O filósofo
Miguel Reale bem enunciou: "Esta concepção se baseia no pressuposto
transcendental de que "o ser do homem é seu dever ser", o que assinala
sua historicidade radical, pois somente se pode estabelecer o real valor de um
homem à luz da totalidade de sentido de sua existência, isto é, quando já
chegou a seu termo o processo de objetivação, ou, mais precisamente,
objetivação de suas intencionalidades”.
Só se
completa o homem quando cuida de ser ético. O dever ser é imposição sobre a
ética e a vida social. Podemos, eventualmente, querer ser, mas somos freados
pela necessidade e os direitos do outro, razão pela qual devemos ser
diferentes.
Os
responsáveis da Vale pela tragédia de Brumadinho não agiram como deviam. O
Prefeito Crivella não investiu tudo o que deveria e poderia na prevenção dos
efeitos de uma chuva torrencial. Preferiu ser ao dever ser.
Por fim,
os dirigentes do Flamengo, que sustentaram ter saneado as finanças do clube.
Por que, então, deixar os meninos da base dormir num puxadinho e ser mortos ou
feridos, vil e torpemente, por um incêndio escabroso?
Todos
devem responder à Justiça, porquanto o direito é o dever ser. Do contrário, a
vida em sociedade é uma selva, como a infeliz realidade brasileira dos últimos
dias demonstrou.
Nada a
fazer. Só resta punir exemplarmente. Mal iniciamos o ano e já podemos chamá-lo
de "Annus horribilis".
Amadeu
Garrido de Paula - Advogado, sócio do Escritório
Garrido de Paula Advogados.
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