Já
pensou na fotografia além do "momento decisivo"? Não, isso não quer
dizer que descarto todos os ensinamentos clássicos do Cartier-Bresson e suas
imagens incrivelmente lindas, pelo contrário, valorizo muito a possibilidade de
capturar cenas da forma complexa que ele conseguia, esperando a hora certa de
clicar. Mas podemos pensar nas imagens além de um registro da realidade,
imprimindo de forma mais acentuada a nossa expressão pessoal.
A
foto contemporânea nos mostra infinitas possibilidades de explorar nossa
imaginação, e muito mais do que ser um expert em softwares de tratamento de
imagem (isso é de extrema relevância), precisamos definir conceitos e trazer um
pensamento mais subjetivo sobre o tema a ser registrado.
Vou
exemplificar, se você deseja fotografar um tema abstrato, como a alegria, você
vai buscar elementos para representar esse sentimento: uma pessoa feliz, um
ambiente colorido... Precisamos usar algo palpável para passar nossas ideias,
mas podemos dar o sentido que quisermos a essa matéria. Afinal, a fotografia é
um recorte da realidade, não é a verdade absoluta do que foi capturado, temos a
capacidade de direcionar o olhar, compor, enquadrar e clicar, deixando de fora
o que não queremos mostrar, e ainda criar o clima perfeito com a finalização na
pós-produção.
Podemos
visualizar essa forma de expressão nas imagens da fotógrafa americana Brooke
Shaden (foto que ilustra a matéria), que cria cenas imaginadas, com referências
na pintura e movimentos da arte como surrealismo. A artista usa a produção de
forma equilibrada, escolhe atenta as locações e objetos de cena para compor
imagens únicas, cheias de significados, belas e instigantes. Vale um Google no
nome dela!
Temos
inúmeras imagens à nossa disposição e ao nos dedicarmos a mostrar nosso
ponto de vista sobre as coisas, ainda poderemos nos destacar. A fotografia
também se modifica com o tempo, como as pessoas, como o mundo, e quem consome
fotografia também quer se surpreender. Temos um leque de possibilidades,
podemos e devemos explorar as ferramentas disponíveis de forma criativa e com
bom senso, direcionada para a área que permite esse mergulho. Mas ainda tão
importante quanto na época de sua criação, precisamos pensar nas imagens que
produzimos, provocar sensações, e criar com consciência e paixão.
E
você, já criou arte através da sua foto?
Charly
Techio - supervisora do curso de Fotografia do Centro Europeu (www.centroeuropeu.com.br), um dos
mais tradicionais do país, e atua como fotógrafa e artista visual
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