entre 35 Kg/m2 e
39,9 Kg/m2 e a metabólica, realizada há 10 anos, para pacientes com IMC entre
30 Kg/m2 e 35 Kg/m2 tem apresentado bons resultados para combater a obesidade e
o avanço do diabetes tipo 2.
“A multidisciplinaridade das novas tecnologias
para o tratamento do diabetes tipo 2 podem contribuir para conter o avanço da
doença. Durante as palestras do workshop promovido pela SBCBM vimos uma gama
muito importante de novas drogas para tratar a doença que se agregam a
tratamentos cirúrgicos no intuito de coibir essas alterações”, concluiu o
presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
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