Os pacientes com câncer de rim metastático que
dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) começam o ano de 2019 com uma vitória.
No Diário Oficial da União do dia 28 de dezembro, foi publicada a portaria
número 91 que aprova a incorporação de dois medicamentos que serão oferecidos a
estes pacientes e que podem dobrar a sobrevida de quem enfrenta a doença. “Foi
com muita luta que conseguimos a oferta destes remédios aos pacientes. Estive a
frente do estudo encomendado pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica
sobre a associação de novas medicações no tratamento de câncer renal
metastático e o apresentamos na reunião do Comitê Nacional de Incorporação de
Tecnologia de Saúde (Conitec), no mês de agosto de 2018. Desta forma, o
Ministério da Saúde pôde avaliar e corroborou o uso dos remédios como forma de
melhorar o atendimento oncológico aos pacientes”, conta o oncologista de
Campinas-SP, André Deeke Sasse, que é professor de pós-graduação na Faculdade
de Medicina da Unicamp, preceptor dos residentes de Oncologia Clínica do
Hospital PUC-Campinas, membro titular da Sociedade Brasileira de Oncologia
Clínica (SBOC), e fundador do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e Hematologia. O
prazo máximo para início do uso dos medicamentos é de 180 dias.
Os dois medicamentos que passam a ser utilizados
são Pazopanibe e Sunitinibe. “Até agora, na saúde
pública brasileira, o uso de Interferon ainda se mantinha como
tratamento padrão, o que possibilitava uma expectativa de vida média em torno
de um ano. Porém, os pacientes da rede privada já usavam o Pazopanibe
e Sunitinibe,
tendo a expectativa dobrada, chegando a mais de dois anos”, acrescenta Dr.
Sasse.
Os portadores de câncer de rim metastático, doença
que acomete uma em cada dez mil pessoas no mundo, têm prognósticos que vem
melhorando significativamente na “era” da terapia direcionada. “As chamadas
terapias-alvo, as quais estes dois medicamentos estão incluídos, mudaram muito
o destino de pacientes com a doença, que podem ter mais qualidade e expectativa
de vida; por isso, o acesso a elas é necessário e, no Brasil, isso costuma
demorar. De qualquer forma, a aprovação realizada agora é motivo de
comemoração”, aponta.
O estudo
O estudo realizado pelo médico de forma inovadora
apresentou uma avaliação clínica e econômica de tecnologias e foi definida como
prioritária pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, com a intenção de
viabilizar a inclusão dessas medicações o Sistema Único de Saúde (SUS). “Feita
uma análise econômica, os preços foram negociados com a indústria farmacêutica
e chegou-se aos valores que deixam os medicamentos dentro de um limite razoável
de custo-efetividade (o quanto se gasta para um ano a mais de vida). Além
disso, uma análise de impacto orçamentário foi também executada”, informa. De
acordo com Sasse, é importante focar esforços para melhorar a saúde pública do
Brasil de forma geral e principalmente no que se refere aos pacientes com
câncer. Segundo ele, ainda há muitas outras prioridades não atendidas, doenças
em que os tratamentos não são disponibilizados pelo SUS e que precisam se
tornar viáveis. “São tratamentos essenciais para que o paciente possa ter a
chance de mais tempo de vida”, completa.
André
Deeke Sasse - oncologista, professor de pós-graduação na
FCM-Unicamp, membro titular da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica
(SBOC), da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e da Sociedade
Europeia de Oncologia (ESMO). Fundador do Grupo SOnHe – Sasse Oncologia e
Hematologia e atua na coordenação da oncologia do Hospital Vera Cruz, do
Instituto do Radium e do Hospital Santa Tereza. Desde abril de 2018, André
assumiu a coordenação médica e preceptoria dos residentes de Oncologia Clínica
do Hospital PUC-Campinas.
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