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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Na teoria dos valores ou axiológica, o homem não é o ser, mas o dever ser


O filósofo Miguel Reale bem enunciou: "Esta concepção se baseia no pressuposto transcendental de que "o ser do homem é seu dever ser", o que assinala sua historicidade radical, pois somente se pode estabelecer o real valor de um homem à luz da totalidade de sentido de sua existência, isto é, quando já chegou a seu termo o processo de objetivação, ou, mais precisamente, objetivação de suas intencionalidades”.

Só se completa o homem quando cuida de ser ético. O dever ser é imposição sobre a ética e a vida social. Podemos, eventualmente, querer ser, mas somos freados pela necessidade e os direitos do outro, razão pela qual devemos ser diferentes.

Os responsáveis da Vale pela tragédia de Brumadinho não agiram como deviam. O Prefeito Crivella não investiu tudo o que deveria e poderia na prevenção dos efeitos de uma chuva torrencial. Preferiu ser ao dever ser.

Por fim, os dirigentes do Flamengo, que sustentaram ter saneado as finanças do clube. Por que, então, deixar os meninos da base dormir num puxadinho e ser mortos ou feridos, vil e torpemente, por um incêndio escabroso?

Todos devem responder à Justiça, porquanto o direito é o dever ser. Do contrário, a vida em sociedade é uma selva, como a infeliz realidade brasileira dos últimos dias demonstrou.

Nada a fazer. Só resta punir exemplarmente. Mal iniciamos o ano e já podemos chamá-lo de "Annus horribilis".





                                        
Amadeu Garrido de Paula - Advogado, sócio do Escritório Garrido de Paula Advogados.



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